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Igreja
de Pedra Senhor Bom Jesus do Matozinhos do distrito Barra
do Guaicuí /MG.
NOTAS
DOS
COORDENADORES DA EDIÇÃO
A ordem de publicação dos trabalhos dos associados
efetivos obedeceu à sequência alfabética
dos nomes dos autores. Em seguida, foram ordenados os trabalhos
dos associados correspondentes e convidados;
A Revista não se responsabiliza por conceitos e declarações
expedidos em artigos publicados, nem por eventuais equívocos
de linguagem nela contidos. A revisão dos originais
foi feita pelos próprios autores dos artigos publicados.
FINS
DO IHGMC
Art. 2º - O IHGMC tem como finalidade pesquisar, interpretar
e divulgar fatos históricos, geográficos,
etnográficos, arqueológicos, genealógicos
e suas ciências e técnicas auxiliares, assim
como fomentar a cultura, a defesa e a conservação
do patrimônio histórico, artístico,
cultural e ambiental do município de Montes Claros
e região Norte de Minas.
PEDE-SE
PERMUTA
PIDESE CANJE
WE ASK FOR EXCHENGE
ON DÉMANDE D’ÉCHANGE
Instituto Histórico e Geográfico de Montes
Claros
Rua Coronel Celestino, 140 – Corredor Cultural padre
Dudu
Montes Claros – Minas Gerais – 39400-014

REVISTA
DO
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MINAS
GERAIS
(FUNDADO EM 27/12/2006)
Ano
17 Redator-Chefe
Dário Teixeira Cotrim |
Volume
XXXI
Montes Claros
2023 |
(2006-2023)
Presidente do IHGMC
José Francisco Lima de Ornelas |
Diretor
e Editor
Dário Teixeira Cotrim
Conselho Editorial
Dário Teixeira Cotrim
Wanderlino Arruda
Hermildo Rodrigues
Mara Yanmar Naciso Cruz
Registro fotográfico
Silvana Mameluque Mota
Norivaldo Alves da Silveira
Editoração, Diagramação
e Impressão:
Gráfica Editora Millennium Ltda.
Fotografias: Antônio Felix da Silva, Carlúcio
Gomes Ferreira, Dário Teixeira Cotrim, Silvana Mameluque,
Hermildo Rodrigues, José Ferreira da Silva, Aldo
Mineiro de Souza, Mara Yanmar Narciso da Cruz, Ricardo Fernandes
Lopes, Wanderlino Arruda, Landulfo Santana Prado Filho e
Internet.
Impressão
Gráfica Editora Millennium Ltda.
ISBN: 978-65-86024-98-2

Capa: Igreja de Pedra Senhor Bom Jesus
do Matozinhos do distrito Barra do Guaicuí /MG.
SUMÁRIO
Antônio Felix da Silva
Uma reunião diferente – 21
Carlúcio Gomes Ferreira
Dr. Pedro Santos – 24
Dário Teixeira Cotrim
Zé Lú: O forrozeiro – 42
Daniel Oliva Tupinambá Lélis
Tutti Buona Gente – 45
David Ferreira dos Santos
Montes Claros: a outra face - 51
Glorinha Mameluque
Isabel Corby – Uma tarde de cultura – 55
Guilherme Martins Silva Peixoto
Darcy Ribeiro: um mineiro de Montes Claros para o mundo
-57
Gustavo Mameluque
A garganta das Minas – 65
Hermildo Rodrigues
Todos caminhos levam a Roma – 68
José Jarbas Oliveira Silva
Fazenda da Solidariedade São Franciso de Assis -
71
José dos Santos Neto
Uma tragédia, mais uma, mais uma... - 80
José Ferreira da Silva
Dona Maria de Jesus - 85
José Geraldo Souza Soares
O que tenho para dizer! - 87
José Ponciano Neto
Dia Mundial do meio ambiente e da ecologia - 91
Landulfo Santana Prado Filho
Morros Dois Irmãos de Montes Claros - 95
Lázaro Francisco Sena
Dobrado para um herói - 101
Mara Yanmar Narciso da Cruz
Santa Casa de antigamente - 104
Maria Inês Silveira Carlos
Ana Valda Xavier Vasconcelos - 109
Osmar Pereira Oliva
João Alencar Athayde - 112
Ricardo Fernandes Lopes
A arte rupestre... - 115
Wallison Oliveira Santos
Resenha de “O Povo Brasileiro: formação
e o sentido do Brasil” de Darcy Ribeiro - 127
Wanderlino Arruda
Manoel Messias Oliveira - 135
ASSOCIADO CORRESPONDENTE
Manoel Hygino dos Santos
O dia 6 de fevereiro de 1930 - 137
CONVIDADOS
Luís Carlos Bill
Urbino Vianna: O primeiro paramirinhense a escrever e publicar
um livro - 142
Vera Lúcia Santos de Souza
Avelino Pereira - 147
DIRETORIA
DO INSTITUTO HISTÓRICO E
GEOGRÁFICO DE MONTES CLAROS
Fundado em 27 de dezembro de 2006.
COMISSÃO FUNDADORA 2006-2007
Dr. Dário Teixeira Cotrim
Dr. Haroldo Lívio de Oliveira
Dr. Wanderlino Arruda
DIRETORIA
2022 - 2023 |
Presidente
de Honra
Presidente
1º vice-presidente
2º vice-presidente
1º Diretor Secretário
2º Diretora Secretária
1º Diretor de Finanças
2º Diretor de Finanças
Diretora de Protocolo
Diretora de Comunicação Social
Diretor de Arquivo, Biblioteca e Museu |
Presidente
de Honra
Presidente
1º vice-presidente
2º vice-presidente
1º Diretor Secretário
2º Diretora Secretária
1º Diretor de Finanças
2º Diretor de Finanças
Diretora de Protocolo
Diretora de Comunicação Social
Diretor de Arquivo, Biblioteca e Museu |
CONSELHO
CONSULTIVO |
Membros
Efetivos
Maria de Lourdes Chaves
Teófilo Azevedo Filho
Virgínia Abreu de Paula |
Membros
Suplentes
Juvenal Caldeira Durães
Gessileia Soares Cangussu
Dorislene Alves Araújo |
CONSELHO
FISCAL |
Membros
Efetivos
Carlos Renier Azevedo
André Luiz Lopes Oliveira
Eduardo Gomes Pires |
Membros
Suplentes
Maria do Carmo Veloso Durães
Maria da Glória Caxito Mameluque
João Nunes Figueiredo |
COMISSÃO
DE GEOGRAFIA E ECOLOGIA
Hermildo Rodrigues
José Ponciano Neto
Abigail Maria Ataíde Marques Dias
Antônio Félix da Silva
Ildeu Soares Caldeira Júnior
Carlos William Pereira dos Santos
COMISSÃO
DE HISTÓRIA E ARQUEOLOGIA
Eduardo Gomes Pires
José Dirceu Veloso Nogueira
César Henrique Queiroz Porto
Paulo Hermano Soares Ribeiro
Leonardo Alvarez Rodrigues
Ana Paula Maria Costa Durães
COMISSÃO DE ANTROPOLOGIA,
ETNOGRAFIA E SOCIOLOGIA
Carlota Eugênia Narciso Soares
Lúcio Roosevelt Guimarães Maldonado
Orozimbo Veloso Prates
Frederico Assis Martins
Eliane Maria Fernandes Ribeiro
Ricardo Fernandes Lopes
COMISSÃO DE CLASSIFICAÇÃO E
DE
ADMISSÃO DE SÓCIOS
Dário Teixeira Cotrim
Leonardo Linhares Drumond Machado
Juvenal Caldeira Durães
Zoraide Guerra David
Landulfo Santana Prado Filho
COMISSÃO DE DOCUMENTAÇÃO E
PUBLICAÇÃO
Marilúcia Rodrigues Maia
Norivaldo Alves da Silveira
Ivana Ferrante Rebello e Almeida
Daniel Tupinambá Lélis
Maria Clara Vieira Lage
COMISSÃO DE GEOGRAFIA E ECOLOGIA
Hermildo Rodrigues
José Ponciano Neto
Abigail Maria Ataíde Marques Dias
Antônio Félix da Silva
Ildeu Soares Caldeira Júnior
Carlos William Pereira dos Santos
COMISSÃO DE VISITA E APOIO
João de Jesus Malveira
Edvaldo Aguiar Fróes
José Ferreira da Silva - Coordenador
Norivaldo Alves da Silveira
Sebastião Abiceu dos Santos Soares
COMISSÃO DE PROMOÇÕES E EVENTOS
Osmar Pereira Oliva
Marcionílio Martins Rocha Filho
Teófilo de Azevedo Filho (Téo Azevedo)
Maria de Lourdes Chaves (Lola Chaves)
Augusta Clarice Guimarães Teixeira (Clarice Sarmento)
Mara Yanmar Narciso da Cruz
COMISSÃO DA LITERATURA DE CORDEL
Carlos Renier Azevedo (coordenador)
Teófilo Azevedo Filho
João Nunes Figueiredo
Amelina Chaves
Sebastião Abiceu dos Santos Soares
Guilherme Matias Silva Peixoto
ESTAGIÁRIA
Samara Abreu Silva
ASSOCIADOS
EFETIVOS |
CD
|
ASSOCIADOS
EFETIVOS |
PATRONOS |
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
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18
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29
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31
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33
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35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
100 |
Edvaldo
de Aguiar Fróes
Leonardo Alvarez Rodrigues
Waldomiro Alves Santos
Maria do Carmo Veloso Durães
Dorislene Alves Araújo
Marcos Fábio Martins Oliveira
Syomara Tereza Dias Rocha
Gessiane Aparecida Medeiros Mota
Daniel Gonçalves Rocha
Maria Florinda Ramos Pina
Sebastião Abiceu dos Santos Soares
Antônio Augusto Pereira Moura
Cesar Henrique Queiroz Porto
Norivaldo Alves da Silveira
Magda Ferreira de Souza
Gilsa Florisbela Alcântara
Carlos William Pereira dos Santos
Frederico Assis Martins
Paulo Hermano Soares Ribeiro
Felicidade Maria do Patrocínio Oliveira
Terezinha Gomes Pires
Silvana Mameluque Mota
Landulfo Santana Prado Filho
José Ponciano Neto
Isabela de Andrade P. Miranda
Orozimbo Veloso Prates
Eduardo Oliveira Ferreira
Guilherme Matias Silva Peixoto
Carlúcio Pereira dos Santos
Jonice dos Reis Procópio
Augusta Clarice Guimarães Teixeira
Carlota Eugênia Narciso Soares
Wanderlino Arruda
Andrea Cristina Gomes Milo Simões
Hermildo Rodrigues
Roberto Wilton Garcia
Evaldo Jener de Fátima
Maria Inês Silveira
José dos Santos Neto
Maria da Glória Caxito Mameluque
Reinine Simões de Souza
José Geraldo Soares de Souza
Leonardo Linhares Drumond Machado
Roberto Carlos M. Santiago
Gustavo Mameluque
Eliane Maria F.ernandes Ribeiro
Abigail Maria Ataíde Marques Dias
Virgínia Abreu de Paula
José Ferreira da Silva
Antônio Félix da Silva
Osmar Pereira Oliva
Maria de Lourdes Chaves
David Ferreira dos Santos
José Dirceu Veloso Nogueira
Lázaro Francisco Sena
Ivana Ferrante Rebello e Almeida
Marilúcia Rodrigues Maia
Maria Ângela Figueiredo Braga
Márcio Adriano Silva Moraes
Joaquim Fernandes Pena Soares
Ildeu Soares Caldeira Júnior
José Jarbas Oliveira Silva
Carlos Renier Azevedo
Ana Paula Maria Costa Durães
Laurindo Mekie Pereira
Fabiano Lopes de Paula
Marcionílio Martins Rocha Filho
Benjamim Ribeiro Sobrinho
Lúcio Roosevelt Guimarães Maldonado
José Roberval Pereira
Manoel Pereira Fernandes Neto
Larissa Paixão Durães
Terezinha de Souza Campos Neves
Filomena Alencar Monteiro Prates
Eduardo Gomes Pires Manoel
Aparecido Pereira Cardoso
Maria Denize de Oliveira Barros
Gilberto Aparecido Soares Medeiros
Antônio Pereira Santana
Isau Rodrigues Oliveira
Juvenal Caldeira Durães
José Afonso Gomes Cordeiro
Daniel Oliva Tupinambá de Lélis
Ricardo Fernandes Lopes
André Luís Lopes Oliveira
Zoraide Guerra David
Elzita Ladeia Teixeira
João de Jesus Malveira
José Francisco Lima de Ornelas
Teófilo Azevedo Filho
Wesley Soares Caldeira
Jaime Kenji Takei
Dário Teixeira Cotrim
Gessileia Soares Cangussu
Carlúcio Gomes Ferreira
Walisson Oliveira Santos
Oneide Ribeiro de Queiroz Torres
Mara Yanmar Narciso da Cruz
João Nunes Figueiredo
Maria Clara Lage Vieira |
Alpheu
Gonçalves de Quadros
Alfredo de Souza Coutinho
Antônio Augusto Teixeira
Antônio Augusto Veloso
Antônio Ferreira de Oliveira
Antônio Gonçalves Chaves
Antônio Gonçalves Figueira
Antônio Jorge
Antônio Lafetá Rebelo
Antônio Loureiro Ramos
Ary Oliveira
Antônio Teixeira de Carvalho
Ângelo Soares Neto
Arthur Jardim Castro Gomes
Ataliba Machado
Athos Braga
Armênio Veloso
Brasiliano Braz
Caio Mário Lafetá
Camilo Prates
Cândido Canela
Carlos Gomes da Mota
Carlos José Versiani
Celestino Soares da Cruz
Corby Corbiniano R. Aquino
Cyro dos Anjos
Dalva Dias de Paula
Darcy Ribeiro
Demóstenes Rockert
Dona Tiburtina
Dulce Sarmento
Edgar Martins Pereira
Enéas Mineiro de Souza
Eva Bárbara T. de Carvalho
Ezequiel Pereira
Felicidade P. Tupinambá
Francisco Barbosa Cursino
Carlos Francisco Sá
Gentil Gonzaga
Georgino Jorge de Souza
Geraldo Athayde
Geraldo Tito da Silveira
Godofredo Guedes
Heloisa V. dos Anjos Sarmento
Henrique Oliva Brasil
Herbert de Souza - Betinho
Hermenegildo Chaves
Hermes Augusto de Paula
Irmã Beata
Jair Oliveira
João Alencar Athayde
João Chaves
João Batista de Paula
João José Alves
João Luiz de Almeida
João Luiz Machado Lafetá
João Novaes Avelins
João Souto
João Vale Maurício
Soares Jorge Tadeu Guimarães
José Alves de Macedo
José Esteves Rodrigues
José Gomes Machado
José Gomes de Oliveira
José Gonçalves de Ulhôa
José Lopes de Carvalho
José Monteiro Fonseca
José Nunes Mourão
José Rodrigues Prates Júnior
José Tomaz Oliveira
Júlio César de Melo Franco
Lazinho Pimenta
Lilia Câmara
Luiz Milton Prates
Ambrósio Alves de Oliveira
Manoel Esteves
Mário Ribeiro da Silveira
Mário Versiani Veloso
Mauro de Araújo Moreira
Miguel Braga
Nathércio França
Nelson Viana
Newton Caetano D’angelis
Newton Prates
José Coelho de Araújo
Patrício Guerra
Pedro Martins de Sant’Anna
Plínio Ribeiro dos Santos
Robson Costa
Romeu Barcelos Costa
Sebastião Sobreira Carvalho
Sebastião Tupinambá
Simeão Ribeiro Pires
Teófilo Ribeiro Filho
Terezinha Vasquez
Tobias Leal Tupinambá
Urbino Vianna
Virgilio Abreu de Paula
Waldemar Versiani dos Anjos
Wan-dick Dumon |
ASSOCIADOS
HONORÁRIOS
Alberto
Gomes Oliveira
Carlos Henrique Gonçalves Maia
Expedito Veloso Barbosa
Irany Telles de Oliveira Antunes
Itamaury Teles de Oliveira
João Carlos Rodrigues Oliveira
José Antônio Corrêa Mourão
José Catarino Rodrigues
José Emídio de Quadros
Josecé Alves dos Santos
Lorena Álvares da Silva Campos
Monalisa Álvares da Silva Campos
Noriel Cohen
Paulo Roberto Xavier da Rocha
Pedro Ribeiro Neto
Raquel Veloso de Mendonça
Valeriano Wandeick
ASSOCIADOS
EMÉRITOS
Amelina Fernandes Chaves
Maria das Dores Antunes Câmara
Maria Jacy de Oliveira Ribeiro
Milene Antonieta Coutinho Maurício
Petrônio Braz
Waldir Sena Batista
ASSOCIADOS
CORRESPONDENTES |
Adilson
Cézar
Alan José Alcântara Figueiredo
André Kohene
Antônio de Oliveira Mello
Avay Miranda
Carlos Lindemberg Spínola Castro
Célia do Nascimento Coutinho B
Clarice Maciel Souza Chaves C
Daniel Antunes Júnior E
Dêniston Fernandes Diamantino
Eustáquio Wagner G Gomes
Felicíssimo Tiago dos Santos
Fernanda de Oliveira Matos
Fernando Antônio Xavier Brandão
Helson Jorge
Honorato Ribeiro dos Santos
Ivonildo Teixeira
Jeremias Macário de Oliveira
João Martins
Jorge Ponciano
José Walter Pires
Liacélia Pires Leal
Manoel Hygino dos Santos
Maria do Carmo de Oliveira
Maria Teresa Parrela
Moisés Vieira Neto
Neide Almeida da Cruz
Paulo Roberto de Souza Lima
Pedro Oliveira
Silio Jader Noronha Brito S
Tânia Dias Freitas Santos
Terezinha Teixeira Santos
Tiago Valeriano Braga
Valdivino Marques da Silva
Virgínia de Lima Palhares
Wellington Caldeira Gomes
Yury Vieira Tupinambá de L Mendes
Zanoni Eustáquio Roque Neves
Zélia Patrocínio Oliveira Seixas
Zilda de Souza Brandão (Bim) |
Sorocaba
- SP
Macaúbas - BA
Caetité - BA
Pato de Minas - MG
Brasília - DF
Belo Horizonte - MG
Belo Horizonte - MG
Campo Grande - MS
Espinosa - MG
Januária - MG
Belo Horizonte - MG
Rio Pardo de Minas - MG
Caetité - BA
Belo Horizonte - MG
Caratinga - MG
Carinhanha - BA
Vila Velha - ES
Vitória da Conquista - BA
Guanambi - BA
Brasília - DF
Brumado - BA
Feira de Santana - BA
Belo Horizonte - MG
Porteirinha - MG
Hoogenbom D - Holanda
Várzea da Palma - MG
Feira de Santana - BA
São João Del Rei - MG
Várzea da Palma - MG
São Paulo - SP
Monte Azul - MG
Guanambi - BA
Jacaraci - BA
São João da Ponte - MG
Belo Horizonte - MG
Belo Horizonte - MG
Porto Alegre - RS
Belo Horizonte - MG
Aracajú - SE
Belo Horizonte - MG |





EPITÁFIO
PARA UM TÚMULO DE AMIGO
‘‘ A morte vem de manso, em dia incerto
e fecha os olhos dos que têm mais sono...’’
(Alphonsus de Guimaraens - ossa mea, I.)

PALAVRAS
PRELIMINARES
Já tem, pois, algumas décadas que estamos
comprometidos em promover o entretenimento entre os associados
do IHGMC, divulgando, resgatando e preservando a história
de nossa terra e de nosso povo, com o lançamento
da Revista do Instituto. O respeito e a credibilidade de
nossas publicações, têm superados as
nossas expectativas, principalmente com a participação
daqueles que bisbilhotam gavetas, arquivos e livros raros,
em busca de informações em documentos antigos.
Não foi por acaso que Leonardo Alvarez Rodrigues,
Chico Ornelas, Hermildo Rodrigues, Glorinha Mameluque, Silvana
Mameluque e outros tantos como eu, realizamos viagens ao
velho mundo, com o objetivo maior de trazer novas notícias
sobre as nossas origens familiares. Por isso, pode-se dizer
que estamos no caminho do conhecimento, quando visitamos
cidades milenares na Europa e em outras partes do mundo.
É nesse sentido que estamos finalizando a Revista
do Instituto, volume XXXI, agradecendo os associados efetivos:
Antônio Felix da Silva, Carlúcio Gomes Ferreira,
Dário Teixeira Cotrim, Daniel Oliva Tupinambá
Lélis, David Ferreira dos Santos, Glorinha Mameluque,
Guilherme Martins Silva Peixoto, Gustavo Mameluque, Hermildo
Rodrigues, José dos Santos Neto, José Ferreira
da Silva, José Jarbas de Oliveira, José Geraldo
Souza Soares, José Ponciano Neto, Landulfo Santana
Prado Filho, Lázaro Francisco Sena, Mara Yanmar Narciso
da Cruz, Maria Inês Silveira Carlos, Osmar Pereira
Oliva, Ricardo Fernandes Lopes, Walison Oliveira Santos
e Wanderlino Arruda. Do mesmo modo, os convidados Manoel
Hygino dos Santos (de Belo Horizonte), Luís Carlos
Bill (de Paramirim/Ba) e Vera Lúcia Santos de Souza,
que gentilmente ofereceram-nos os seus escritos importantes
sobre o passado de nossa história, enriquecendo com
louvor as nossas publicações semestrais.
Assim, o Instituto Histórico e Geográfico
de Montes Claros vem cumprindo todos os seus objetivos propostos
pelo seu Estatuto. Nesse sentido, é por demais gratificante,
para todos os que participaram neste projeto. O lançamento
de mais uma Revista, que é a mola mestra de nossa
caminhada para o futuro, irá acontecer no dia cinco
de janeiro do ano que vem. Por outro lado, nunca é
muito repetir que estamos esperando a colaboração
dos associados para as próximas Revistas, haja vista
que o nosso trabalho nunca tem fim, uma vez que a história
se renova dia a dia, pois ela é uma ciência,
uma arte, uma ética e mais do que isso, uma verdadeira
história de vida. Para nós, historiadores,
ela é um exame de consciência.
Nota-se que o historiador português, João Ameal,
no prefácio do seu livro: a História de Portugal,
ele nos diz que “a história nos fez; agora,
somos, nós que a fazemos”. Certamente que deveremos
refletir sobre essa oportuna afirmação do
historiador João Ameal que, acabará por nos
dar a grande história erudita do nosso tempo, coroa
de uma atividade multiforme em todos os altos domínio
da cultura. Montes Claros nunca se viu fora desse processo
de resgate histórico e, agora, com a criação
do seu Instituto Histórico e Geográfico ela
está cada vez mais presente aos acontecimentos do
passado e do presente, com visão arregalada para
ao futuro. Agora estamos numa estrada larga e brilhante,
como se nós o víssemos surgir o sol na imensa
distância e ganhar honraria nos momentos de vitórias.
Um amplexo e boa leitura!


UMA
REUNIÃO DIFERENTE

Valdivino
Marques da Silva, José Afonso Gomes Cordeiro, Andrea
Cristina Gomes Milo Simões, Walissom Oliveira Santos,
Waldomiro Alves Santos, Eduardo Oliveira Ferreira, José
Francisco Lima de Ornelas, Amelina Chaves, Syomara Tereza
Dias Rocha, Norivaldo Alves da Silveira e Dário Teixeira
Cotrim
Uma
reunião festiva do Instituto Histórico e Geográfico
de Montes Claros, aconteceu no Auditório Pequizeiro
do 10º Batalhão de Polícia Militar de
Minas Gerais, no dia 30 de junho de 2023, em uma noite típica
de inverno, apesar de estarmos em pleno outono.

Essa
reunião teve como objetivo, entregar os Diplomas
aos novos associados (Valdivino Marques da Silva, José
Afonso Gomes Cordeiro, Andrea Cristina Gomes Milo Simões,
Walissom Oliveira Santos, Waldomiro Alves Santos, Eduardo
Oliveira Ferreira, Syomara Tereza Dias Rocha, Norivaldo
Alves da Silveira) e a associada emérita (Amelina
Chaves), o lançamento da Revista número trinta
do Instituto, o lançamento do livro Obituário
do IHGMG, volume II, do escritor Dário Teixeira Cotrim
e a entrega do Informativo do Instituto do mês de
julho de 2023.
A reunião poderia ter sido como tantas outras, mas
não foi. As pessoas que compareceram ao evento estavam
descontraídas, alegres e comunicativas. O Mestre
de Cerimônia Wanderlino Arruda, parecia que atuava
pela primeira vez na vida e deu um verdadeiro show de competência
e simpatia, com informações importantes sobre
alguns associados, sempre com alegria e descontração.
A Confreira Amelina Chaves, foi a estrela da noite, recebendo
o título de associada emérita.
O Confrade Lázaro Francisco Sena, fez a apresentação
do livro “Obituário do IHGMG”, volume
II e discorreu de forma brilhante sobre o primeiro e segundo
volume do Obituário, deixando bem claro para todos
nós, que estamos de passagem nesse mundo e que os
Obituários, fazem um registro precioso das personalidades
que foram sócios do Instituto.
O Confrade Dário Teixeira Cotrim, um sócio
sempre atuante nas atividades do Instituto, apresentou a
Revista número trinta, com vinte artigos dos associados,
comprovando que essa Revista é um verdadeiro
registro histórico e cultural de nossa região.
Como me referi no início, a Reunião foi diferente
das demais, com a presença de mais de sessenta pessoas,
que se confraternizaram alegremente. Durante o coquetel
conversamos, ficamos nos conhecendo, e abraçamos
os velhos amigos presentes, deixando na maioria, a impressão
que os associados do Instituto, necessitam ter mais contato,
se conhecer melhor como pessoas, para uma convivência
cada vez mais fraterna.

DR.
PEDRO SANTOS,
MEMORÁVEL PONTENSE, CELEBRADO
PREFEITO DE MONTES CLAROS
São
João da Ponte, MG, registra na sua história
a marcante presença da família de Jorge
Santos e Dona Julieta Pereira dos Santos, seus filhos
Alcebíades de Souza Santos (Dr. Bibi), que teve
a primazia de ser o primeiro Prefeito do Município,
e Homero Santos, aviador que também prestou relevantes
serviços ao Município no seu avião
teco-teco, enquanto expressa gratidão com esta
homenagem ao célebre Dr. Pedro Santos.
O
que mais poderia um modesto filho de São João
da Ponte escrever sobre Dr. Pedro Santos? Pouco ou quase
nada teria a acrescer ao que já foi escrito e publicado
em jornais, artigos, monografias, revistas e livros, entre
os quais Jornal Gazeta do Norte, Jornal Mineiro em Revista,
Montes Claros 160 Anos, Liberdade o outro nome de Minas,
Montes Claros no Túnel do Tempo. Sua história,
sua gente, volumes 2,3,4 e 5 em que Valeriano WanDEICK descortina
para essa e gerações futuras a magnifica história
de uma terra, sua história e sua gente, nesse contexto
está inserido o ilustre e querido pontense Pedro
Santos.
Igualmente,
menções em Prefeitos Notáveis, Coletânea
biográfica de ex-prefeitos de Montes Claros. Dr.
Pedro Santos também por Walleriano WanDEICK, Crônicas,
Contos, Causos e um Poema, José Luiz Rodrigues e
Convidados, sobre essa expressiva personalidade, que em
muito orgulha a nossa terra e aos seus filhos por sabê-lo
conterrâneo que muito estimava São João
da Ponte, fazia inseri-la no seu invejável currículo
e em nenhuma circunstância negava a sua naturalidade,
fato de primeira menção em todas as publicações
sobre ele.
Em todas estas publicações as suas qualidades
pessoais, exercício da medicina, trajetória
política são enaltecidas pela sua personalidade
de muita humildade, maior atenção às
camadas populares, estar sempre ao lado do povo, por isso
sempre lembrado como o Prefeito do povo.
Por outro lado suas administrações foram marcadas
por obras, que contribuíram para o progresso e desenvolvimento
de Montes Claros, de passagem algumas destacadas pelo Jornalista,
Escritor, Historiador e Editor do Jornal Mineiro em Revista:
Primeiros sinais regulares de televisão, Implantação
do Distrito Industrial de Montes Claros, O Colégio
Agrícola Antônio Versiani Ataíde, Dulce
Sarmento, Colégio Polivalente, cessão de terreno
.para a construção da Unimontes; instalada
a sede do atual 10º BPM, obras do Aeroporto de Montes
Claros, iniciado o serviço de transporte coletivo
urbano da cidade, através do apo do Deputado Luiz
de Paula Ferreira, foi inaugurada na cidade uma unidade
do Exército Brasileiro “Batalhão Dionizio
Cerqueira”, inaugurado o Ginásio Darcy Ribeiro,
na Praça de Esportes de Montes Claros, no início
de 1.971.
Ao seu crédito administrativo também figura
o Corpo de Bombeiros, respeitabilíssima corporação
militar, que prima por sublimes missões e principalmente
salvar vidas, bem ao espírito humano do médico
e político.
Esse carismático político e impar figura humana
tem a sua naturalidade registrada nesta terra, filho de
Jorge Santos e dona Julieta Pereira
dos Santos, seu pai conforme Nelson Viana em Efemérides
de Montes Claros, nasceu em 4 de agosto de 1.880, foi fazendeiro
e comerciante em Montes Claros, faleceu em 15 de junho de
1.935, conquanto notoriamente sabido, de sua presença
aqui nesta terra como fazendeiro, antes de se transferir
para Montes Claros.
Pedro Santos cresceu e viveu com simplicidade em contraponto
aos lugares, ambientes e as várias conquistas, que
envaideceriam a muitos, tornou-se atleta, formou-se em medicina,
no ano de 1.938, profissão que exerceu com humildade
e simplicidade, sempre dispensando atenção
aos menos favorecidos, com a qual ganhou reconhecimento
pelos feitos prestados à cidade de Montes Claros
e região e também o inseriu no contexto político
montes-clarense.
Na política elegeu-se Vereador no ano de 1.947, sendo
reeleito em 1.950, no ano de 1.958 se elege Vice-Prefeito
de Simeão Ribeiro Pires, teve mais votos que o candidato
a Prefeito, fato inédito porque votava-se separado
em Prefeito e Vice, chegou ao apogeu elegendo- -se Prefeito
Municipal de Montes Claros, a maior cidade do Norte de Minas
e uma das maiores do Brasil, por dois mandatos, (1963/66
e 1.971/72).
Em 1.974 candidatou-se a Deputado Federal, embora não
tenha sido eleito, como suplente representou o Município
de São João da Ponte como majoritário,
ao vencer aqui outro ícone da política nacional
Deputado Francelino Pereira.
ELEIÇÕES DE 1974 EM SÃO JOÃO
DA PONTE
São João da Ponte se preparava para as eleições
de 15 de novembro de 1.974 quando seriam votados Senadores,
Deputados Federais e Estaduais, o grupo situacionista liderado
Prefeito Anízio Ferreira Queiroz e pelo Ex-Prefeito
Denizar Veloso Santos manteriam apoio aos candidato Francelino
Pereira como Federal e Artur Fagundes como Estadual, entretanto,
no cenário desponta o jovem Antônio
Dias e os acenos e tratativas são céleres,
Anízio Queiroz deseja apoiar Antônio Dias e
Francelino Pereira, Denizar Veloso reage e não abre
mão da candidatura de Dr. Artur Fagundes, cria-se
o impasse e ocorre o cisma que vai mudar os rumos da política
pontense futuramente.
Naquele ano Dr. Pedro Santos se lança como candidato
a Deputado Federal e de início tinha o apoio de Dona
Alice Campos aqui na cidade, contexto em que Denizar Veloso
Santos, sua mãe dona Lulú Veloso e seus aliados
de primeira hora iniciam conversas com o médico candidato
e consolidam apoio a ele, formando-se assim a dobradinho
Artur Fagundes e Pedro Santos x Dias e Francelino.
Abertas as urnas o resultado em São João da
Ponte é amplamente favorável aos candidatos
Artur Fagundes e Dr. Pedro Santos, porém, no geral
Francelino Pereira é eleito com 65.754 votos e Pedro
Santos fica na suplência com 26.568, Antônio
Soares Dias obteve 31.334, enquanto Artur Fagundes de Oliveira
obteve 30.347 votos, em 9º e 10 lugares respectivamente
são eleitos entre os 37 deputados à Assembleia
Legislativa de Minas Gerais naquele pleito. (Dados coletados
dos dados estatísticos 11 volumes das eleições
Federais e Estaduais realizadas no Brasil em 1.974 –
Biblioteca Digital da Câmara Federal).
Diante desse resultado e pelos critérios políticos
adotados Dr. Pedro Santos mesmo suplente é majoritário
no Município, todos os assuntos e decisões
no âmbito federal relativas à São João
da Ponte passariam pelo seu crivo e aprovação.
Contexto dos mais interessantes, em que houveram acirradas
disputas políticas, as demandas locais eram levadas
pelos dois lados aos seus representantes, inclusive para
transferência do Sargento que comandava a Policia
Militar no município.
Mas, não tão somente estes aspectos sobressaem
na sua vida, além disso e o que que se escuta, está
estreitamente entrelaçado na grande figura humana
de tantos feitos e bondades, no seu jeito humilde
de tratar e se relacionar com as pessoas, na sua marcante
personalidade franciscana, tornando-o inesquecível
e sempre lembrado em fatos, feitos e histórias, casos
verdadeiros registrados em fotos e escritos.
Outros causos repercutidos na oralidade popular, de muita
criatividade, mas verossímeis, que passam de geração
para geração, em contínua preservação
da sua memória, história e cultura regional.
Então daqui da sua terra teríamos a reportar
algumas das muitas lembranças, ditas por pessoas
do nosso tempo que tiveram a oportunidade de conhecê-lo,
travar relações, privar da sua atenção
e atendimento onde quer que o encontrassem, na rua, no seu
consultório, no Gabinete da Prefeitura Municipal
de Montes Claros.
Assim encontramos por aqui relatos interessantíssimos
de um povo simples, que ele gostava, que registramos como
retribuição e homenagem a ele e à sua
família em especial ao seu filho Jorge Antônio
dos Santos (Toni Santos) que muito gentilmente nos recebeu
em residência para colhermos outros detalhes que nos
faltavam.
Impressionante as semelhanças ente pai e filho, ali
na companhia do pontense Dr. José Jarbas Pimenta
a conversa versou sobre ele, Dr. Pedro Santos, em nuances
de boas e saudosas lembranças, não faltaram
um causo ou uma faceta a causar bons risos. Desse modo,
assim reportamos nosso périplo:
Jarbas Pimenta
José Jarbas Pimenta cidadão pontense de privilegiadíssima
inteligência, logo cedo mudou-se para Montes Claros
para continuidade dos estudos onde graduou-se em Direito,
servidor público aposentado como Auditor Fiscal da
Receita Federal, sempre exercitou seus direitos políticos
ativos e passivos, vertente sobre o qual versa seu relato
de uma passagem com Dr. Pedro Santos.
Candidato a Vereador pelo PMB de Montes Claros, do qual
também era presidente, que no ano de 1.988 lançou
30 candidatos a
Vereadores, enquanto Mario Ribeiro, Jairo Athayde, Pedro
Santos, Luís Chaves e Marina Queiroz disputavam a
cadeira de Chefe do Executivo como candidatos a Prefeito.
O PMB, não lançou candidatura própria
e optou em apoiar Jairo Athayde, situação
que obrigou o pontense Jarbas Pimenta a seguir a diretriz
partidária, quando sua vontade seria apoiar Mário
Ribeiro, pai de Ucho Ribeiro, colega de Receita Federal,
seu fraterno e admirado amigo, mas política tem dessas
particularidades.
Nas suas andanças político eleitorais pelas
ruas de Montes Claros José Jarbas passa por uma senhora
que estava adoentada e lhe pede ajuda para uma consulta,
ele lembrou que estava perto do consultório de Dr.
Pedro Santos na Rua Gabriel Passos, mas ele apoiava Jairo,
mesmo assim levou a senhora ao consultório explicou
ao Dr. Pedro, ali detalhadamente a situação
ao médico e candidato Pedro Santos, que lhes atendeu
prontamente.
Terminada a consulta, Doutor Pedro Santos, falou para a
senhora, que votasse em José Jarbas para vereador
e em Jairo Athayde para prefeito em atenção
a ele, que a levou até o seu consultório.
Geraldinha do Duzinho
Sra. Geralda Cordeiro da Silva, conhecida Geraldinha do
Duzinho, mãe de 11 filhos, três dezenas de
netos e bisnetos, pessoa simples, humilde, de pouco estudos,
mas muito corajosa e possuidora de alguns dons para as artes,
tem no bordado que faz com perfeição uma fonte
complementar de renda, muito religiosa é uma benzedeira
muito requisitada. Ela passou por muitas dificuldades na
vida, mas encontrou amparo em Dr. Pedro Santos, a quem hoje
expressa toda a sua gratidão:
Conheceu Dr. Pedro Santos e sua família na cidade
de Montes Claros, relembra com satisfação
o caminho político do médico Pedro Santos,
segundo ela Dr. Simeão Ribeiro, foi aconselhado pelos
aliados a colocá-lo para seu vice-prefeito, que assim
ganharia a eleição,dito
e feito são eleitos, fatos que tem nítidas
lembranças até do entusiasmo e vibração
dos eleitores naquelas eleições, em que ele
se candidatou e saiu-se vitorioso.
Geraldinha destaca que Dr. Pedro era muito bom para os pobres,
assim, quando em São João da Ponte, com filhos
pequenos, necessitando de um lugar para morar, procurou
por ele para alugar uma pequena casinha que ele tinha em
um terreno na área urbana da cidade, ele prontamente,
não só arranjou a casa, como disse-lhe que
não precisaria pagar aluguel, neste local ela vive
até hoje com sua família.
Estabeleceu-se uma estreita relação entre
eles, Dr. Pedro sempre vinha na sua humilde casa, trazia
uma feira de um tudo, desde o café, até goma,
pois gostava muito do biscoito de panela, naquela sua santa
simplicidade ali ele comia e compartilhava bons momentos
com ela e sua família, nunca deixou faltar-lhes remédios
para ela e para os seus filhos.
Certo é que no falecimento de Dr. Pedro, alguns do
povo disseram-lhe, agora que seu pai morreu como é
que vai fazer? Alusão ao terreno em que moravam prometido
por ele, mas ainda não documentado. Ela respondia-lhe,
Dr. Pedro era mais que um pai!
Não houve nenhum problema, o que ele doou em vida,
foi cumprido pela família através do filho
Toni Santos. Por tudo isso tem dr. Pedro nas suas lembranças
e gratidão que propaga todos, o mantém em
suas preces e orações extensivas à
família, sem se esquecer que mandou celebrar uma
missa em sufrágio da sua alma na Catedral de Nossa
Senhora Aparecida de Montes Claros, por ocasião do
seu passamento.
Naide Gusmão
Educadora e professora aposentada, ex-presidente da Associação
de Professores Pontenses, diz-nos, falar do Dr. Pedro Santos,
é assunto muito abrangente, pois ele era sobrinho
da sua amada vó dona Babita,
a quem ele visitava constantemente, ou dava uma passadinha,
para pedir-lhe a sua bênção, como era
muito agradável, sempre vinha com uma saca de laranjas,
mangas, ou bananas, além das frutas também
não faltavam frangos, queijos e requeijões
de presentes.
Admirava-o pela simplicidade de um renomado médico
e grande político. Alto, magro, usava chapéu
de massa, fato que a lembrava do seu meu saudoso pai. Salienta,
ainda, que vez ou outra dona Babita e ela visitavam a Sra.
Silvia Santos, esposa de Dr. Pedro Santos ali na Rua Belo
Horizonte.
Finaliza, que para sua felicidade teve a oportunidade da
proximidade e boa convivência com aquela distinta
família através da sua querida madrinha Vanda
Alkmin, prima do Dr. Pedro Santos filha de Bárbara
Teixeira de Souza, Vó Babita e tia de Dra. Nilzinha
Maurício, filha de Waldomiro Pereira de Souza primo
do Dr. Pedro Santos.
João Queiróz
O saudoso João Sapateiro, senhor de grande aptidão
para o trabalho em diversas atividades, versátil
artista, relembrou do tempo em que morou na cidade de Montes
Claros, quando em criança sofreu um acidente, que
causou-lhe uma séria lesão no joelho, sem
recursos para tratamento procurou e foi socorrido pelo médico
Pedro Santos, que gratuitamente fez procedimentos médicos
que evitou a cirurgia e o curou.
Sempre foi grato ao médico por quem tinha estima
e admiração, sendo também seu eleitor
de carteirinha e título eleitoral conforme seu próprio
comentário em uma postagem: “Dr. Pedro Santos!
Tive a oportunidade de conhecê-lo, parabéns
meu amigo Carlúcio enchi meu título eleitoral,
votando nele e o guardo até nos dias de hoje”.
17/06/2021 Facebook.
Hélio da Silva Pereira
Hélio de dona Loura, Ex-Gerente do BEMGE e profundo
conhecedor da história pontense, também faz
a seguinte menção “ Dr. Pedro
tinha muito carinho para atender pacientes oriundos de São
João da Ponte.
Zé da Barraquinha
Zé da Barraquinha e Dona Maria, casal de vendedores
ambulantes, chamados de mascates por grande parte dos pontenses,
oriundos da cidade de Montes Claros, migraram para São
João da Ponte, onde mantinham uma barraca de vendas
de confecções, bijuterias e coisas afins,
na Av. Getúlio Vargas, na cidade ganharam freguesia
e conquistaram muitas amizades. Com ele a passagem com o
Dr. Pedro Santos se deu bem assim;
Numa tarde de sábado Dr. Pedro Santos, para sua Veraneio
na Av. Getúlio Vargas, com seu jeito simples entra
na Farmácia de um amigo seu ali localizada, cumprimenta
os presentes com os tradicionais apertos de mãos,
enquanto dialoga com o farmacêutico, chega seu Zé
da Barraquinha, trajando calça tradicional e camisa
de mangas compridas, ambas na cor clara, descontraidamente
cumprimenta o médico seu conhecido, com ele trava
um interessante diálogo.
_ Dr. Pedro estou com um calombinho, um carocinho aqui nas
costas, fui a Montes Claros o médico me pediu R$
1.200,00 para a cirurgia. Voltei aqui para a Ponte e o Dr.
Sebastião também me pediu um valor menor,
mas longe das minhas condições. Será
que o senhor não pode dar uma olhadinha para mim?
Prontamente respondeu-lhe:
_ Sim meu filho! Tire a sua camisa para eu olhar.
Ali mesmo na presença dos demais, o Doutor fez uma
rápida análise, passou a mão sobre
o caroço e disse.
- Ah. É bem simples, vou retirá-lo agora.
Doutor Pedro vira para o farmacêutico e pergunta-lhe,
se ali tem uma lâmina gilete novinha, produtos de
limpeza e assepsia? Tinha todos menos a lâmina.
Dr.
Pedro pede ao moço para ir comprar.
Ele faz uma cara de medo e pergunta:
- Dr. Pedro, eu acabei de almoçar agora, será
que não tem problema?
A consulta
Por aqui também se ouve o causo daquela famosa consulta
de uma senhora na presença do suposto marido, mas
no final das contas não era, cujo desfecho provoca
risadas e comentários bem-humorados, porém,
numa verossímil narrativa em tons que retratam com
propriedade as características de simplicidade e
compreensão do Dr. Pedro Santos e de seus clientes.
O Contador pontense Valdivino Marques da Silva relembra,
que no ano de 1.966 trabalhava na Companhia de Água
e Esgotos de Montes Claros - CAEMC, antecessora da COPASA,
que tinha como presidente o também pontense Dr. Manoel
Paulino de Oliveira, quando numa roda de conversa entre
os funcionários Antônio de Pádua Abreu,
Geraldo Lima de Jesus, Altino Teixeira de Carvalho, José
Divino Teixeira de Carvalho e Antônio Leão,
ouviu do detetive aposentado Tininho, eleitor, amigo e admirador
do médico e político a seguinte versão
da inusitada consulta.
Por volta da década de 1.950 Dr. Pedro Santos tinha
o seu consultório numa esquina da Rua Doutor Veloso,
constituído de sala de espera e consultório
propriamente dito, local de em que atendia sua clientela,
foi nesse ambiente que a consulta se deu.
Ao que se recordava o narrador, foi num período de
uma Copa do Mundo, sem ser preciso se no Brasil ou na Suíça,
mas em razão do horário dos fatos e da diferença
de fuso horário tudo indicava, que tenha sido o Mundial
de 1.950, pois, por volta das 16:00 horas, o médico
deixou o seu consultório para ouvir ir ouvir um jogo
noutro local, ao sair recomendou à sua secretária,
que ao término do seu expediente
ela poderia ir embora e deixar a porta da recepção
aberta, pois retornaria.
Terminada
a partida de futebol ele volta ao consultório, como
recomendara, a secretária já tinha ido embora,
mas na sala de espera um homem e mulher o aguardavam devidamente
assentados, o médico na sua santa simplicidade e
jeito peculiar cumprimentou a ambos e adentrou para sua
sala, antes, porém chama a mulher para atendê-la,
olha para o homem e diz o senhor também pode entrar.
Ali no consultório realiza o procedimental atendimento
à mulher, na presença do homem que a tudo
acompanhou atentamente, finalizada a consulta preencheu
a receita e a entregou para o homem, mas este olha entre
surpreso e espantado para Dr. Pedro Santos, como se dissesse
porque o senhor está entregando para mim?
- Então Dr. Pedro perguntou:
- Ela não é sua é sua esposa?
Diante da negativa, pergunta novamente:
- Mas porque não me falou? Deveria ter me avisado!
- Bem, o senhor não me perguntou, só atendi
o seu chamado.
Dr. Pedro se volta para a mulher, mas a senhora poderia
ter me avisado!
Ela olha para um lado e para o outro, depois explica na
maior simplicidade do mundo.
- Pensei que o senhor, chamou o moço aí para
presenciar a consulta pelo avançado da hora e por
encontrarmos sozinhos no consultório, para não
gerar outra interpretação.
Outro causo interessante
Sobre Dr. Pedro Santos versam várias histórias,
causos que ganharam o domínio popular, alguns podem
ser fruto de pura imaginação, mas pela criatividade
e verossimilhança, ficam impregnados a cultura Norte
Mineira e o tornam lendário. Um deles que é
contado por aqui, merece repercussão.
Numa
noite de muita chuva, época das águas, batem
à porta do médico dos pobres, ele aparece
e um senhor se apresenta como morador da zona rural de Montes
Claros, conta-lhe o motivo da vinda a sua procura.
Seu irmão havia sido esfaqueado e precisava de atendimento,
não o trouxera pela falta de transporte adequado
somados as precárias condições da estrada,
mas viera em um cavalo e trouxera outro, para que o caridoso
médico o acompanhasse até a localidade.
Dr. Pedro mune-se dos seus apetrechos médicos, cobre-se
com uma capa e prontamente ruma para a pequena propriedade
rural, quando chegam lá, o ferido estava sobre uma
cama em estado crítico. Pacientemente faz uma minuciosa
avaliação, sob expectativa da família
que aguardava na sala ao lado. Observa que a situação
é muito delicada, homem certamente não sobreviveria,
nem aguentaria uma viagem até a cidade para atendimento
em Hospital.
Toma a seguinte decisão, pede a mãe rapaz
para ferver uma água, colocar numa bacia esmaltada,
com a água quente e seus instrumentos
realiza a assepsia do ferimento, com presteza e habilidade
costura, para que o homem tivesse um final com maior dignidade
e não falecesse sem um merecido atendimento.
Coloca a família a par da situação,
pede fé e oração e retorna para sua
casa sem nada cobrar por aquele ato de caridade. Dois anos
depois, o médico está em seu consultório
no atendimento rotineiro, porém é época
de eleição para as qual era candidato, a fila
é enorme, com o passar do tempo vai atendendo a todos,
até que chega um senhor, senta-se e o cumprimenta
efusivamente.
Dr. Pedro pega o estetoscópio, o aparelho de medir
pressão, pede ao homem para tirar a camisa e olha
espantado para a cicatriz e irregularidade do corte e dos
pontos que foram dados no abdômen daquele homem.
_ Rapaz, esse médico que fez esta cirurgia, quase
lhe matou!
_
Não, não Dr. Pedro, foi Deus e o senhor que
me salvou! Vim aqui não foi consultar não,
foi para dizer para o senhor que o meu voto nessa eleição
é do senhor.
Doação de terreno para Clube na Ponte
Nos idos anos de 1.980, um grupo de pessoas decidiu criar
um Clube Social em São João da Ponte, oportunidade
em que foi eleito para presidente Antônio Júlio
Campos, que me tinha como Secretário, a entidade
privada recebeu a denominação de Clube Social
Cultural e Recreativo de São João da Ponte,
as primeiras iniciativas foi procurar um terreno para sediá-lo
e construção de instalações
adequadas as suas finalidades.
Nesse fim Júlio Campos procura Dr. Pedro Santos postulando
a doação de uma área em terreno de
sua propriedade, muito atencioso imediatamente sensibilizou-se
com a causa, e disse-nos que da sua área de 4 alqueires,
doaria 2 alqueires para o Clube, bastaria que regularizássemos
a escritura do terreno adquirido em Alice Campos.
Todas as tratativas e serviços de procuratórios
foram feitos, escritura lavrada, é levada a Dona
Alice Campos e ao sr. João Fernandes para a respectiva
assinatura, para surpresa de todos o Sr. João Fernandes
do Santos, disse-nos que estava pronto para assiná-la,
mas havia um impedimento, a área descrita não
coincidia com área do terreno. Que providenciássemos
medir o terreno e a devida retificação para
a sua assinatura.
Noutro dia topógrafo foi contratado e realmente a
área era menor, só dois alqueires, tão
logo feita a escritura correspondente esta foi assinada,
que ao ser levada ao Sr. Dr. Pedro Santos, este, ponderou,
que em razão da área menor só poderia
destinar ao Clube uma área de 1,00 ha. Área
que atenderia suficientemente ao Clube.
A escritura para o Clube foi feita, embora, embora este
tenha sofrido revezes na concretização das
suas finalidades, o terreno doado por Dr. Pedro Santos está
devidamente registrado no Cartório do Registro
de Imóveis da Comarca em nome da entidade.
O grande ser humano
Muito gratificante mergulhar na bonita história para
este registro como uma modesta homenagem de todos nós
Pontenses ao ilustre conterrâneo e família,
por todos os feitos e legados deixados pelo legendário
médico e político, mas, sobretudo pelo grandioso
ser humano, que durante vida exercitou caridade no mais
sublime espírito altruísta, por onde passou
deixou a marca da sua bondade, lá em Montes Claros
entre suas inúmeras obras estão as Casas de
Apoio Dr. Pedro Santos e Dona Maria Dora, relevante trabalho
social continuado pela família.
VIAGEM DOS SONHOS À MONTES CLAROS E SUA PRAÇA
DE ESPORTES
A Praça de Esportes de Montes Claros, (MCTC), importante
Patrimônio Público que transcende os limites
da cidade provoca lembranças de marcantes momentos
e bonitas experiências, como os vividos por um grupo
de pontenses há 50 anos.
Por volta de 1968 o futebol de salão chega à
São João da Ponte, cidade pequena com poucos
atrativos para seus jovens, adolescentes e crianças,
quando Maria Aparecida Campos assume a direção
do Ginásio Estadual Professora Filomena Fialho e
o Prefeito Olímpio Campos fez construir uma quadra
de cimento para melhor desenvolvimento das aulas de educação
física naquele estabelecimento de ensino.
Sob predominância do futebol de campo, o então
futebol de salão (futsal) com apenas cinco jogadores
de cada lado, bola diferente em tamanho, peso e regras inimaginadas,
imediatamente caiu nas graças de todos, virou mania
entre os alunos da escola, enquanto crianças e jovens
de toda a cidade passaram a praticá-lo com entusiasmo.
O
momento mais esperado era as aulas de educação
física sempre às primeiras horas da manhã,
mas em todas as tardes, sábados e domingos a quadra
fervilhava de jogadores e torcedores, quando equipes alternavam
naquela tradicional combinação de 2 dois gols
ou 10 minutos, saliente-se que as vezes havia uma briga
por horários com as meninas do vôlei.
Empolgados com a rápida adesão e gosto pelas
modalidades de futsal e volley a diretora Aparecida Campos
e o professor de Educação Física Aroldo
Sena marcam uma viagem à cidade de Montes Claros
para um confronto entre os novatos daqui e os experientes
atletas da Praça de Esportes.
Muita expectativa e preparativos para viagem, chega o grande
dia, às 4:00 h. da manhã as equipes de volley,
futebol de salão e alguns torcedores no interior
do caminhão caçamba da Prefeitura Municipal
rumam por cascalhadas e poeirentas estradas até cidade
de Montes Claros.
Puro encantamento, quando por volta das 9:00 h. o caminhão
Chevrolet adentra nas ruas da Princesinha do Norte, para
na frente da Praça Esportes, num verdadeiro sonho
começam a conhecer suas instalações
e dependências e o palco do jogo o moderno Ginásio
Darcy Ribeiro.
Quanta beleza da Praça toda cercada por telas e cerca
vivas, contornada por largas e movimentadas avenidas de
onde até os sons das descargas de dos veículos
eram observados, no seu interior o campo de futebol com
um gramado verde muito bem cuidado, quadras secundárias,
clube e sede, encantadoras piscinas de águas cristalinas
a transparecer o seu fundo em um azul celeste e trampolins
de onde jovens davam saltos magistrais, por todos os lugares
crianças alegres, jovens e adultos tão descontraídos,
gente bonita a desfrutar das maravilhas daquele paraíso.
Muitos pontenses residentes naquela cidade como Til do Gentil
Gomes, Eustáquio e Netinha Campos, Waldimar Gomes
foram lá,recepcionar
e prestigiar os pontenses, para a alegria de muitos Artur
do Xixo também se encontrava por ali com o seu carrinho
de picolés da Sorveteria Sibéria, logo foi
rodeado pelos conterrâneos com de pedidos nos diversos
sabores oferecidos, naquele dia vendeu Artur bateu o seu
recorde de vendas dois carrinhos de picolés.
Os jogos começam no ginásio de quadra de tacos
de brilho amarronzado, em que tênis ou kédis
com travas tipo kichute não eram permitidos. No volley
uma inesquecível derrota pelo placar de 2 sets a
0, a equipe pontense formada por Iris, Socorrinha, Izilda,
Bety, Zair Maia e Edite não teve o sabor de pontuar.
Já a partida de futsal para surpresa de todos foi
empolgante, o time da Ponte entrou em quadra com Jordan,
Toninho Muniz, Valdir da Terezinha, Carlito e Zezinho do
Juquinha para enfrentar a fortíssima equipe da Praça
que tinha entre os escalados o bom jogador Zezinho da Jega
e o craque Dimas Figueiredo, sobre os quais Til orientou
cuidados especiais e forte marcação.
Jogão os meninos da Ponte não se intimidaram,
bola lá e cá, mas o time da Praça abre
o placar calando a pequena e entusiasmada torcida pontense.
Jogo corre solto Dimas Figueiredo fazia jogadas espetaculares,
que paravam no paredão Jordan, que ganhara a posição
minutos antes do jogo, porque o titular Gera da Merinda
ferira o joelho nas britas ao lado do Ginásio, enquanto
aguardava o jogo.
Zezinho da Jega que tentava tomar conta do jogo, sofre entrada
duríssima do xará Zezinho do Juquinha, sai
da quadra com suspeita de fratura, nesse momento vem da
arquibancada o importante apoio, Netinha e outros torcedores
incentivavam o time, Eustáquio ex-goleiro do Ateneu,
percebendo falhas no goleiro adversário, passou a
orientar o time para chutar de longe que ele aceitaria,
não deu outra, do meio da quadra Carlito dá
um chute forte e é gol, goooooool para o time da
Ponte.
Muita vibração o empate que era um excelente
resultado. No gol “fornalha” como era chamado
Jordan, fechou o gol, tomou conta
da sua área e com defesas espetaculares, motivadas
pelo apoio do pai Sr. Antônio Abreu que não
contentou em incentivar das arquibancadas, com sua elegante
calça branca de linho, camisa manga comprida também
na cor branca, seu inseparável chapéu, subiu
naquela divisória de canos e aos gritos de: “Pega
Jorda”, “Segura Jorda”, “Boa”,
“Boa”…. Marcação cerrada
e o time da Praça não conseguiu mudar o placar
do jogo. Empate com s
Ainda deslumbrados se despedem-se da praça já
com saudades dos emocionantes momentos passados ali, contar
tintim por tintim tudo que aconteceu no restante do dia
alongaria em muito a narrativa, mas também não
poderia faltar algumas passagens que marcaram a memória
de todos.
E lá vão eles para o almoço na casa
de Aparecida Campos, na Rua Coração de Jesus
com Praça Capitão Enéas, passam pela
Praça Dr. Carlos, Rua Dr. Santos, Praça Cel.
Ribeiro, Rua João Souto e General Carneiro todas
calçadas de bloquetes ou paralelepípedos,
muito limpas, comércio fervilhante de pessoas alegres,
bem-humoradas, despreocupadas seguindo e ditando moda, fluxo
intenso de veículos, fachadas comerciais com vistosas
placas, muros com letreiros de propagandas, coisas jamais
vistas por alguns acanhados pontenses em terras montes-clarinas.
Encantados com tudo que viam, vão descortinando caminhos
e registrando imagens de concessionárias de veículos,
muitos prédios, sobrados, bonitas casas residenciais,
lojas e vitrines, mil e um produtos de roupas a brinquedos,
farmácias, padarias,
cinemas, cartazes nas esquinas anunciam filmes com artistas
famosos, jornaleiros e carrinhos de picolés, hotéis
e pensões, restaurantes, churrascarias, bancas de
revistas, praças muito bem cuidadas com plantas em
verdes gramados onde uma plaquinha pedia educadamente,
favor não pisar na grama. Tudo isso era conhecido
de alguns, mas novidade para muitos outros.
Ainda faltava a cereja do bolo, após o almoço
em grupos e acompanhados pelo professor Aroldo, dirigem-se
ao próximo destino “Cine São Luiz”,
ambiente luxuoso de confortáveis poltronas, tela
gigante,
som impecável com direito a prefixo e lindas músicas,
dinâmico
canal 100 com notícia, entretenimento e lances espetaculares
de jogos de futebol e trailers que antecederam ao filme
“Essa gatinha é minha” com Jerry Adriano
e Pery Ribeiro, que assim indica a Sinopse “(...)
a vida atribulada de dois ídolos da jovem guarda
em meio ao agradável ritmo do iê-iê-iê
contagiante." (ALSN/DFB-LM).
Claro que aqueles já ambientados na cidade cuidaram
de apresentar a alguns outros a Catedral, Praça da
Matriz, Rodoviária e Estação com seus
trens de ferro, mas um que se arriscou em sair sozinho,
se perdeu e foi encontrado aos prantos na porta do Cine
Cel. Ribeiro.
Nessas idas e vindas, aqui, acolá percebia-se os
olhares de estranhamento, vez por outra ouvia-se um gracejo,
uma pilhéria, do meio do povo uma ou outra voz se
destacava em tom de galhofa “a cadeia furou”,
“onde vai ser a festa”, coisa de somenos para
as prazerosas descobertas por aquela turma de meninos e
meninas na cidade de Montes Claros.
Tardezinha e início de noite todos de volta para
casa naquela caçamba Chevrolet, contentes não
se sentiam cansados nem percebiam a poeira, ventos e frio
durante a viagem marcada pelas brincadeiras sobre as gafes
(os foras), comentários sobre a cidade, a praça
e os jogos entre as tradicionais cantorias de músicas
da época.
Lá pelas 10:00 h. da noite a chegada em São
João da Ponte, correm direto para a cama para um
sono reparador e de bons sonhos sobre aquela viagem de muitas
emoções, no dia seguinte narram aos pais,
vizinhos e colegas tudinho que vivenciaram.

ZÉ
LU: O FORROZEIRO
Quando recebi o jornal de Notícias desta quarta-feira,
pela manhã, uma publicação deixou-me
sem chão, dizia assim: “Norte de Minas perde
o sanfoneiro Zé Lu”. Havia uma tristeza que
sorrateiramente invadia-me o coração e a alma.
Era que Zé Lu, no tempo em que trabalhávamos
como diretor da Biblioteca Pública do Centro Cultural,
na companhia do saudoso Ildeu Braúna, o amigo José
Luiz Pereira da Silva alegrava todos os eventos culturais
daquela época. Em razão disso, ficamos muitos
amigos, até porque a magia do seu acordeon lembrava-nos
o nosso Zé do Campo (Geraldo Rodrigues Antunes) que
era primo em primeiro grau de minha Júlia). Zé
Lu Forrozeiro sabia o caminho da música nordestina,
sabia produzir o som do baião-original de Luiz Gonzaga
nas festas juninas e, em vista disso, não se pode
olvidá-lo em tempo algum.
E o tempo passou... Há muito que eu não via
o nosso Zé Lu Forrozeiro. Hoje, tristemente, com
a sua partida inesperada para a eternidade, ele deixa órfão
a música-raiz de nossa terra. Enquanto isso, ao lado
de Ildeu Braúna, Zé do Jeep, Zé do
Campo e tantos ou...

tros
que passaram para o lado de cima, ele está em continua
festa celestial misturado com os amigos de Luiz Gonzaga.
Aqui, continuamos nós todos saudosos e tristes sem
o som magistral de sua mágica sanfona em noites enluaradas.
Os companheiros Nilo Rocha (Marcionílio Martins Rocha
Filho) e o mestre Téo Azevedo (Teófilo Azevedo
Filho), dois ícones da música nordestina brasileira
e, também, associados do egrégio Instituto
Histórico e Geográfico de Montes Claros, fazem
a justa homenagem ao forrozeiro Zé Lu, tocador de
sanfona do distrito de Aparecida do Mundo Novo, na hinterlândia
do município de nossa cidade. O nosso associado Nilo
Rocha declarou para o jornal de Notícias que “Zé
Lu foi um grande artista, um ser humano espetacular e um
dos maiores instrumentistas. Foi uma grande referência
para mim e para todos os sanfoneiros de Montes Claros e
região”.
Lembro-me
ainda, que certa vez eu lhe mostrei uma sanfoninha antiga
da Hering, de outo baixos, que ele ficou tão entusiasmado
que eu fui obrigado a lhe vender. Sempre que nós nos
encontrávamos, a sanfoninha era motivo de conversa
e gargalhada, haja vista o seu cuidado em conservá-la
como apetrecho prazenteiro na sala de sua casa. A relação
de amizade, no trabalho ou fora dele, fazia de Zé Lu
Forrozeiro uma pessoa simples, educado, sorridente e otimista.
Na verdade, ele era sinônimo de alegria, nunca havia
tristeza quando aparecia para uma apresentação
musical. Era o forró-baião contagiante
na vida das pessoas.
No final de cada apresentação, Zé Lu
Forrozeiro sempre despedia do público dizendo: “Esse
é o meu jeito de levar alegria até vocês,
através do ritmo diferente que a gente faz para vocês.
Espero que vocês gostem, um grande abraço a todos
que curtem o meu trabalho e muito obrigado pelo carinho”.
Abanava o chapéu de couro para o seu público,
contumaz, com um sorriso de felicidade nos lábios,
prometendo, reiteradamente, retornar numa outra oportunidade.
Zé Lu Forrozeiro, obrigado pela sua alegria constante
dos tempos pretéritos, pois agora a sua nostálgica
sanfona chora, e chora muito numa nota musical de despedida,
com o doce carinho sempre dedicado, por você amigo leal,
aos montes-clarenses. Adeus! Zé Lu, descanse em paz!

“TUTTI
BUONA GENTE”
ITALIANADA EM CONTENDAS E MONTES CLAROS
Sem
entrar no mérito das razões, é sabido
que um dos maiores fluxos migratórios ocorridos no
Brasil foi o de italianos no século XIX. A partir de
1870, surgem as primeiras colônias de italianos no sul
do país, embora o sudeste (São Paulo) tenha
sido a região que mais recebeu italianos no Brasil.
Posteriormente, se expandiram por Minas Gerais, Espírito
Santo e Rio de Janeiro.Assim aconteceu com os irmãos
Anna Maria e Vincenzo Scognamiglio que, na segunda metade
do século XIX, deixaram a pequena Villamare, na comuna
de Vibonatti¹, na província de Salerno, região
da Campânia, e rumaram ao Brasil, em busca de uma nova
vida. Ao que tudo indica, não desembarcaram no porto
de Santos e sim em Salvador. E o mais curioso... foram residir
em Lençóis do Rio Verde, atual Espinosa. A razão
mais provável da escolha dessa localidade para fixar
residência, quando o
__________________________________________
1. Vibonati, uma antiga vila medieval ainda
intacta em sua estrutura característica, fica entre
os dois vales esplêndidos da Fontana e Anafora. Suas
colinas inclinadas para o mar oferecem ao visitante um espectáculo
único, para o mar do Golfo de Policastro, teatro de
remotas rotas marítimas e encruzilhadas de antigas
passagens terrestres.
__________________________________________
natural
seria o sul do país ou São Paulo, foi, muito
provavelmente, a influência do Padre Caetano de Ângelis²
que tinha se fixado no Sertão do Rio Pardo, depois
de residir um tempo no interior da Bahia. O padre Caetano
era avô do Cônego Newton de D’Ângelis,
este patrono da Cadeira nº 83 do Instituto Histórico
e Geográfico de Montes Claros (IHGMC), à qual
ocupo com muita honra. Os irmãos Anna Maria e Vincenzo
Scognamiglio eram filhos de Biage Scognamiglio e Maria Felicia
Magaldi.
Os irmãos eram casados: Anna Maria Scognamiglio com
Antônio Parrela e Vincenzo Scognamiglio com Fortunata
Cabuzia. Embora não se possa precisar a chegada deles
ao Brasil, é certo que foram os primeiros italianos
a residir em Espinosa.
A
chegada de Vincenzo Scognamiglio com a esposa e seu cunhado,
Antônio Parrela (Anna Maria viria depois) em Lençóis
do Rio Verde, é calculada por volta de 1863 a 1870.
Vincenzo Scognamiglio e Fortunata Cabuzia eram pais de Maria
Felicia Scognamiglio³, Antonnia Scognamiglio e de Brás
Scognamiglio.
Antônio Parrela e Anna Maria Scognamiglio eram pais
de Vincenzo Parrela e Brás Parrela. Pai e filho mais
velho vieram sem Anna Maria, que chegou ao Brasil posteriormente.
Nesse ínterim, Antônio Parrela se amasiou com
Teodora Nunes de Siqueira e tiveram os filhos João
Chrisóstomo Parrela e Antônio Parrela Júnior
(Totônio).
Por volta de 1877, Vincenzo Scognamiglio e família,
juntamente com sua irmã Anna Maria Scognamiglio e família,
se transferiram
________________________________
2. O Padre Caetano de Ângelis foi o 14º vigário
de Rio Pardo. Teve com Maria Francisca da Assunção
quatro filhos: José, Maria, Pedro e Aristides D’Ângelis,
que é pai do Cônego Newton Caetano D’Ângelis.
3. Batizada em Lençóis do Rio Verde em 1873,
pelo padre Antônio Joaquim da Silva Itaparica.
4. Era pai de Maria Laurita Parrela, que foi cunhada de
Henrique de Oliva Brasil
_________________________________
de
Lençóis do Rio Verde para Contendas (atual
Brasília de Minas), por razões até
hoje desconhecidas. Curioso ressaltar que justamente nesse
ano, chega em Espinosa Matteo Salviolo, avô materno
do xará, primo, amigo querido e primoroso escritor,
Daniel Antunes Júnior. Embora os “Scognamiglio”
tenham sido os primeiros italianos a residir em Lençóis
do Rio Verde, os “Salviolo” foram os primeiros
italianos a fixar raízes e deixar descendência
naquela terra.Em Contendas, Vincenzo Scognamiglio passou
a ser chamado de Vicente Italiano. Seu sobrinho Vincenzo
Parrela passou a ser chamado de Vicente Parrela Brasileiro.
A união das famílias era tão grande
que Vicente Parrela Brasileiro se casou com sua prima “carnal”,
Maria Felícia Scognamiglio, filha de Vincenzo Scognamiglio
(Vicente Italiano) e Fortunata Cabuzia.
Tiveram vários filhos:
1) Maria Augusta (Marocas), casada com Antônio Augusto
Corrêia Machado.
2) Maria Amélia (Maroquinhas), casada com o dentista
Crispim Felicíssimo ;
3) José Antônio Parrela, casado com Herotildes
Salviolo ;
4) José Álvaro Parrela, casado com Joanita
da Palma;
5) Maria Amália (Maricas), casou-se com o viúvo
de sua irmã Maroquinhas.
A exemplo de seu pai, Vicente Parrela Brasileiro constituiu
uma segunda família, com a bela Cassiana, com quem
teve os seguintes filhos: Joaquim Parrela, Eloína
Parrela e Geraldo Parrela. Como homem público, Vicente
Parrela Brasileiro ocupou diversos cargos importantes em
Contendas, chegando a Presidente da Câmara e Agente
Executivo Municipal (Prefeito).
______________________________________
5. Crispim Felicíssimo posteriormente
se mudou para Montes Claros, onde veio a ser Presidente
da Câmara e Adjunto de Promotor.
6. Neta de Matteo Salviolo. Os pais de Herotildes foram
Veridiel Rodrigues Lima (de Contendas) e Filomena Miglio
Salviolo (Minucha).
______________________________________
A
outra filha de Vincenzo Scognamiglio (Vicente Italiano),
Antonnia Scognamiglio, se casou em Contendas com o Cel.
Theófilo Lopes de Silqueira , natural de Capelinha/MG,
filho de Sizenando Lopes de Silqueira e Maria Angélica
da Silva. Da união advieram vários filhos:
1) Ramiro Lopes de Silqueira, casado com Odília Afonso
Rodrigues.
2) Alfredo Lopes de Silqueira, casado com Júlia Veloso.
3) Maria Angélica Lopes de Silqueira (Lilía),
casada com Ramiro José Rodrigues;
4) Eliza Lopes de Silqueira (Lizoca);
5) Fortunata Lopes de Silqueira (Natinha);
6) Genesco Lopes de Silqueira;
7) José Milo Silqueira (Juca Milo), casado com Elza
Geralda Veloso.
E, aqui, fica evidenciado o jeito italiano de ser da “famiglia”,
pois todos gostavam de dançar, cantar, conversar
e fazer festas. Era a família que animava as festas
e as serenatas de Contendas. Anntonia Scognamiglio (Dona
Tônia, minha trisavó) cantava modinha e tocava
violão. Seus filhos, igualmente, tinham pendores
musicais. Ramiro tocava diversos instrumentos e foi regente
e um dos fundadores das duas bandas da cidade. Alfredo tocava
clarinete muito bem. Genesco e Juca fizeram parte das bandas
de música. Lilía (minha bisavó), Natinha
e Lizoca cantavam e tocavam violão, sendo a alegria
nas reuniões festivas da cidade.Sobre Vincenzo Scognamiglio,
conhecido em Contendas como Vicente Italiano, há
uma passagem no livro UM CASO ANTES DE NOVENTA, de Antônio
Augusto Teixeira (Niquinho Teixeira).
_______________________________
7. Fez parte da 1ª Câmara de Vereadores
de Contendas, como vereador especial, quando da emancipação
do município em 1894.
8. Juca Milo foi pai de Cibele Veloso Milo, servidora da UNIMONTES,
e Ricardo Veloso Milo, médico, ambos em Montes Claros,
dentre outros filhos.
_________________________________________
“Em
1884, mais ou menos, deu-se um fato digno de nota para a família
Teixeira. Naquela época, os fazendeiros, pais dos alunos
ou mesmo, outros, mandavam muitos presentes ao professor e
sua mulher. Os presentes desse tempo eram coisas de utilidade
imediata: capados, quarto de boi, vaca parida.
Ainda me lembro de um presente com penosa recordação.
Na rua de baixo em Contendas, nós morávamos
em uma casa em terreno elevado; em frente, do lado de baixo,
a rua alargava, formando uma pracinha, que a nossa casa dominava.
Do outro lado, em uma casa grande, residia Seu Vicente Italiano,
homem rico, de grandes negócios: tropa, fazenda, etc.
Aconteceu que Seu Vicente adquiriu grande cavalhada, um lote
de mais de cem animais novos, para serem vendidos nas matas
de Catriongongo, hoje Pedra Azul. E os animais, na passagem,
ficaram reunidos na pracinha em frente às nossas duas
casas. O rico italiano aproximou-se da nossa casa, onde toda
gente tinha vindo para as janelas a fim de ver os animais
irrequietos ali estacionados e disse para minha mãe:
_ Comadre
Geralcina, escolhe aí um cavalo para seu cilhão.
Minha mãe reparou bem a tropa e da janela onde estava
apontou: _ Aquele ali, compadre, baio, das crinas pretas.
Seu Vicente deu ordem a seu escravo Vitorino para pegar o
cavalo escolhido. Meu irmão, José Augusto, e
eu ficamos brincando para segurar o cabresto do cavalo. Venceu
José Augusto e para garantir amarrou o cabresto do
cavalo na cintura e assentou-se na porta de batente alto.
Não sei onde encontrei um comprido prego, ponta de
Paris e vim de lá e enfiei no nariz do cavalo. Ah!
O animal partiu arrastando meu irmão por ali abaixo,
no meio da tropa. Houve um momento de pânico, gritos.
Quando ele veio de lá nos braços de uma pessoa
estava todo ensanguentado. Isto me serviu de lição
para a vida toda.”
__________________________________
9. TEIXEIRA, Antônio Augusto. Um caso antes de noventa.
O Lutador, 1975. Belo orizonte/MG
__________________________________
Assim
sendo, estavam os Scognamiglio bem estabelecidos em Contendas,
onde deixaram vasta descendência.
Anna Maria Scognamiglio e Antônio Parrela posteriormente
se transferiram para Montes Claros, onde passaram os seus
últimos dias de vida.
Vincenzo Scognamiglio e Fortunata Cabuzia, meus tetravós,
permaneceram em Contendas, onde morreram e foram sepultados.
Ela em 1911, e ele tempos depois. Foram os primeiros italianos
a residir, morrer e deixar descendentes em Contendas.
Hoje, em Brasília de Minas, entre as diversas grandes
famílias existentes na cidade, há os Silqueiras
e os Parrelas, e muitos nem sabem que ambas provém
dos Scognamiglio, que junto a outros tantos migrantes, deixaram
a Europa e cruzaram os mares para fazer a América!
ARRIVEDERCI!
MONTES
CLAROS: A OUTRA FACE
O
livro, Montes Claros: A outra Face, tem como finalidade mostrar
os fatos acontecidos na sociedade da cidade nos últimos
anos. A pesquisa feita procurou abordar a figura do ser humano
que vive as margens da sociedade, para tanto a pesquisa procurou
saber sobre a sua vida social, sua educação,
assistência social em todos os aspectos, formação
e cidadania. A outra Face mostrará: Pessoas em Situação
de Rua, Malabares de sinal, Catadores de Recicláveis,
Garis, Idosos, Agressão contra a Mulher, Pessoas em
Vulnerabilidade, Acessibilidade, Pessoas com deficiências,
Os Cabarés, Motéis, Casa de Shows e Rede Sociais,
Carroceiros, Animais abandonados, os Hippies, os vendedores
ambulantes, alcoólatras anônimos, Clínicas
e Casas de recuperação, As favelas de Montes
Claros e os Encarcerados. Para tanto a narrativa inicia na
Prefeitura, através da Secretaria de Assistência
Social, o que ela contribui para este público, através
da Casa da Cidadania, CRAS, CREAS, ajustado no que prevê
o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
O
Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania: É
responsável pela articulação interministerial
e intersetorial das políticas de promoção
e proteção dos Direitos Humanos no Brasil. Os
direitos humanos visam garantir a dignidade e a integridade
da pessoa, especialmente frente ao Estado e suas estruturas
de poder, e a cidadania assegura o equilíbrio entre
os direitos e deveres do indivíduo em relação
à sociedade e da sociedade em relação
ao indivíduo.
O livro de “Montes Claros a outra face”, tem como
finalidade de abordar os seguintes assuntos: Pessoas em Situação
de Rua nas suas diversas nuances, Malabares de sinal de trânsito,
os catadores de recicláveis, fins de garantir o acesso
aos direitos das populações vulneráveis,
através das políticas públicas.
A atuação dos garis na limpeza urbana de Montes
Claros; o cuidado com os Idosos na saúde através
do CRESI e Conselho do Idoso e suas Famílias, Unidades
de Acolhimento: Casa Lar, Abrigo Institucional, República,
Residência Inclusiva, Casa de Passagem e Família
Acolhedora, internação e recolhimento nos asilos
masculino e feminino, com parceria com o governo.
A vulnerabilidade da mulher por sofrer violência: psicológica,
física, patrimonial, sexual e moral; vulnerabilidade
da criança e dos adolescentes, junto ao conselho antidrogas
COMAD; Acessibilidade dos cadeirantes, pessoas com deficiência;
idosos, o que diz o Plano diretor da cidade de Montes Claros
sobre a acessibilidade desse público e sobre os serviços
prestados pela CEMIG quanto a distribuição e
colocação de poste na via pública e COPASA
sobre os córregos e esgotos ao céu aberto.
A vida noturna da baixa meretriz, do homossexual, travesti,
do profissional do sexo, quais os tipos de violência
sofridas; os cabarés, motéis, casas de show
e rede sociais no contexto da cidade; a comunidade LGBTQIA+
e suas associações; os carroceiros e as suas
condições de trabalho e o trato com o animais;
como vivem os Hippies na cidade de Montes Claros; como é
a vida dos vendedores ambulantes
no centro e na periferia da cidade; os alcoólatras
anônimos (A.A), como se tratam, aonde se reúnem
e como participar de suas reuniões; a população
carcerária nos presídios Alvorada e Jaraguá,
como se dá a visita dos detentos e a sua recuperação
na APAC; o papel da 11ª RISP, do 10º e 50º
Batalhão de Polícia de Montes Claros; Guarda
Municipal, os agentes e fiscais da prefeitura; como funciona
o consultório nas ruas; o SAMU; como é abordagem
dessa população nos hospital da cidade: Santa
Casa, Haroldo Tourinho, São Lucas e Hospital Universitário;
o apoio das entidades civis e religiosas, a pessoas em situação
de rua, as casas de apoio, as clinicas de recuperação,
as comunidades terapêutica e as associações
de Montes Claros; os serviços de ajuda a população
feita pelos anônimos e os grupos independentes e individuais.
Observando os serviços que a prefeitura da cidade oferece
a essa população, e os órgãos
não governamentais (ONGS), entidades civis e eclesiásticas
como Rotary, maçonaria, associações e
projetos como Isac, Campelo, Vovó Clarice, Leão
de Judá, igrejas evangélicas, católicas
e espiritas.
A
participação da prefeitura através da
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social de Montes Claros
(SMDS), Sistema Único da Assistência Social (SUAS),
cujos serviços abarcam crianças, adolescentes,
adultos e idosos em situação de rua. As unidades
da Assistência Social são: Centro de Referência
de Assistência Social (CRAS),
Centro
de Referência Especializado de Assistência Social
(CREAS), Centro de Referência Especializado para População
em Situação de Rua (Centro POP), Centro-Dia
de Referência para Pessoa com Deficiência, além
desses órgãos há atuação
do Sistema Único de Saúde (SUS), Casa da Cidadania
e seus Conselhos Municipais, Estratégia da saúde
e Família (ESF) e as Associações de Bairros.
O grande gargalo em relação as pessoas em situação
de rua são: Necessidade de Levantamento da quantidade
de pessoas em situação de rua, moradia, Casa
pós alta com médico, 90% dessa população
são usuários de drogas. Direitos da população
de rua, Grupos, e andam sozinho, em acolhimento, Presídio,
Pastoral de rua, falha no poder Público que não
trabalham com essas pessoas nos feriados e finais de semana.
Diretores de hospitais para internação, Ouvidoria
e assistência social.

ISABELA
CORBY:
UMA TARDE DE CULTURA
|
O
Instituto Histórico e Geográfico de
Montes Claros viveu uma tarde de cultura e aprendizado,
como talvez nunca tenha vivido. Isabela Corby, advogada,
mestra e doutora, pesquisadora dos fatos da Inquisição
e da História do Direito em Minas, no Século
XVIII, discorreu de forma brilhante e inteligente
sobre o tema proposto, deixando a todos encantados
com sua fluência e domínio sobre o tema.
O
que muito me encantou em Isabela, além dos
seus profundos conhecimentos, frutos de muitos anos
de pesquisa, foi a forma como dividiu o tempo em duas
etapas.
|
Na
primeira prestou uma homenagem a seu avô Corbiniano
Aquino, patrono de sua cadeira, não só como
homem das letras, advogado militante, professor, escritor
e poeta, industrial e comerciante, mas como seu bisavô,
a quem tratou carinhosamente como “bisa”, relatando
fatos ligados a ela e à sua família.
Encantou-me
sobremaneira, porque nos tempos em que estamos vivendo, a
afetividade que une em laços as famílias, estão
sendo deixada de lado. Ela demonstrou na sua fala, apesar
de grande cultura jurídica e literária, o amor
e carinho que nutre ao seu famoso e importante bisavô,
Corbiniano Aquino.
Na segunda parte, deixou a todos extasiados, pela maneira
que apresentou de forma resumida, mas perfeita, o tema de
suas pesquisas,
com desenvoltura e brilhantismo. O Instituto Histórico
e Geográfico de Montes Claros se torna mais rico com
a diplomação de sua nova sócia, Dra.
Isabela Corby.
Tive o privilégio de conhecer, não só
o seu bisavô, mas também ooutro avô, Dr.
Caio Marcio de Amorim Pena, advogado brilhante e grande intelectual.
Portanto, ficou bem claro o adágio popular: “Filho
de peixe, peixinho é”, e por extensão:
“Bisneta e neta de peixe, peixinho é.”
De parabéns a Dra. Isabela Corby e mais ainda o Instituto
Histórico e Geográfico de Montes Claros, por
ter proporcionado aos seus membros, uma tarde de cultura e
conhecimento.


DARCY
RIBEIRO: UM MINEIRO DE
MONTES CLAROS PARA O MUNDO
A
história da Antropologia brasileira é marcada
por figuras proeminentes que contribuíram significativamente
para a compreensão da diversidade cultural e social
do país. Dito isso, destaca-se Darcy Ribeiro, um dos
mais notáveis antropólogos e intelectuais brasileiros
do século XX. Nascido em Montes Claros, Minas Gerais,
em 26 de outubro de 1922, sendo filho do Farmacêutico
Reginaldo Ribeiro dos Santos e da Educadora Josefina Silveira
Ribeiro (Mestra Fininha). Cursou os estudos fundamentais e
secundário no Grupo Escolar Gonçalves Chaves
e no Ginásio Episcopal de Montes Claros.
Em Belo Horizonte cursando medicina, porém, ao cursar
disciplinas sociais, optou por essa área. Formou-se
em 1946, em Ciências Sociais, pela Escola de Sociologia
e Política de São Paulo, dedicando seus primeiros
anos de recém formado aos estudos dos índios
do Pantanal, do Brasil Central e da Amazônia (1946 –
1956). Sua trajetória de vida e obra transcenderam
fronteiras geográficas e acadêmicas, deixando
um legado inestimável para a Antropologia e para a
compreensão da complexidade da identidade brasileira
(Porfírio, 2018).
Investigar a vida e obra de Darcy Ribeiro, destacando sua
relevância para a Antropologia brasileira e internacional,
e compreender a influência de suas origens em Montes
Claros na construção de sua identidade intelectual
e trajetória acadêmica.
Contribuições de Darcy Ribeiro para
a Antropologia Brasileira
Darcy Ribeiro, reconhecido como um dos mais proeminentes antropólogos
brasileiros do século XX, deixou um legado intelectual
significativo para o campo da Antropologia no país.
Suas obras e teorias
abordaram questões fundamentais sobre a diversidade
cultural brasileira e influenciaram o desenvolvimento do conhecimento
antropológico (BRITO, 2017).
Ele produziu uma vasta obra que abrangeu diversos temas, desde
a questão indígena até a formação
étnica e cultural do Brasil. Dentre suas principais
obras, destacam-se “O Povo Brasileiro” e “Os
Índios e a Civilização”, nas quais
ele explorou a complexa formação étnica
e cultural do povo brasileiro e as interações
entre sociedades indígenas e o contexto civilizatório
ocidental. Nessas obras, Ribeiro propôs uma análise
profunda da identidade brasileira, considerando a pluralidade
étnica, cultural e regional do país (RIBEIRO,
2022).
Darcy Ribeiro, também desenvolveu uma abordagem antropológica
holística, que de acordo com Frias (2019), busca compreender
as dinâmicas socioculturais em sua totalidade. Ele utilizou
uma perspectiva
multidisciplinar, incorporando conhecimentos da Antropologia,
Sociologia, Psicologia e outras áreas das ciências
sociais em suas análises. Suas pesquisas etnográficas
foram fundamentais para descrever e interpretar a diversidade
cultural brasileira, resultando
em um enfoque pluralista e não determinista em suas
análises.
Além
disso, Ribeiro valorizou a participação e a
escuta ativa das comunidades estudadas, priorizando a construção
de relações de onfiança e respeito mútuo.
Essa postura metodológica permitiu uma maior compreensão
das realidades socioculturais das populações
pesquisadas, evitando interpretações simplistas.
As contribuições dele foram de extrema relevância
para a Antropologia brasileira, proporcionando um olhar mais
profundo e abrangente sobre a complexidade da identidade nacional.
Suas pesquisas e teorias ajudaram a romper com visões
homogeneizadoras do Brasil e a evidenciar a riqueza cultural
presente em suas múltiplas expressões (BRITO,
2017).
O enfoque holístico e pluralista de Ribeiro influenciou
toda uma geração de antropólogos brasileiros,
inspirando-os a adotar uma abordagem mais sensível
e contextualizada em suas próprias pesquisas. Além
disso, suas obras contribuíram para o reconhecimento
da diversidade cultural como um elemento fundamental na construção
da identidade nacional e na defesa dos direitos das populações
indígenas e tradicionais.
Darcy Ribeiro deixou um legado duradouro para a Antropologia
brasileira, incentivando a busca contínua pela compreensão
das múltiplas vozes e culturas que compõem o
Brasil. Sua trajetória intelectual e suas contribuições
teóricas reafirmam a importância da Antropologia
como uma disciplina essencial para a compreensão e
valorização da diversidade humana em sua totalidade
(FELDMAN-BIANCO, 2013).
Darcy
Ribeiro e a Identidade Cutural Brasileira
Sua
trajetória foi marcada por uma profunda preocupação
com a diversidade e riqueza cultural da nação,
além de sua inabalável crença no potencial
transformador da educação (FERREIRA; CARVALHO,
2016).
Uma
das contribuições mais notável de Darcy
Ribeiro foi seu trabalho como antropólogo, pesquisando
e documentando diferentes culturas indígenas brasileiras.
Ao conviver com várias etnias e tribo, Darcy desenvolveu
um profundo respeito pela sabedoria desses povos, percebendo
que a verdadeira identidade do Brasil está enraizada
em suas raízes ancestrais. Essa consciência levou-o
a defender os direitos dos povos indígenas, tornando-se
um dos principais defensores de suas causas e lutas (COELHO,
1998).
Além disso, Darcy Ribeiro teve um papel fundamental
na construção da Universidade De Brasília
(UNB), onde atuou como reitor em dois períodos distintos,
foi ministro da Educação e ministro-chefe da
Casa Civil. Seu projeto educacional inovador buscava não
apenas formar profissionais capacitados, mas também
indivíduos conscientes de sua responsabilidade social
e comprometidos com o desenvolvimento do Brasil.
Para ele, a educação era o caminho para a construção
de uma identidade cultural sólida e para o desenvolvimento
integral do país (HEYMANN,2012).
Outra contribuição de Dary foi sua participação
na criação do Museu do Índio, no Rio
de Janeiro, em 1953. Esse espaço foi concebido como
um lugar de respeito e preservação das culturas
indígenas, reconhecendo a importância desses
povos na formação da sociedade brasileira. O
museu se tornou um marco importante na luta pela valorização
e proteção das tradições culturais
dos indígenas, um símbolo da diversidade que
compõe a identidade brasileira (FERREIRA; CARVALHO,
2016).
Ao longo da sua vida, Darcy Ribeiro escreveu diversas obras
literárias que se tornaram referência no estudo
da identidade cultural do Brasil, entre elas destacam-se:
Culturas e línguas indígenas do Brasil, 1957;
Arte plumária dos índios Kaapo, 1957; O processo
civilizatório – etapas da evolução
sociocultural, 1968; As Américas e a civilização
– processo de formação e causas do desenvolvimento
cultural desigual dos povos americanos, 1970; Os brasileiros
– teoria do Brasil, 1972; O dilema da América
Latina – estruturas do poder das forças insurgentes,
1978; os romances Maíra, 1976; O mulo, 1981; Utopia
selvagem, 1982; Migo,1988; O Povo Brasileiro, 1995, em que
aborda a formação histórica, étnica
e cultural do povo brasileiro, com impressões baseadas
na sua vida; e por último Confissões, autobiográfico,
publicado em 1997.
Em seus livros, como “O Povo Brasileiro” e “Maíra”,
ele explorou a formação do povo brasileiro e
a complexidade da nossa identidade, que abrange uma multiplicidade
de origens étnicas, históricas e culturais.
Sua escrita contundente e apaixonada revela sua busca incessante
por entender o que nos torna brasileiros e, assim, oferece
uma visão única sobre a alma do país.
A identidade cultural do Brasil, segundo Darcy, é uma
síntese única de culturas, resultado de um caldeirão
de etnias e tradições que se misturaram e se
enriqueceram ao longo dos séculos. Essa diversidade
é o que torna o país tão singular e vibrante,
mas também representa um desafio na construção
de uma identidade nacional sólida. Para ele, era fundamental
reconhecer e defender todas as culturas presentes no Brasil,
promovendo a igualdade e o respeito entre os diversos grupos
étnicos e sociais.
Contudo, o legado de Darcy Ribeiro nos convoca a refletir
sobre a atualidade e os desafios que ainda enfrentamos na
construção e preservação da identidade
cultural brasileira. Em um mundo globalizado,
onde a homogeneização cultural é uma
realidade, é urgente reafirmar nossa diversidade e
elevar nossas raízes, evitando assim a perda de elementos
essenciais que compõem a nossa identidade coletiva.
Portanto, é importante lembrar e celebrar o trabalho
de Darcy Ribeiro como um guia para compreendermos a nossa
história e extrairmos a essência de ser brasileiro.
Sua visão humanista e sua dedicação ao
estudo da identidade cultural nos inspiram a olhar para o
futuro com esperança e construir uma sociedade mais
justa, inclusiva e consciente das suas raízes. Que
possamos seguir seu exemplo, valorizando a diversidade e abraçando
a riqueza cultural que nos torna únicos, como povo
e nação.
Conclusão
Pode-se notar que a trajetória intelectual e as contribuições
de Darcy Ribeiro para a Antropologia brasileira são
de inestimável valor, deixando um legado significativo
que transcendeu fronteiras e se estabeleceu como referência
para a compreensão da diversidade cultural do Brasil.
Ao longo de sua carreira, Ribeiro dedicou-se incansavelmente
a desvendar as complexidades da identidade nacional, utilizando
uma abordagem holística e pluralista que valorizava
a riqueza cultural presente nas múltiplas expressões
do povo brasileiro.
Sua abordagem participativa e respeitosa com as comunidades
estudadas reforçou a necessidade de uma Antropologia
engajada e comprometida com o diálogo intercultural,
estabelecendo um importante exemplo para as futuras gerações
de antropólogos brasileiros. Darcy Ribeiro influenciou
não apenas a academia, mas também o cenário
político do país, atuando de forma ativa na
defesa dos direitos das populações indígenas
e na formulação de políticas públicas
para a preservação da diversidade cultural.
Sua relevância para o desenvolvimento da Antropologia
no Brasil transcende o âmbito acadêmico, impactando
também na construção de uma identidade
nacional mais plural e respeitosa com suas raízes culturais.
O legado de Darcy Ribeiro nos convida a compreender e valorizar
a complexidade e riqueza das culturas brasileiras, reconhecendo
a diversidade como um elemento essencial na construção
da identidade coletiva.
Pode-se
concluir que, Darcy Ribeiro foi um indivíduo que alçou
voos extraordinários para o mundo acadêmico,
influenciando a Antropologia brasileira e além com
suas ideias e pesquisas. Sua dedicação à
compreensão da diversidade cultural e sua luta pelos
direitos indígenas permanecem como um inspirador legado,
incentivando o contínuo engajamento na preservação
e valorização das inúmeras culturas que
formam o mosaico da nação brasileira.

Darcy Ribeiro
_______________________________
REFERÊNCIAS
BRITO, C.A.G.D.E.A. Antropologia de um jovem
disciplinado: a trajetória de Darcy Ribeiro
no serviço de proteção aos índios
(1947 – 1956). Rio de Janeiro: [s.n.], 2017.
COELHO, Haydée Ribeiro. A crítica
cultural de Darcy Ribeiro. Revista do Centro de Estudos
Portugueses, v. 18, n. 23, p. 223-238, 1998.
FELDMAN- BIANCO, B. Desafios da antropologia
brasileira. Brasília: ABA, 2013.
FERREIRA, Antonio Celso; CARVALHO, Leonardo
Dallacqua. Raça e Teorias Raciais nos
estudos de Darcy Ribeiro. Projeto História: Revista
do Programa de Estudos Pós-Graduados
de História, v. 56, 2016.
FRIAS, R. R. Metamorfoses identitárias
de lideranças religiosas não iorubás
inspiradas
no convívio com lideranças religiosas iorubás.
São Paulo: [s.n.], 2019
HEYMANN, Luciana Quillet. O arquivo utópico
de Darcy Ribeiro. História, Ciências,
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PORFÍRIO, F. Darcy Ribeiro. [S.I]:
Mundo Educação, 2018.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação
e o sentido do Brasil. Global Editora e
Distribuidora Ltda, 2015.
RIBEIRO, Darcy. Maíra. Global Editora
e Distribuidora Ltda, 2015.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro-edição
comemorativo, 100 anos. [S.I.]: Global, 2022.
_______________________________
A
GARGANTA DAS MINAS
Comecei
a saborear com grande interesse os “Ensaios da História
Regional” A GARGANTA DE MINAS do ilustre historiador
e associado do IHGMC/UNIMONTES Aparecido Pereira Cardoso.
São dez ensaios, mas por questão de tempo me
ative apenas ao Garganta das Minas. O ensaio nos traz um profundo
e detalhado trabalho de pesquisa documental junto ao Arquivo
Público do Estado da Bahia e do Instituto Histórico
e Geográfico de Montes Claros, apresentando-nos a dinastia
de Matias Cardoso, região do norte de Minas que hoje
leva o mesmo nome. Leitura obrigatória e necessária
para quem deseja entender e compreender um pouco a formação
do nosso sertão. Passamos conhecer as primeiras investidas
dos paulistas sobre este nosso grande sertão veredas.
Ao mesmo tempo tomei conhecimento das barbaridades cometidas
pelos “desbravadores” contra os povos indígenas
Anayoses e demais gentios brasílicos dos sertões.
“Antes da guerra empreendida por Cardoso a partir de
1684, os Anaiós foram combatidos e, em parte, exterminados
e escraviza-

dos
entre 1674 e 1679, quando habitavam a barra do rio Salitre
e imediações do Rio São Francisco”.
Lembrando que os Jesuítas eram absolutamente contra
a escravização dos indígenas em terras
brasilis. “O Senhor da Casa da Torre, Francisco Dias
de Ávila, com ordens do Governador da Bahia, foi autorizado
a agregar ao seu contingente os índios dos missionários
capuchinos para “reprimir o furor dos selvagens
que, numa noite, mataram, no rio de São Francisco,
oitenta e cinco pessoas, tanto portugueses como negros, em
suas próprias casas” (Martinho Nantes).
Os índios Anaiós haviam dominado todas as fazendas
da região, dos dois lados do rio, uma extensão
de cerca de trinta léguas e que, em atos de resistência,
promoviam mortes e destruição de rebanhos. Após
tenaz perseguição empreendida pelos homens de
Francisco Dias de Ávila, os Anaiós atravessaram
o Rio São Francisco a nado, de modo que as flechas,
que traziam nas costas, lhes escaparam, sendo levadas pelas
correntezas. (Martinho Nantes). Depois de cinco dias de descanso,
os membros da comitiva cruzaram o rio, os portugueses em pequenas
canoas e os índios e cavalos a nado. Acompanhamos as
pegadas do inimigo, que foi encontrado nesse pequeno lago,
ou brejo, no interior da terra. Estavam quase sem arma e morto
de fome. A rendição dos Anaiós foi completa
desde que lhes poupassem a vida. Mas os portugueses, obrigando-os
a entregar as armas, os amarraram e, dois dias depois, mataram,
a sangue frio, todos os homens de arma, em número de
quase quinhentos, e fizeram

escravos
seus filhos e mulheres. O Padre Martinho de Nantes, que acompanhou
de perto as ações da expedição,
afirmou que, “ por minha felicidade não assisti
a essa carnificina; não teria suportado, por injusta
e cruel, depois de haver dada a palavra de que lhes seria
poupado a vida”.
Os Anaiós permaneceram nas imediações
do São Francisco, onde foram combatidos e, em parte,
dominados e exterminados por Matias Cardoso
de Almeida entre 1648 e 1688. Em carta emitida do Arraial
e Rio de
São Francisco, com data de 06 de junho de 1721, Januário
afirmou ao governador-geral que “o meu pai o mestre
de campo Matias Cardoso de Almeida foi quem destruí
e extinguiu os bárbaros anajoses (anayoses) que impediam
o povoar deste rio de SãoFrancisco. (...) há
trinta e sete anos. (Januário Cardoso de Almeida).
Enfim são muitas histórias trazidas por Aparecido
Cardoso que nos fazem refletir sobre como foi brutal as bandeiras
paulistas em solo mineiro, à mando de El Rey de Portugal,
em total desrespeito e agressão aos povos nativos Anaiós
e Xacriabás, legítimos e verdadeiros
donos desta nossa terra de Santa Cruz e também das
águas e terras que margeiam o Rio São Francisco.
Agradeço ao Historiador ilustre Aparecido Pereira Cardoso
por nos apresentar de maneira tão didática a
ferida aberta no sertão catrumano, no sertão
ribeirinho, no sertão mineiro.

TODOS
OS CAMINHOS LEVAM A ROMA
Reavivando a frase de Santo Agostinho que afirmou: “O
mundo é um livro, e as pessoas que não viajam
só leram uma página”, lá fui eu
com a filha e esposa Eunice, descendente de italianos, pela
segunda vez, com destino ao velho continente: ROMA-Itália.
Confesso que não foi fácil superar o estresse
de doze horas e meia de voo do Rio de Janeiro a Paris, e mais
um hora e meia de Paris a Roma.
Ao desembarcar, recordei-me do antigo ditado: “todos
os caminhos levam a Roma”. Essa citação
remete ao fato de que durante o 1º século, Roma
chegou a ter 80.000 km, de estradas e vias de comunicação,
entre as diversas e imensas regiões do império,
que iam da Bretanha (Inglaterra), até a Pérsia
(Irã). Historiadores, afirmam que esse período
foi de 27 a.C, com Otávio Augusto, e se estendeu até
476 d.C. com o último imperador, Rômulo Augusto.
Graças a minha filha Renata que fez todo o planejamento
e sua fluência em inglês, em Roma, até
os ônibus nos “tour”, têm letreiros
em inglês, visitamos atrações históricas
em oito dias, que escureciam a partir das 20h.

A
visita ao Coliseu é uma das que mais impressionam.
São dezenas de grupos, divididos de acordo com a língua
do país de origem. No meu grupo de 30 pessoas, havia
duas de Montes Claros/MG. Antecedendo a entrada ao Coliseu,
fomos conduzidos pelo guia ao remanescente da Roma Antiga:
Arcos de Constantino e Tito, Senado Romano, a casa onde Júlio
César foi assassinado, os templos dedicados ao deus
Saturno, a Augusto e de Vesta, a Cúria e a Via Sacra,
o trono dos Imperadores, a casa onde o apóstolo Paulo
ficou prisioneiro, o mirante Marco do Palatino de onde se
avistava toda a cidade antiga.
Ao adentrarmos ao Coliseu, somos impactados pela sua grandiosidade.
São quase dois mil anos a nos contemplar. É
um dos maiores símbolos de poder do Império
Romano. Foi inaugurado em 80 D.C, com o objetivo de promover
espetáculos e oferecer entretenimento para a população.
A parte externa e interna da construção estão
danificadas, atingidas por um terremoto no 5º século
que afetou a estrutura e outros terremotos que abalaram a
cidade provocando rachaduras. Ao tocar nas paredes verifiquei
que a mesma foi edificada com tijolos semelhantes aos nossos
tijolinhos, embora mais compridos e estreitos. Causa ainda
admiração pela resistência da argamassa
utilizada tijolo a tijolo, vez que naquele tempo não
havia cimento. O piso da arena que não sobreviveu,
mostrava a descoberto as galerias de onde saia os gladiadores,
animais selvagens e os cristãos jogados as feras. No
final de agosto logo quando chegamos, foi encontrado no esgoto
do Coliseu, “intactos congelados por séculos”,
fragmentos de animais ferozes e uma moeda de ouro com o rosto
do Imperador Marco Aurélio, cunhada para uma celebração
entre os anos 170 e 171 D.C entre outras 50 moedas menos valiosas.
Vale ressaltar, que o Império Romano não perseguiu
os cristãos como política do estado, mas porque
esses se recusavam a adorar deuses romanos ou participar de
rituais em nome do imperador. Assim, ao longo de 300 anos
, dezenas de cristãos foram detidos ou atirados às
feras e mortos no Coliseu, em macabro espetáculo ao
público romano. Não era fácil ser cristão
naquele tempo. Até para enterrá-los eram usados
túmulos subterrâneos chamados de “Catacumbas”
onde poderiam entoar canções que manifestava
sua confissão, religiosa. Mas essa saga de martírio
ajudou o Cristianismo a se firmar.
Em geral as edificações de Roma não ultrapassam
seis andares, guardando uma certa uniformidade e beleza. A
visita ao Vaticano foi também marcante: a Praça
e Basílica de São Pedro, grutas, galerias, monumentos,
a Capela Sistina no teto com obras primas de Miguel Ângelo,
representando nove narrações bíblicas
como a criação de Adão, Eva, do sol,
o dilúvio, e ao longo das paredes, quadros pintados
como a “passagem do mar vermelho” de Rossseli,
“a morte de Moisés” de Signorelli. Com
os ataques dos aliados na 2ª guerra mundial (1939/45)
sobre Roma, só recentemente foi divulgada carta de
30/08/1943, do Papa Pio 12, ao Presidente Americano, revelando
a extensão da angústia do Vaticano na preservação
de seus tesouros culturais/arquitetônicos.
Por fim, foi no reinado do Imperador romano Otávio
Augusto, que nasceu Jesus Cristo, naquele que acabou sendo
estabelecido como o ano 1 da Era Cristã. O NATAL está
chegando, quando celebraremos o nascimento e o aniversário
de Jesus. Ele é a única razão do NATAL.
A alegria existe porque Jesus é o presente que Deus
nos concedeu. Desde já, aos meus queridos leitores
formulo votos de um FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO NOVO.

FAZENDA
DA SOLIDARIEDADE
SÃO FRANCISCO DE ASSIS,
ARQUIDIOCESE DE MONTES CLAROS
Frei
Valdomiro Soares Machado, carinhosamente chamado Frei Valdo.
Nasceu em Nova Esperança, Distrito de Montes Claros,
Estado de Minas Gerais, em 4/8/1948 – data em que, também,
se comemora o “Dia do Padre”. Data da festa de
São João Maria Vianney, desde 1929, quando o
Papa Pio XI o proclamou: “homem extraordinário
e todo apostólico, padroeiro celeste de todos os párocos
de Roma e do mundo católico”.
Seria predestinação ou Providência Divina?
Para Frei Valdo, Deus já o havia escolhido desde o
seu nascimento.
Ainda criança miúda mudou-se com a família
para comunidade de Miralta, também distrito de Montes
Claros, de onde guarda um paiol de lembranças da sua
infância e adolescência, tanto nas ruas de Miralta
quanto no pequeno sítio da família. “Miralta,
já naquela época, era alvissareira, muitas casas,
armazéns, cartório, correios, lojas, bares,
geradores de energia elétrica e uma igreja paróquia,
onde aconteciam os casamentos e batizados de toda a região.
Quando por volta de dez horas da noite, os geradores já
sinalizavam com um pis

car
das lâmpadas que a energia seria desligada e, pouco
antes das dez, saiam todos, apressados, para casa, pois a
cidade estava preste a demudar para uma imensa escuridão.”
Lembrou Frei Valdo.
Filho de Alvino Pereira Machado e Ana Soares da Silva, proprietários
de um pequeno sítio de onde, “no cabo das enxadas”,
tiravam o sustento da família cultivando arroz, feijão,
milho, amendoim, algodão, entre outros. “Éramos
oito filhos, eu fui o segundo a nascer: Adair Soares Machado,
Valdomiro Soares Machado, Afonso Soares Machado, Arnaldo Soares
Machado (falecido), Zélia Soares Machado (falecida),
Maria das Dores Soares Machado, Maria do Socorro Soares Machado
e Antônio Carlos Soares Machado. Levávamos uma
vida muito simples, de parcos recursos, muito humilde, mas
éramos muito, muito felizes. As noites eram animadas
pelo meu pai que era músico e folião, tocava
sanfona, viola, violão e rebeca e ele mesmo fabricava
artesanalmente seus instrumentos de corda”. Diz sorrindo
Frei Valdo.
Ainda adolescente veio, sozinho, estudar em Montes Claros,
ficou hospedado em casa dos pais de Padre João Batista
Lopes, seus parentes. Perguntado se sofrera influência
do Padre João e das Freiras irmãs do Padre João,
para o seu ingresso na vida religiosa, ele respondeu: “Não.
O que me influenciou foram os Missionários Redentoristas
que realizavam as Santas Missões trabalhando com casais,
jovens e adolescentes, e eu ficava encantado com as atividades
deles, isso me cativou, e eu pensava: é isso que eu
quero ser.” E completou: “Mas como um pobretão
da roça, trabalhador na enxada, poderia ser padre?
Ia pagar com quê?”
Em
Montes Claros Frei Valdo estudou no Colégio São
Norberto. Em 1970 nós servimos o Tiro de Guerra 87,
o famoso TG 087 (Exército Brasileiro). Eu fui o fuzileiro
148 da Turma Sampaio, comandado pelo Sargento Baumer, mas
fui excluído, por perda de pontos, três ou quatro
meses depois, enquanto Valdomiro Soares Machado foi o fuzileiro
229 da Turma Brasil, comandada pelo Sargento Camargo, que
Frei Valdo assim o definiu e revelou: “Era um sargento
muito exigente, disciplinador, mas muito bom, eu era muito
querido por ele, e confiava muito em mim, tanto que quando
ele viajava eu ficava tomando conta da casa.” E completa:
“O Tiro de Guerra para mim foi muito mais importante
do que o meu noviciado, do que os meus estudos para padre,
por quê? Por que foi mais importante? Porque ali eu
aprendi a vida, o sofrimento, a dureza da vida, pegar um fuzil,
fazer tiro, rastejar; então, a garra que tenho até
hoje vem dessa experiência que tive a serviço
do Tiro de Guerra.” E continua: “Terminado o Tiro
de Guerra e com o falecimento de meu pai no Distrito de Miralta,
onde se encontra sepultado, minha mãe vendeu todos
os seus parcos bens e mudou-se para Montes Claros, indo morar
no bairro Santos Reis, portanto a minha paróquia, e
onde a minha mãe ainda reside.”
Diante das dificuldades financeiras em que se encontravam
numa casa não muito digna, sem água, luz, numa
verdadeira pobreza, Valdomiro, com apenas 23 anos, decidiu
ir para o Rio de Janeiro em busca de melhores recursos, e,
assim, poder ajudar a família. Contudo, não
abandonou a ideia de ser padre, porém, a sua consciência
lhe dizia que primeiro era preciso amparar a sua família.
No Rio conseguiu um emprego na Bolsa de Valores e do seu salário
retirava o necessário para a sua subsistência,
o restante enviava para a sua mãe; tempos depois foi
trabalhar na Wolkswagen do Brasil, melhorando ainda mais a
sua remuneração. O que pouca gente sabe, e para
mim foi surpresa, é que concomitantemente ao trabalho,
Valdomiro começou a fazer teatro nos palcos das noites
cariocas, a sua verve artística o levou a acreditar
na possibilidade de desenvolver a sua arte cênica. Disse
ele: “Cheguei a trabalhar junto a grande estrela Rosa
Maria Murtinho e o sensacional Grande Otelo entre outros.
Fiz, inclusive, algumas pontas em novelas.” Ousei perguntar
se não tentou a carreira de cantor, vez que sabia que
ele gostava de cantar. Foi categórico: “Cantar,
não. Minha voz é rouca, muito grave. Eu até
gosto de cantar, mas não tenho voz para tanto.”
Ainda assim, insisti: Já o vi cantando num encerramento
de Encontro de Casais com Cristo da Paróquia São
Sebastião, enquanto os casais seguiam para o ato final
do encontro. Eu e Ana Maria éramos Casal Ligação
Setorial do ECC e estávamos lá, ficamos encantados
com seu desempenho, que emocionou a todos. Sorriu e concluiu:
“Bondade sua, mas não sou cantor.” E completou:
“Com o passar dos anos e os recursos que eu enviava,
minha mãe pode melhorar a casa e até comprar
um telefone para nos comunicarmos mais facilmente. Mas veja
só o que aconteceu: Era o ano de 1977, eu tinha 29
anos quando recebi uma proposta para transferir-me para a
Alemanha, país sede da empresa Siemens, com imensuráveis
vantagens financeiras e profissionais. E o que eu fiz? Disse
não! Abandonei tudo! Tudo! Tudo! Emprego, teatro, colegas
de trabalho, amigos. Taxaram-me de louco!” e continuou:
“Mas, a minha decisão tinha um motivo especial,
pois fui aceito para a vida religiosa, e essa vontade me acompanhava
desde menino, era o que eu sempre quis: tornar-me um franciscano.”
Lembrei-me da passagem bíblica: Mt 16.24-25 24Então
Jesus disse aos discípulos: “Se alguém
quer me seguir renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.
25 Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la;
mas quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontra-la.”
Eu disse ao Frei Valdo: o senhor tomou uma decisão
muito forte, uma renúncia total. Ele disse: “Foi
mesmo, renuncia total, renunciei a tudo, voltei à estaca
zero, voltei à pobreza total, mas ganhei o mundo. Ingressei
na Ordem dos Frades Menores Franciscanos, também chamada
Ordem dos Franciscanos. Foram quatro anos de filosofia pura
na Universidade Federal do Brasil, no Rio de Janeiro. Teologia
eu estudei na PUC Pontifícia Universidade Católica
de Belo Horizonte; outros quatro anos, tive excelentes, famosos,
mas polêmicos professores como: Leonardo Boff, Luiz
Boff, Lina Boff, Bussol e outros. Eram considerados polêmicos
porque eram defensores da Teoria da Libertação
que estava em plena evidência na América Latina,
naquela época. Ordenei-me padre no ano de 1985 e voltei
para o Rio de Janeiro onde fui trabalhar.”
Perguntei ao Frei Valdo: O senhor foi para o Rio de Janeiro
no auge da ditadura militar, conviveu no meio artístico
tão “perseguido” àquela época,
o senhor não teve nenhum problema com os militares?
“Na época em que fazia teatro eu não,
mas depois de ordenado, trabalhávamos com os jovens
em situação de riscos, e nos reuníamos
com eles em Copacabana, sob a vigilância dos militares
armados de fuzis; queriam saber o que estávamos ensinando
a esses jovens. Isso nos deixou certa revolta, certa magoa,
por isso, que desde que me ordenei padre eu só trabalho
em prol dos mais sofridos, mais machucados, menos favorecidos,
dos mais necessitados. Mas foi bom passar por todas essas
situações e sair ileso, sem qualquer problema.”
“Interessante que eu trabalhei com crianças,
numa parceria com a Polícia, no Quartel General. Os
policiais buscavam as crianças nas favelas, levavam-nas
para o quartel, onde recebia alimentação, educação,
banho e, logo após o jantar retornava às suas
casas; alguns já inclusos na vida de marginalidade,
com pequenos furtos, os chamados “trombadinhas”,
e nós conseguimos tirar muitos deles do caminho do
crime. Fizemos um grande trabalho social. Depois, ainda no
Rio de Janeiro, construímos uma creche para 120 crianças
de “rua”, carentes, muito carentes, retirando-as
da rua, eram acolhidas, alimentadas, tomavam banho, e as educava.
Esta entidade, ainda hoje, existe na cidade de Araruama/RJ.”
E completou: “Foi o meu último trabalho no Rio
de Janeiro, aí eu vim embora.”
O senhor veio direto para Montes Claros? Qual foi o motivo
para o seu retorno? “Numa das visitas à minha
família, eu encontrei com Dom Geraldo Magela de Castro,
Bispo Diocesano de Montes Claros, ocasião em que ele
me disse achar um absurdo, sendo eu montes-clarense, a cidade
precisando de padres, e eu trabalhando no Rio de Janeiro,
então, ele me chamou; e também a minha mãe
se encontrava bastante fragilizada, e ela exigiu que eu viesse
ficar mais perto, e eu estou aqui até hoje.”
E quando foi isso? Foi no ano de 2004.
E como foi esse retorno? O senhor foi para onde? “Na
verdade eu tive que deixar a Ordem Franciscana, e foi um processo
muito difícil, doloroso, porque ser Franciscano estava
no meu sangue, era o meu sonho, mas tive que deixar.”
E continuou: “Quando eu cheguei Dom Geraldo, a principio
queria que eu assumisse a Paróquia do Alto São
João, mas não deu certo, então Ele enviou-me
para a cidade de Bocaiúva/MG, para auxiliar o Padre
Maia, muito querido do povo bocaiuvense que pensou que eu
iria substituir o Pároco da cidade, mas,
na verdade, não era esse o objetivo, todavia, reclamaram
tanto que Dom Geraldo desistiu da ideia.”
Qual
é a máxima da Teoria da Libertação?
Povo unido jamais será vencido! Recusado em Bocaiúva,
qual foi o seu destino?
“Aconteceu que os Jesuítas comandavam a Paróquia
de São Sebastião, mas eles estavam indo embora,
então Dom Geraldo Magela nomeou-me Pároco da
São Sebastião.”
O senhor fez um belo trabalho lá.
“Fizemos sim. Começamos na Vila Telma, construímos
diversas casas para famílias que moravam debaixo de
árvores, pontes, em passeios, em barracos de lona.”
E a Fazenda da Solidariedade? “É muito interessante.
Era 2009. Certa vez eu passava pela Avenida... aquela que
passa na prefeitura no sentido São Judas... ah! Avenida
João Luiz de Almeida. Então, eu passava por
essa avenida, um pouco adiante da Ponte Preta, e vi uns adolescentes
usando drogas. Aquilo mexeu comigo, me machucou. fiquei pensando:
meu Deus o que nós pudemos fazer para ajudar os jovens
dependentes químicos? Aí, numa missa, eu disse
que eu precisava de um espaço digno para construir
uma unidade terapêutica decente destinada a acolher
dependentes químicos, que até então não
havia em Montes Claros. Uma senhora levantou-se e disse que
tinha esse espaço e, para esse fim, poderia empresta-lo.
Marcamos uma visita ao local para conhecermos. O local é
na estrada que vai para a cidade de Juramento, uma área
de seis alqueires.
“Meu Deus!” Sorriu e continuou: “O lugar
tinha uma casa antiga, bem maltratada, cascalho puro, a água
vinha de um poço artesiano de um vizinho que fornecia
e cobrava uma taxa. Eu disse a ela...”. Antes que respondesse
atalhei perguntando: O senhor lembra o nome dessa senhora
Frei Valdo? “Lembro, lembro muito... é Dona Dora,
ela é uma dentista aposentada.” E prosseguiu:
“Eu disse a ela: e se for para senhora vender quanto
custa? Pensou um pouco e respondeu: sessenta mil reais divididos
em seis parcelas de dez mil reais. Falei para mim mesmo: Meu
Deus! Sessenta mil, eu não tenho nem um centavo, onde
é que vou arrumar dez mil por mês? Olhei nos
olhos de Dona Dora e disse: Está bem, Dona Dora! Eu
compro o terreno. Graças a Deus, os nossos paroquianos
trabalharam muito, mas nós demos conta de pagar.”
Frei Valdo completou com um largo sorriso nos lábios:
“Veja o que é Deus! Compramos seis alqueires,
quando o agrimensor mediu para passar a escritura, a área
tinha nove hectares, ou seja, Deus nos deu três alqueires
a mais. Além disso, a Dona Dora, que já estava
aposentada, doou o seu gabinete dentário para a Fazenda
da Solidariedade.”
Com o terreno nas mãos, a tão sonhada Fazenda
da Solidariedade, que neste ano de 2019 completa dez anos
de fundação, saiu da imaginação
transformando-se numa realidade juridicamente constituída
e reconhecida de utilidade pública, pelas três
esferas de governo (municipal, estadual e federal), tornando-se
apta a receber colaborações e firmar convênios
com as instituições públicas. “Essa
semana fiquei sabendo que só no ano passado nos atendemos
2.580 pessoas, na fazenda e no Bamsol – Associação
Cristã Banco da Solidariedade que é o nosso
centro administrativo. Não é uma alegria? Diz
Frei Valdo com o seu sorriso peculiar.” De minha parte
restou-me dizer: Dádiva de Deus.
Segundo
Frei Valdo entre 65 e 70 por cento dos acolhidos na Fazenda
da Solidariedade foram recuperados, entre eles muitos empresários
e profissionais liberais, outros ainda permanecem na Fazenda,
agora como funcionários, trabalham como monitores,
motoristas, professores, etc. e são exemplos vivos
para os novos acolhidos. Segundo ainda Frei Valdo são
muitas as inscrições, mas as vagas são
poucas, e a seleção é realizada através
de uma triagem, que passa por psicólogos, psiquiatras,
exames médicos, e principalmente a vontade própria
de se tratar, porque o tratamento começa por aí,
a pessoa tem que querer, ninguém é obrigado,
ninguém vai à força para a Fazenda da
Solidariedade, mas todos tem um membro da família que
é o responsável.
Perguntei ao Frei Valdo se não havia muita indisciplina,
discussões e brigas entre os acolhidos, ele disse-me
que não muita, porque lá existem regras que
devem ser seguidas, dentre elas o respeito, e essas regras
são muito rigorosas. Por exemplo: as discussões
e uso de palavrões, ou ofensas ao colega ou qualquer
funcionário contratado ou voluntário é
passível de no máximo três advertências,
na terceira o acolhido é imediatamente desligado, no
caso de agressão física o desligamento é
imediato. Mas isso pouco acontece, pois são muito cordiais
uns com os outros. Quis saber mais sobre a estrutura e o funcionamento
da Fazenda, e Frei Valdo nos informou que antes de colocar
a Fazenda em funcionamento ele passou algum tempo na Fazenda
da Esperança, na cidade de Guaratinguetá/SP,
que é uma comunidade terapêutica, considerada
a maior obra da América Latina, que regenera vidas
e famílias, sem que ninguém soubesse que ele
era padre, pois desejava ver de perto qual era o tratamento
dispensado aos acolhidos e não queria que a, digamos,
profissão de padre influenciasse de alguma maneira.
Disse ainda que essa experiência foi muito importante,
porque conhecendo o sistema lá aplicado ele pôde
adaptar à realidade na nossa região.
Uma dessas realidades é que em Guaratinguetá
eles têm condições de pagar muitos funcionários,
enquanto aqui nós só temos condições
de pagar uma psicóloga que a administradora de tudo,
do Bamsol e da Fazenda da Solidariedade, mas conseguimos bons
voluntários, e completou: “você sabe que
os voluntários trabalham com muito mais vontade do
que se fossem remunerados, pois trabalham com o coração”.
Disse ainda: “As nossas despesas são muitas:
alimentação, energia elétrica, gasolina,
folha de salário, encargos sociais...
por isso precisamos e contamos, graças a Deus, sempre
com as doações recebidas da população,
dos empresários, de nossas atividades
da Padaria da Solidariedade, a CODEVASF nos abriu um poço
artesiano, e tempos depois nós perfuramos outro, também
alguns deputados mineiros têm nos conseguido bens e
verbas para suprir as nossas necessidades. Este ano, por exemplo,
o Estado assumiu quinze dos nossos acolhidos, destinando à
Fazenda da Solidariedade uma verba mensal de R$17 mil reais.”
Perguntei ao Frei Valdo como é a chegada e a saída
de um membro acolhido na comunidade, ele nos disse que quem
faz o acolhimento são os próprios acolhidos,
é uma alegria enorme, pois o sentimento é de
que chegou mais um para ser curado, ser salvo das drogas,
qualquer que seja ela; e quando completa o período
de longos nove meses, tal como na gestação humana,
ao ver sair daquela comunidade terapêutica uma pessoa,
agora totalmente recuperada, a alegria é ainda maior,
é o milagre de Deus estampado naquela pessoa.
Com um sorriso largo acompanhado da frase: É o fruto
de um trabalho de acolhimento regado com muito amor, Frei
Valdomiro Soares Machado, o Carismático Frei Valdo,
põe a cabo a nossa conversa.
Obrigado, Frei Valdo!

UMA
TRAGÉDIA,
MAIS UMA, MAIS UMA...
Lá
por volta de 1967/68 ocorreu uma sequência de tragédias
em nossa região que não pode deixar de ser registrada.
Ela chocou e comoveu pela dramaticidade. Entretanto, por falta
de órgãos de informação a notícia
ficou quase que totalmente no anonimato. Depois caiu no esquecimento.
Apesar de já se ter passado mais de meio século,
eu ainda me lembro dos fatos e vou agora colocá-los
no papel. Pelo menos para que sirva de lição
e outras pessoas não venham a cometer as mesmas imprudências.
Peço perdão para um eventual lapso de memória
que me leve a omitir alguma informação ou detalhe,
mas vou tentar reconstruir a história exatamente como
ela aconteceu.
Um pequeno sitiante lá na região do Lajeado,
resolveu abrir uma cisterna em sua propriedade. O Lajeado
fica a aproximadamente uns 30 quilômetros a sudoeste
da Jaíba. Era muito comum a abertura de cisternas em
locais afastados dos rios. Normalmente a água ficava
em torno de 12 a 15 metros de profundidade e era farta. Mais
do que suficiente para saciar a sede dos animais e as necessidades
dos humanos.
Foram contratados, o cisterneiro e o ajudante. Eles colocaram
mãos à obra. A coisa funciona assim: até
à profundidade de um metro e meio o cisterneiro cava
o buraco e joga a terra para fora com a pá. Daí
em diante, o serviço tem que ser feito obrigatoriamente
a dois. Instala-se o sarilho com corda e balde. O cisterneiro
cava, coloca a terra no balde e o ajudante puxa para fora.
O ajudante tem que ser pessoa forte e de absoluta confiança,
porque o cavador fica lá embaixo, totamente vulnerável.
Se o balde de terra escapulir, é muito difícil
que o cisterneiro sobreviva. Serviço perigoso.
Muitos trabalhadores e habilidosos, os dois homens deram início
ao serviço. O proprietário era amigo e compadre
do cisterneiro e ficava sempre por ali para o caso de alguma
necessidade ou emergência. O trabalho prosseguia normalmente.
De hora em hora, o cisterneiro saía por alguns minutos
para repor o oxigênio, porque dentro do buraco o ar
é rarefeito. Depois de duas semanas de serviço
pesado, o buraco já estava com aproximadamente 12 metro
de profundidade e quase chegando à água.
Aí veio a primeira tragédia. O cisterneiro gritou
desesperado:
_Jogue a corda depressa! Deu gás!
A ocorrência de gás é um fenômeno
não muito raro na abertura de cisternas no norte de
Minas. Na maioria das vezes o cisterneiro consegue sair às
pressas e fica vários minutos recebendo massagem para
se livrar do gás tóxico que lhe invade os pulmões.
O serviço é abandonado, aquele buraco é
entupido e procuram outro lugar longe dali, sempre vigilantes.
Mas naquela hora não deu tempo.
O ajudante jogou a corda com o pedaço de pau amarrado
na ponta para o cisterneiro se sentar, e ele puxar rapidamente.
Mas infelizmente não foi possível. O gás
que vazou foi muito forte e o homem morreu na hora. Desesperado,
o dono do terreno e compadre do cisterneiro pegou uma corda
e desceu com intenção de amarrar o amigo pela
perna e puxá-lo para cima. Também não
conseguiu e morreu envenenado junto com o outro. O fedor de
gás veio à boca da cisterna e ninguém
conseguia chegar perto.
Com os dois homens mortos lá embaixo, as famílias
foram ao desespero. Ninguém sabia o que fazer. A notícia
se espalhou como fogo em pólvora. Em pouco tempo havia
dezenas de pessoas querendo mostrar sabedoria, dando palpites.
Parecia uma Torre de Babel.
Já era noite quando alguém se lembrou que apenas
os homens do Corpo de Bombeiros possuem equipamentos especiais
de segurança e máscara de oxigênio. Assim,
só eles, os bombeiros teriam treinamento, equipamento
e condições de chegar ao fundo da cisterna para
resgatar os mortos. Mas o Corpo de Bombeiros mais próximo
ficava em Montes Claros, a 240 quilômetros de distância
e com estradas péssimas.
Telefone, naquele tempo era um sonho distante. Na manhã
seguinte, alguém pegou uma bicicleta e foi para a Jaíba
com intenção de arranjar carona, seguir para
Janaúba e lá pegar o ônibus que o levaria
a Montes Claros para solicitar a ajuda dos bombeiros. A atual
cidade de Jaíba era apenas uma colônia com casas
de madeira, muito pobre. Não havia veículos.
O único meio de transporte para Janaúba era
o caminhão da empresa Rio Verde Agromadeirense, localizada
no Gado Bravo. Duas vezes por semana ele passava pelo povoado
indo a Janaúba levar madeira para a estrada de ferro.
O caminhão tinha passado para a fazenda e com certeza,
voltaria no dia seguinte. O portador ficou esperando, angustiado.
Por fim, a tão esperada carona chegou. Os passageiros
viajavam amontoados em cima da carga de madeira. A estrada
era péssima. Da Colônia da Jaíba seguia
pela margem esquerda do Rio Verde até Cachoeirinha,
atual Verdelândia. Lá, o carro atravessava o
Rio Verde e seguia pela mesma estrada ruim até Janaúba.
Do momento da tragédia até chegar a Janaúba
se passaram mais de dois dias.
Lá
no Lajeado a situação era desesperadora. Na
manhã do dia seguinte ao acontecimento, o fedor de
gás diminuiu e já foi possível às
pessoas se aproximarem da boca do buraco. Era perfeitamente
possível avistar os dois homens mortos lá embaixo,
um sobre o outro. Enquanto os bombeiros não chegavam
alguém teve uma ideia e a colocaram em prática.
Amarraram um pedaço de vergalhão em forma de
anzol na ponta de uma corda, na tentativa de “pescar”
os
mortos.
Depois de muitas tentativas, o anzol “pescou”
o pé de uma das vítimas. Tocaram o sarilho devagarzinho,
fazendo o morto subir dependurado, de cabeça para baixo.
Quando o corpo chegou a borda do buraco, descobriram que o
vergalhão o sustentava apenas pela ponta do pé.
Ao tentarem envolver a perna com outra corda, e pé
escapuliu e o homem desceu de ponta se rebentando sobre o
outro morto.
Virou uma bagaceira só. A cabeça dele afundou
no corpo da outra vítima. O crânio se achatou
e se abriu em dois, formando uma figura horrorosa. Com a cabeçada
que recebeu o corpo do outro quase se dividiu em dois. Quebrou
todas as costelas, partiu a coluna, fez explodir fígado,
pulmões, coração, estômago. Esparramou
tripa para tudo que é lado.
O mensageiro que foi buscar socorro só chegou a Montes
Claros três dias depois do desastre. Com o pedido de
socorro, o comandante dos Bombeiros agilizou a providências
para mandar uma boa equipe. Para cobrir os 240 quilômetros
de estradas péssimas até o local, o carro dos
Bombeiros levou mais de 8 horas e já chegou à
meia
noite.
Quase quatro dias já tinham se passado. Era madrugada
quando os homens do Corpo de Bombeiros conseguiram resgatar
os destroços que restaram dos dois homens. Deixaram
os dois junto a umas moitas de capim seco. Além da
decomposição natural, o contato com aquele gás
fedorento, deixou os bagaços dos corpos com um fedor
insuportável.
Ninguém,
a não ser o bombeiro com máscara de oxigênio
conseguia chegar perto. Naquela lufa-lufa, a lanterna do bombeiro
ficou no fundo da cisterna. Os corpos fediam demais. Alguém
sugeriu que se jogasse gasolina sobre os dois para neutralizar
o fedor e os deixassem lá mesmo até o amanhecer,
quando providenciariam o sepultamento. Tiraram do carro 10
litros de gasolina. O bombeiro com a máscara jogou
o produto sobre eles.
Por uma má sorte tenebrosa, a tampa do galão
de gasolina caiu no chão. Com a lamparina na mão,
o bombeiro displicentemente se abaixou a procurá-la.
O bico da lamparina caiu. Ouviu-se um grande estrondo. Por
pouco o bombeiro não morreu queimado. A língua
de fogo se levantou a vários metros. Os dois corpos
já em adiantado estado de decomposição,
impregnados pelo gás venenoso e com suas roupas encharcados
de gasolina se transformaram em excelente combustível.
A água mais próxima ficava a mais de duzentos
metros.
Os cadáveres se transformaram em brasas. O calor das
chamas foi tanto que ninguém conseguia aproximar-se
para jogar água. Quando as pessoas conseguiram debelar
o fogo os dois corpos já estavam quase reduzidos a
cinzas.
Acidentes ou tragédias não marcam hora nem lugar,
mas aquele acontecimento com certeza foi uma das coisas mais
tristes que já aconteceu em nossa região. Na
época, o episódio não teve repercussão
na imprensa. Talvez por causa do descuido do bombeiro para
pegar a tampa do galão que acabou por provocar o incêndio,
o próprio pessoal do Corpo de Bombeiros se negava a
dar informações sobre o ocorrido. Não
há notícias de qualquer publicação
sobre aquele fato, mas ele ainda está bem vivo na memória
dos antigos moradores da região.

DONA
MARIA DE JESUS
Maria
de Jesus, nasceu no Município de Rio Pardo de Minas,
no dia 08 de Março de 1910, às 13:00 Horas,
sendo a mesma registrada no Município de Porteirinha,
sob o n° 32. 308, Fl. 46, do Livro A nº 41. Filha
de Adriano de Souza e Virgínia Maria de Jesus, seus
avós paternos são: Sipriano de Souza e Maria
de Jesus, os maternos são Mônica Maria de Jesus
e Ronério de Tal. Dª Maria mudou-se para Porteirinha
em 1939, época em que ocorreu uma grande fome causada
pela seca, em algumas regiões do país. Foi morar
na Fazenda Lagoa do Mato de propriedade do Senhor Abel Mendes
da Silva (Seu Sula), próximo à cidade de Porteirinha.
Casou-se no ano de 1946, com idade de 35 anos, com o Senhor
Galdino Ferreira da Silva, que na época, já
era viúvo por duas vezes;. Ambos viveram apenas 19
anos, interrompido pela morte (Galdino), com 78 anos. Dona
Maria foi batizada pelo padre Julião e seus padrinhos
sr. Abel e esposa, já com a idade avançada para
nossa religião. Apesar da idade ela concebeu seis filhos:
Geralda Maria de Jesus em 1947; Maria das Dores 1948; José
Ferreira 1949, João Ferreira 1951; Maria das Graças
1952
e
Glória Dimara Silva 1955. É importante salientar
que Dona Maria apesar de sua pequena estatura física,
alimentava com abundância seus seis filhos e paralelamente
outras crianças da cidade. Mulher forte e destemida
no trabalho do dia-a-dia, principalmente torrando café
para mais de trinta famílias, lavando roupa para muitos
e às vezes fazendo faxina, etc. Mulher simples, alegre,
humilde, honesta e firme nas palavras. Não sabia ler
nem escrever, porém educou seus filhos na religião,
trabalho, educação, com rigidez e muito amor.
Possuía um grande dom divino, era exímia benzedeira
na cura de algumas doenças transmitidas por maus olhares.
Era dotada da mística cristã, pois participava
de todas as missas matinais e noturnas presididas pelo Padre
Julião Arroyo Gallo e posteriormente pelos padres Antônio
Rocha e Monsenhor Gustavo de Montes Claros. Foi a grande responsável
pela minha sobrevivência ao interceder à Deus
pela cura de uma convulsão que somente o milagre poderia
me salvar. Portanto sou muito grato, pelo que ela fez por
mim e por muitos desta terra. Faleceu no dia 10 de Abril,
de 1989, em Montes Claros, com 79 anos.


O
QUE TENHO PARA DIZER!
Foi
uma noite memorável, o auditório do centro cultural
Dr. Hermes de Paula, abriu suas portas para que então,
eu pudesse fazer o lançamento do meu livro, aquilo
tudo era novidade pra mim, e foi assim, diante de uma plateia
de amigos e familiares, que eu pude sentir o gosto de ver
o meu projeto saindo de simples rascunhos, até a impressão
do meu livro, foram anos de dedicação, sem ao
menos imaginar que um dia, esses meus rascunhos chegariam
até uma editora, se tornando realidade, e esse dia
chegou, me senti um pouco acanhado e surpreso, como todo marinheiro
de primeira viagem, quando se vê diante da imensidão
do mar aberto, mas meu mundo neste momento, não era
um oceano, e sim o espaço sagrado da cultura da cidade
de Montes claros, e diante de todos, li um pequeno discurso,
elaborado do meu jeito, à minha maneira, que começa
assim.
Pensei, pensei... e de repente me deparo com o meu livro Reminiscências,
que quer dizer “imagem lembrada do passado, o que se
guarda na memória” esses significados, são
a base do meu livro e
minha
inspiração, no decorrer da leitura, o leitor
vai me conhecendo, descobrindo algo sobre minha personalidade,
muitos por sinal, acabam se identificando com o conteúdo
do livro, várias pessoas, até então,
tem me relatado o reencontro delas e suas histórias
de vida.
O encantamento pela vida jamais me passou despercebido, aliás
nunca estive tão apegado com os fatos que presenciei
e guardei comigo durante minha infância, meus antepassados
e suas histórias de vida, revelaram pra mim algo marcante
e inesquecível, as dificuldades e os desafios não
os afastaram do foco principal, trabalhar a terra, tirar o
sustento da mesma, e formar uma família, à qual
me orgulho de pertencer.
E foi também, no transcorrer de várias páginas,
que procurei homenagear a figura de meu Pai, fatos que ilustraram
sua breve passagem por este mundo de forma rápida e
inesperada, palavras sinceras, frases e mais frases, definiram
muito da admiração por essa pessoa, que mal
cheguei a conhecer, sei que faltaram muita coisa para completar
essa minha homenagem pra ele, mas o tempo que me espere, eu
peço! peço que o mesmo não vá
tão depressa e me dê essa chance, quem sabe esse
tempo maluco e cruel, atenda o meu pedido.
E o que dizer de mãe, que veio de casa com discurso
anotado pra contar um pouco de sua vida e dificuldades, simplesmente
ela ignorou o que estava escrito e tirou de letra no momento
de se dirigir a todos com naturalidade e desenvoltura, agradecendo
por tudo que a vida lhe ofereceu, e foi com essa pessoa que
me deu a vida, que aprendi muita coisa, com sua determinação,
sua garra, fazendo de tudo para que as coisas não saíssem
do controle, não me esqueci da mesma durante meus relatos,
pois mãe, sempre foi minha inspiração
e minha consultora, para assuntos das memórias que
procurei mostrar ao longo das páginas do meu livro,
e era assim, eu perguntava, e ela me contava, contava, contava...
assim como em tempos idos, onde as famílias se reuniam
às portas das casas à noite e passavam horas
e
horas falando deles mesmos e sobre eles mesmos, pena que hoje,
os tempos são outros, o tempo suprimiu muito dos costumes
de outrora, famílias reduzidas, esparramadas e distantes,
essas coisas nos transformaram em pessoas procurando espaço
e oportunidade pelos quatro cantos do mundo, longe de nossas
origens.
Apresento o meu livro, cuja capa traz a foto de meus netos,
Elis maria, Arthur e Matteo, de maneira simples, sutil e reveladora
de um cotidiano o qual eu vivo, e me tornei um apreciador
sem limites, das coisas simples da natureza, da seca brava,
da ventania do mês de Agosto, da explosão e a
beleza do amarelo dos ipês, do canto dos passarinhos,
em especial aquele que mais admiro, o Bem-te-vi, da chegada
da chuva, e do barulho do trem que chega e sai desta cidade
de concreto e aço que não para de crescer, e
essa gente! de tantos causos sem hora marcada pra começar
e terminar seus assuntos, gente de alma pura, escrevendo sem
saber sua própria história, no seu dia a dia
de maneira real e despercebida por eles mesmos.
Agradecimentos, só não basta, eu quero me render
de coração, e desejar um muito obrigado, aos
meus filhos Vanessa, Jéssica e Fernando Lucas, com
suas anotações expressando todo o carinho por
este pai coruja, Antônio meu irmão marcou presença
no palco e fez relatos sobre a nossa família de forma
emocionante, mencionando mãe e sua grande missão
de criar a família sozinha.
Aos presentes que tiraram seu tempo me prestigiando nesta
noite de lançamento do meu livro, contribuindo para
que as coisas fluíssem de maneira harmoniosa, sem a
presença de vocês, provavelmente, nada disso
teria acontecido, já Carlão, um amigo de longa
data com seu dom natural de artista, levando emoção
e alegria à multidões por onde leva seu show,
ouvi-lo cantando utopia do padre Zezinho foi demais, a emoção
maior ainda, foi ver a plateia cantando com toda emoção
a música que retrata tão bem o valor de se ter
uma família, pra todos vocês meu sincero muito
obrigado, à nossa fotógrafa Fernanda minha sobrinha,
parabéns pelo trabalho nota dez,ao
Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros
na figura do Sr. Dário Teixeira Cotrim, que acreditou
no meu trabalho e me aceitou como membro do IHGMC, tornando
possível a publicação do meu livro, gratidão.
Quanto à minha família, cunhados, sobrinhos
e minhas irmãs, gratidão e muitos beijos, vocês
são mais que especiais pra mim.
À minha esposa Eremita Soares Barbosa, obrigado pela
dedicação, por fazer tanta coisa linda acontecer
em minha vida.
Tudo isso demorou pra acontecer, mas chegou em momento oportuno,
reescrevendo uma nova página em minha vida, mas valeu
a pena esperar.

DIA
MUNDIAL DO
MEIO AMBIENTE E DA ECOLOGIA
Estão
distorcendo a teoria de preservação ou conservação
como constituísse uma conspiração contra
o desenvolvimento econômico.
Estão usando O SANTO NOME EM VÃO! - Como exemplo:
de forma midiática... e não é assim!
O Meio Ambiente está em todo lugar: no campo, na floresta,
na cidade e em sua casa.
Desde final dos anos 60 - início da década seguinte,
um novo olhar sobre o meio ambiente vem trazendo para o homem
o repensar de ações que sejam menos agressivas
ao meio ambiente, ações fundamentadas nos preceitos
de todas as formas de vidas e seres vivos que possuem valor
intrínseco. E por isso, têm direito ao respeito,
independente do valor unitário para a humanidade!
A partir daí esta visão ganhou força
nos meios políticos e administrativos no Brasil e no
mundo, sendo verdadeiramente holística (globalizadora)
e passamos a compreender melhor o meio ambiente e a forma
de tratá-lo com respeito.
Aprendemos
as dimensões da sociedade que deve possuir sustentabilidade
e ser a expressão da convivialidade, não só
dos humanos, mas, de todos os seres entre si.
Precisamos recuperar - conservar e preservar nosso ambiente,
temos que acabar com a forma antropocentrista de pensar que
o ser humano é o rei e o centro do universo, e que
os demais seres só existem para nos servir - estão
aqui disponíveis a nosso bel-prazer.
Face deste antropocentrismo que até hoje somos testemunhas
indubitáveis dos crimes contra os nossos recursos naturais.
Além dos desmatamentos da nossa cobertura vegetacional
- a “pirataria” está ACABANDO com a nossa
fauna e já nos tirou o direito à soberania dos
“princípios ativos” dos recursos medicinais
da nossa flora.
O pior, é que as empresas degradadoras do ecossistema
não se preocupam com a legislação ambiental,
pois, a morosidade dos processos criminais os instigam a recorrerem
das punições por meios administrativos ou pela
justiça – esses processos podem arrastar-se por
anos e anos. A absurdidade, é que algumas delas são
outorgadas com o prêmio “Mérito Ambiental”
pelo o Codema local.
Veja o nosso cerrado... Ele abriga a “mais rica savana
do mundo”, tem uma grande biodiversidade – endemismo
e recursos hídricos valiosos. Contudo, a importância
do nosso cerrado não é reconhecido como deveria.
Há muitos anos (décadas) o cerrado é
vítima dos silvicultores que, por meio da monocultura
do eucalipto e/ou pinus vêm destruindo essa riqueza.
Neste momento que estamos discorrendo a política de
preservação do meio ambiente, é muito
oportuno falar do “ouro azul”! Até poucas
décadas pretéritas, a água era considerada
como um “recurso natural renovável” –
em geral, um recurso abundante, que poderia atender sem restrições
a quase todas as demandas que viessem a ser requeridas. Até
então, sua carência era sentida apenas nas regiões
semiáridas – fato considerado grave, porém
natural! Entretanto, a
partir da Conferência de Dublin na Irlanda em Janeiro
de 1993 (há 30 anos), a água passou a ser considerada
como um recurso infinito e, sobretudo, vulnerável diante
das mudanças climáticas. A água hoje
faz parte da pauta mundial de discussões, um bem econômico
cada dia mais valorizado, e para preservar esta preciosidade
é necessário o envolvimento da sociedade para
que possamos implementar uma gestão integrada que visa
a conservação e a preservação
do Meio Ambiente e consequentemente a qualidade de vida.
Precisamos de pessoas comprometidas com o inter-retrorelacionamento
de todos os Sistemas, ou seja, com a ecologia. Não
podemos acreditar em oportunistas e pseudos-ambientalistas
que creem que o meio ambiente é uma moda bonita - e
só!

Muitos
andam pregando o que não sabem na hora de agir arredam
da responsabilidade por falta do compromisso com o meio ambiente
ou mesmo o conhecimento. Se não cuidarmos do planeta
como um todo - poderemos submetê-lo em grave risco de
destruição de parte da Biosfera – no final,
inviabilizar a própria vida na terra, transformando-a
num deserto – ossuários e tumba da natureza!
Em 2025 iremos chegar na 30ª Conferência das Partes
- Convenção- Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) que será
realizada no Brasil. Estarão discutindo as mesmas questões
anteriores acerca das degradações que impactam
o meio ambiente suscitando as mudanças climáticas.
Esperamos que as discussões na COP-30 não fiquem
somente na defesa das Florestas Amazônia – mas,
nas proposições compostas para a defesa dos
biomas: Cerrado, Caatinga e a Mata Atlântica. Será
importantíssimo que a COP-30 estabeleça as condições
técnicas e institucionais estratégicas para
o desenvolvimento sustentável, visando estimular o
capital produtivo, de forma aperfeiçoar a utilização
dos recursos naturais substituindo os métodos vorazes
da destruição, por outras mais sustentáveis
ecologicamente corretas e socialmente justas.
Em tempo: “A Terra está falando, ela nos diz
que não temos mais tempo”. (Txaí Suruí).

MORRO
DOIS IRMÃOS DE MONTES CLAROS
O morro “Dois Irmãos” de Montes Claros
é parte do patrimônio tombado pelo Conselho Municipal
de Patrimônio Artístico e Cultural de Montes
Claros (COMPAC). Pela preservação do futuro
e valorização de seu patrimônio histórico,
material e imaterial.
Na bandeira do município de Montes Claros e no brasão
estão inseridos sua imagem de relevância histórica,
cultural e natural da cidade.
Morro significado Monte. Ambos parceiros. Claros que clareia
brilhante com muita luz natural, do sol que nasce no horizonte
leste pela manhã. E Oeste lado situado os dois montes
onde o sol se põe no horizonte. Visto ter por fim rasgar
os horizontes do nascer ao morrer. Horizontes não longínquos.
Diante da janela de minha residência tenho uma visão
privilegiada de avistar os dois montes. A beleza e a harmonia
do horizonte da serra tomam conta da natureza. Evidencia o
estado que se acha o mundo no presente momento. Natureza idealizada
pelo Senhor dos
mundos,
com tudo o que ela tem de bom para nos dar e apreciar e
dela fazer bom e proveito uso, gozar deste fruto da criação.
Vislumbra
com tanta apoteose os últimos raios do sol do mês
de maio, que
descamba além do horizonte se escondendo, atravessa
para traz da
espalda esquerdo do morro irmão menor. Com esta conjugação;
é o
mais perfeito modelo de concisão, verdadeira ‘obra-prima’
de sublimidade.
Encanto das paisagens emitindo colorações
e muitos outros
elementos da natureza.
Minha residência situada topograficamente do terreno
de aclive,
região mais alta de Montes Claros, Bairro Independência.
Formato
de uma planície superior, parte entorno, na divisa
muito elevada
como se estivesse subindo morro. Declividade de um zênite.
Do ponto de vista histórico e geográfico especificamente
minha
residência, localiza geograficamente na parte mais alta
territorialmente
do bairro, espaço aberto, que alcança olhar
uma vista
panorâmica e ser observada toda a cidade, local um verdadeiro
mirante,
um zênite com toda a vista do centro da cidade de Montes
Claros, visão de boa parte da serra do Parque Estadual
Lapa Grande.
Uma área de proteção ambiental natural,
privilegiada para contemplação
das belas paisagens, dos montes, e da formação
no lado
abaixo, ‘prados’ nos entremontes, onde se encontra
com a zona urbana
da Cidade.
A cidade norte mineira me acolhera com todo o afeto, como
se
fosse um irmão de quem se tem muitas saudades. “Prados
nos entre
montes”.
Logo, o resultado dessa junção derivada dos
dois nomes próprios
relacionados, originários do Prefácio intitulado
“Prados nos
entremontes” afluente concurso do estimado historiador
e cronista
montes-clarense dr. Dário Teixeira Cotrim – 2021.
Etimologia: Prado; vale planície nos montes, ou seja,
prado entre
os montes claros – brilhante e luminoso.
Prados
nos entre montes esmeram em cheganças tamanhas,
paulistano de nascimento e montes-clarense por vivência.
Revela um
símbolo social no Instituto Histórico e Geográfico
de Montes Claros.
O Morro “Dois Irmãos” tem muito mais significado
quando
elevado e reconhecido por toda a natureza oferecida pelo criador
supremo, majestade divina, os bens mais preciosos um ato de
amor
dos dias consagrados.
Ao cair da tarde apresso, prontamente, um pouco logo ao
poente tudo observo o morro Dois Irmãos testemunha
de uma sabedoria
de Deus, harmonia do universo na esfera da natureza. Meu
plexo solar se põe em receptividade com luminosos raios
do sol em
confluência com os dois morros. Se desdobram com tanta
harmonia,
inspira elevados pensamentos.
O esplendor neste instante do entardecer dos meses de maio
junho, representando pensamento que avulta da terra ao céu
e me
concita a dizer: “Assim é Deus”. A minha
alma cai em letargia e penetra
na região da luz, e digo ao meu iniciador: “Deste
modo é Deus”.
Deus dentro de nós fazendo brilhar a luz e viver em
paz com a consciência
e em união a consciência divina. Nobres motivos
para dirigirmos
ao Senhor nossas preces em pequenos arroubos
de misticismo
entro no silêncio da mais íntima comunhão
com Deus criador, que é
sempre o bem para todas as criaturas. Uma nova harmonia ‘em
todas
as obras’ da criação. Desde o raminho
de erva minúscula e o pequeno
inseto até os astros que se move no espaço,
o nome se acha inscrito
de um ser soberanamente grande e sábio. Por toda a
parte se nos depara
a prova de paternal solicitude. No cosmo reina uma harmonia
absoluta a beleza e a elegância se manifesta. Onde tudo
é perfeito e
nada falta, grande manancial de harmonia é Deus, o
logos solares.
Havendo criado os mundos, os fez e os criou de sua própria
essência
e substância e semelhantes a sua imaginação.
O dispensador de
todas as graças, e possuidor de todos os bens, o Senhor
absoluto de
uma vontade incomensurável, mas o acrisolador do mais
puro e pe
regrino
amor, idealizou, criou e materializou em várias e sucessivas
rondas, o cosmos com tudo o que ele tem de bom e agradável.
Vibração
de harmonia que nos desperta a íntima união
com Deus Criador.
Sentimento religioso apresentando sinal de maturidade suficiente
para compreender um criador. Condições de assimilar
o conhecimento
transcendente, compreendendo a unidade de Deus. Irradiação
e beleza na magnífica
visão da imagem do sol e o morro Dois
Irmãos. Símbolo da luz divina, por si já
é uma verdade, símbolo da
luz universal. Pequeno desprendimento, à meditação
conseguimos
transpor as zonas imediatas.
Quadros que ficam gravados em nossa
mente, sempre pelo desejo de desvendar o espaço infinito.
Pus-me a
mirá-lo, querendo perscrutar o que existe ocultamente
nas imagens
em seu interior e desvendar o segredo de seu misterioso e
interessante
iluminação solar. O disco solar, representação
solar e o reflexo,
de sua própria imagem a qual se oculta muito além
deste sol; necessário
se faz saber que é com os pés apoiados na terra,
mas com
o Coração, os pensamentos e os sentimentos voltados
para Deus,
que o homem chegará a ser o dono e herdeiro da terra
e senhor
dos elementos. Por essa razão devemos estar sempre
de sobre aviso,
perscrutando a nossa alma, para animar-se de toda a imperfeição
e
fazê-la moldável ao ideal superior de nossa origem
divina.
Se me afigura estar no centro desta bela e radiosa luz solar
o nosso ideal – Deus – o que me satisfez a representação
exotérica.
Mostra-nos e aponta-nos a chegar a ver Deus e senti-lo, dentro
de
nós, isto é, como podemos chegar a receber o
Santo Batismo de uma
iniciação exotérica e bela exposição
e excelentes ideias e intentos.
Conforme, pois, as circunstâncias e o tempo, somos guiados
aclarando
o caminho terreno que tem por iluminação a gama
de todas
as cores reunidas e subdivididas, representando cada um deles
os
vários caminhos pelos qual trilhamos. Também
múltiplos são os caminhos
que teremos que escolher para vislumbrar estes planos ou
o caminho que nos levará de regresso à casa
do pai sem, entretanto
sabermos qual seja. Em Montes Claros, grande é o número
de companheiros ideais e afetos amigos que me rodeiam e desfrutam
os prazeres
que o mundo nos oferece e entrever a esplêndida
e brilhante
explanação. Prazer que nos dá tanto entusiasmo
nos desperta, sem
distinção de classe e grau de amizade. Algo
sublime.
Após esta hora o dia começa a morrer. O horizonte
se tinge de
cores tristes e esbatidas, lembrando uma grande e magnífica
aquarela.

O morro Dois Irmãos e os prados; planície entre
os montes. Generosamente os prados se espalham sobre as margens
da serra num clima agradável a presença humana.
Todas
as vezes que observo o cair de uma linda e radiosa tarde,
levando horas a fio, divagando e devaneando a chegada neste
momento
da ora angelical. O sol descamba no horizonte, o céu
se tinge
de um azul violáceo que comove e transporta-nos aos
paramos angelicais.
Hora sagrada do ângelus.
A obra de Deus é colaboracionista e ninguém
pode viver só
para si, como diz São Paulo. Todos fazemos parte desta
grande família
que tem por Pai comum, Deus e por Mãe, a sábia
Natureza.
É esta, uma rápida descrição,
a interpretação da figura que
ilustra esta matéria e dar publicidade de uma gloriosa
e silente hora
angelical, com o crepúsculo transmite estas páginas
de amor e compreensão.
DOBRADO
PARA UM HERÓI
Durante o XXXIII Encontro Nacional dos Veteranos da FEB, realizado
em Montes Claros no período de 13 a 16 de julho de
2023, foi comemorado o centenário de nascimento do
cabo Geraldo Martins de Santana, ocorrido no dia 29 de março
deste mesmo ano. A homenagem ao herói montes-clarense
morto em combate na Segunda Guerra Mundial, dia 9 de novembro
de 1944, foi promovida e coordenada pelo professor Júlio
César Guedes Antunes, do Instituto Federal do Norte
de Minas, em parceria com o 55º Batalhão de Infantaria
do Exército Brasileiro e outras entidades representativas
da sociedade local. Como parte das solenidades, foi executado,
pela banda de música daquele BI, o Dobrado Cabo Santana,
de autoria do maestro Aldo Mineiro e Souza que, em visita
ao Instituto Histórico e Geográfico de Montes
Claros, ofereceu uma cópia das partituras, para constar
de nosso arquivo histórico.
BIOGRAFIA
ALDO
MINEIRO E SOUSA, filho de Antônio Sobrinho e Adelaide
Barbosa de Sousa, nasceu em Rio Pardo de Minas-MG, no dia
19 de novembro de 1954. Em 1958, mudou-se para Porteirinha-MG,
onde, aos cinco anos de idade, começou o estudo de
Música com seus pais, antes de ser alfabetizado. Ao
ingressar na Polícia Militar, foi indicado para a banda
de música do 10º BPM.
Após fazer o curso de cabo, comandou o destacamento
de Engenheiro Dolabela. Voltando para Montes Claros, foi direto
para a mesma banda de música, onde exerceu as funções
de arquivista e secretário, além de tocar diversos
instrumentos, de acordo com as necessidades da banda. Após
ser transferido para a reserva da Polícia Militar,
fundou a banda de música municipal de Montes Claros,
hoje extinta. Foi convidado para fundar a banda de música
do 55º BI, que se encontra em atividades até o
presente momento. Já compôs 14 dobrados, 1 polaca
e 1 maxixe. Atualmente, presta serviço voluntário
no 55° BI, no Programa Força no Esporte-PROFESP,
ministrando aulas, no intuito de formação de
uma banda de música com jovens.

SANTA
CASA DE ANTIGAMENTE
Hoje
com 150 anos e 450 leitos, sendo 80% do SUS, a Santa Casa
de Montes Claros foi criada em 21 de setembro de 1871 pelo
primeiro médico da cidade, Dr. Carlos Versiani e o
Cônego Antônio Gonçalves Chaves. Faz parte
das Casas de Misericórdia, com fins humanitários.
O endereço foi no Largo de Cima, depois chamado Praça
Dr. Carlos Versiani. Mudou-se para a Avenida Coronel Prates,
então Rua Jatobá, em pequena sede, depois foi
construído um novo prédio que vem ampliando-se
e adquirindo anexos, num tal crescimento que se tornou o hospital
mais importante do norte de Minas. Foi administrada pela Congregação
das Irmãs do Sagrado Coração de Maria
de Berlaar, e de 1911 a 1952 teve em seu comando a holandesa
Irmã Beata – Irmã Maria Beatrix - Wilheumina
Lawen, uma importante figura da entidade.
Minha mãe Milena Narciso estudou medicina de 1969 a
1974, ano em que se formou pela primeira turma da FAMED -
Faculdade de Medicina do Norte de Minas, pertencente à
FUNM – Fundação Norte Mineira de Ensino
Superior, depois Unimontes – Universidade
Estadual
de Montes Claros. Logo nos primeiros anos, a ligação
da FAMED com a Santa Casa foi grande, com os acadêmicos
frequentando o local. Comecei o curso de medicina no ano em
que minha mãe finalizava o dela. Quando Milena era
chamada para fazer um parto no hospital onde trabalhou como
obstetra por 28 anos, eu ia com ela, que queria incutir em
mim o gosto pela obstetrícia. Cheguei a fazer muitos
partos, inclusive dois deles gemelares; meu interesse cumpria
as cargas curriculares e, estive por mais de um ano frequentando
a maternidade de indigentes.
O termo é deplorável, mas naquele tempo as pessoas
eram categorizadas ao chegar ao hospital. Nas acomodações
mais simples, ficavam as pessoas do Fundo Rural e os indigentes;
na outra ala os doentes do INAMPS – Instituto Nacional
de Assistência Médica e Previdência Social.
Nos apartamentos ficavam os pacientes particulares. Quase
não havia empresas de convênios médicos.
A Irmã Maria Thaís – Albertina Dias Correia
era a diretora da Santa Casa; Irmã Veerle – Maria
Juliana Wandekeybus comandava a Pediatria, Irmã Malvina
a Maternidade, Irmã Irene a Enfermaria de Homens e
na Enfermaria de Mulheres, houve um rodízio de freiras.
Os médicos com os quais eu me entendia nos estágios
do sexto ano de medicina eram Athos Avelino Pereira, Osmar
Avelino Pereira, Cláudio de Souza Lima Pereira, Geraldo
Mota, Walter Lima, Paulo Denucci, Maria de Jesus Santos Rametta,
Christina Peres, Milena Narciso, José Rametta, Lício
Fábio Gonçalves, Ivan Lopes, Aroldo Tourinho,
Konstantin Christoff, Tancredo Macedo, e outros.
Os medicamentos e materiais hospitalares ficavam em móveis
metálicos brancos com a chave dependurada na porta.
Caso funcionários da administração, médicos,
acadêmicos, atendentes de enfermagem (quase não
havia técnicos e apenas uma enfermeira no setor da
maternidade, que naquela época coordenava as internações)
precisassem de algum item, inclusive para usar em si mesmo,
era
só pegar. Os remédios controlados (não
havia tarja nem prazo de validade) ficavam fechados.
Não havia AIDS – Síndrome de Imunodeficiência
Adquirida, assim tudo era reutilizado após ser lavado
e mergulhado em antissépticos. As agulhas ficavam rombudas
e reutilizadas ad eternum. As seringas eram de vidro e fervidas
para a reutilização. As luvas de látex
eram lavadas, remendadas com partes de outras luvas e coladas,
então, ficavam secando à janela, depois entalcadas
e colocadas em caixas de alumínio com comprimidos de
formol.
As parturientes vinham com a barriga e a roupa do corpo. Eram
paupérrimas em seu vestidinho curto e sandálias
de borracha remendada. Nada traziam, e quando a criança
nascia era preciso que as freiras arrumassem uma roupinha
de doações para vestir o recém-nascido.
As crianças com gastroenterite chegavam morrendo no
Pronto Socorro. A doença principal era fome. Pareciam
crianças da Somália ou Biafra, mas eram brasileiras.
As mães miseráveis eram tão famintas
quanto suas crianças. Muitas delas nem chegavam a ser
internadas.
Vinham
dar o último suspiro na porta do hospital. Nada havia
para fazer, mas Irmã Veerle fazia mágicas dentro
da sua enfermaria, com seu jeito enérgico de estrangeira
que nunca aprendeu a falar o Português, operava milagres,
muitos deles presenciados por mim naquela época de
estudante e depois quando por lá trabalhei durante
dez anos.
A Doença de Chagas grassava pelos campos. Pessoas jovens
chegavam
sem fôlego e inchadas por insuficiência cardíaca
ou com megacolon chagásico, sem eliminar fezes por
meses. Também eram comuns os casos de esquistossomose
com as apavorantes hematêmeses, os vômitos que
enchiam bacias de sangue. A morte era quase certa, porque
não havia endoscopia ou recurso eficaz para parar a
hemorragia.
A
leishmaniose cutânea era assustadora e deformante. Um
jovem perdeu quase todo seu nariz e ocultava seu rosto deformado
com um pano sujo de sangue. Outro homem tinha hanseníase
e perdeu todo o seu pé. O técnico em enfermagem
colocava o doente sentado à beira da cama, com o pé
dentro da bacia de água e ia retirando os pedaços
dormentes e quase soltos.
Uma mocinha tomou veneno de rato. Não havia CTI. Ficou
num respirador primitivo na enfermaria por alguns dias. Pela
sua boca saiam pedaços da sua garganta. Por fim morreu.
Uma mulher foi mordida por cachorro contaminado e pegou hidrofobia.
Não havia medicação específica.
Ficava sedada trancada num quarto. Não a vi. Era impossível
lidar com ela sem medo.
Athos Avelino Pereira era um médico muito humano e
examinava os doentes com um respeito impressionante. Geraldo
Mota era o mago do diagnóstico. Sentava-se ao lado
do leito, com sua mão sobre a barriga do doente e ficava
pensando. Não havia ultrassom.
De repente ele dizia: vamos abrir. É apendicite. E
era. São vivências da medicina de muitos anos
atrás, quando entrei nesse mundo médico.

Santa
Casa em 1978
Mesa
ao ar livre
Orfanato
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

ANA
VALDA XAVIER VASCONCELOS
Adeus amiga irmã, descanse em paz! Ana Valda nos legou
seu exemplo de dinamismo, dedicação e alegria
de viver. Inúmeros amigos e amigas lamentam sua partida.
Fostes muito cedo certamente, por ter vivido intensamente
todos os momentos de sua vida.
Ana Valda Xavier Vasconcelos nasceu em 10 de julho de 1946
em Francisco Sá MG. Seus pais biológicos Jacy
Rodrigues de Vasconcelos e Violeta Rodrigues Xavier. Pais
adotivos: José Trindade e Maria das Dores Xavier.
Estudou o Curso Primário na Escola Eliseu Laborne,
em Francisco Sá, o Curso Ginasial em Diamantina e o
Magistério na Escola Normal em Montes Claros.
Iniciou sua vida profissional lecionando no Curso Noturno
para adultos na Escola Estadual Eliseu Laborne. Foi Coordenadora
do Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL).
Com a fundação da Fafil (não sei direito
o nome), hoje Unimontes, graduou-se em Ciências
Naturais e passou a lecionar na Escola Estadual Tiburtino
Pena até se aposentar.

Na área política foi a primeira vereadora a
ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de Francisco
Sá e primeira presidente e foi conduzida à Câmara
pela segunda vez. Ocupou o cargo de Secretária Municipal
de Cultura, quando fez um extraordinário trabalho,
ultrapassando os limites de Francisco Sá. Irrequieta,
curiosa e muito sensível, transitou por todos os meios
artísticos e culturais do Norte de Minas. Ao seu querido
Francisco Sá, Brejo, levou e realizou diversas atrações
artísticas, tais como, recitais, concertos vocais,
e instrumentais, encontros de corais, óperas, musicais,
teatros, música popular de variados estilos e gêneros,
orquestras eruditas, bandas, artes visuais, artesanatos, grupos
folclóricos, serestas, folias, festas juninas, carnavais,
grupo de poesias, sem esquecer o notável Projeto Circulador
das Veredas.
Participou da fundação do Coral Brejeiro, sendo
sua diretora administrativa. Colaborou com o Coral Universitário
da Unimontes, ano de sua fundação em 1993 a
1996, também do Coral em Cy, Coral Coração
em Coração de Jesus, em Várzea da Palma
e do Seminário Maior. Locutora de rádio em Francisco
Sá e Montes Claros. Associada do Rotary Club de Francisco
Sá-Norte e Associação das Damas de Caridade
de Francisco Sá. Presidente do Elos Clube de Montes
Claros, membro do Instituto Histórico e Geográfico
de Montes Claros. Várias outras colaborações
e grande incentivadora de ações culturais, artísticas
e sociais.
De Colunistas Sociais, recebeu todos os prêmios e honrarias.
Há muito mais a falar e exaltar dessa grande mulher,
cujo dinamismo extrapolava e atingia limites extraordinários!
Viva
e reviva Ana Valda!
JOÃO
ALENCAR ATHAYDE
João Alencar Athayde nasceu em Coração
de Jesus no dia 02 de fevereiro de 1919 e faleceu no dia 21
junho de 1969. É o patrono da Cadeira 51 do Instituto
Histórico e Geográfico de Montes Claros –
IHGMC.
Filho de Antônio Versiani Athayde e Pedrelina Alencar
Nobre; neto paterno de Francisco de Souza Athayde, açoriano
que emigrou para o Brasil aos 25 anos de idade, fixando-se
inicialmente no Rio de Janeiro, onde se tornou comerciante
e conheceu Jerônimo Fernandes, filho de Luiz Afonso
Fernandes e de Mariana Versiani de Castro, montes-clarense
que fazia negócios naquela cidade, em 1882, conforme
o historiador Hermes de Paula. Francisco de Souza Athayde
casou-se com Augusta, neta de Jerônimo Máximo
de Oliveira e Castro¹, com quem teve 8 filhos: Francisco,
Feliciana, Luiza, Antônio, Maria Augusta, Maria da Conceição,
Jerônimo e Alda.
_________________________
¹Jerônimo Máximo de Oliveira
e Castro, natural de Ouro Preto – MG, cursou Direito
em São Paulo. Em Montes Claros, onde foi o primeiro
juiz, casou-se com Mariana Versiani, filha de Pedro José
Verciani e Angélica Cláudia Pereira Pena, com
a qual teve quatro filhos: Jerônimo, Mariana, Feliciana
e Sérgia. Enviuvando-se, casou-se com Joana do Carmo
Orsini e Castro, natural de Contendas, atual Brasília
de Minas, filha de Lourenço Orsini Grimaldi. Jerônimo
Máximo e Joana do Carmo foram pais de Torquato, o qual
se casou com Rita Câmara, sendo pais de Ambrosina, Elisa,
Torquato, Nelson, Artur, Olinto e Luiz.
_________________________
Antônio Versiani Athayde casou-se primeiro com Pedrelina
Alencar, com quem teve apenas João Alencar Athayde.
Segunda vez casou-se com Alíria Prates, filha do professor
Benício Antunes Prates e Olegária Barbosa Prates.
Antônio e Alyria foram pais de 6 filhos: Yolanda, Antônio
Augusto Athayde, Hilda, Neuza, Hildeu e Maria Aparecida.
João Alencar Athayde diplomou-se em Direito pela Universidade
Federal de Minas Gerais – UFMG; pertencia a um dos principais
escritórios de advocacia de Belo Horizonte, de onde,
em 1944, retornou definitivamente a Montes Claros para colaborar
com seu pai, Antônio Versiani Athayde, já então
um dos maiores pecuaristas da região. Atuou pouco tempo
como Prefeito municipal de Coração de Jesus
e, em Montes Claros, a convite de ruralistas locais, assumiu
a presidência da Associação Rural de Montes
Claros, quando projetou um dos melhores Parques de Exposições
do país – Parque de Exposições
João Alencar Athayde. Ainda nesse período, o
então presidente liderou a criação e
a construção da Cooperativa Agropecuária
de Montes
Claros e do Frigonorte. O historiador Nelson Viana acrescenta:
foi também diretor da CAMIG e, como diretor da FAREMG,
atual Federação da Agricultura e Pecuária
do Estado de Minas Gerais – FAEMG, estava sempre presente
nas suas reuniões e da Confederação Rural
Brasileira e integrava o Grupo de Trabalho para a Pecuária
de Corte no Norte de Minas e do Vale do Jequitinhonha.
Outras ações de João Alencar Athayde
merecem destaque: foi presidente do Lyon’s Clube de
Montes Claros, participando de serviços humanitários
para contribuir com o bem-estar das pessoas carentes.
Participou, ainda, ativamente, sob a liderança do bispo
Dom Luiz Victor Sartori, do movimento para a vinda da CEMIG
para Montes Claros a fim de minimizar os problemas de energia
elétrica da cidade.
___________________________________
Fontes
BRASIL, Henrique de Oliva. História e desenvolvimento
de Montes Claros. Belo Horizonte: Lemi, 1983.
VIANNA, Urbino de Sousa. Montes Claros: breves apontamentos
históricos, geográficos e descritivos.
Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais,
1916.
VIANNA, Nelson. Efemérides Montesclarenses, parte I.
Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti Editores, 1964. Edição
fac-símile.
A
ARTE RUPESTRE:
AS MARCAS E EXPRESSÕES DO HOMEM
PRÉ-HISTÓRICO NORTE MINEIRO
1.
INTRODUÇÃO
A elaboração deste trabalho parte do princípio
que existe a necessidade da comunidade Verdelândense1
em despertar o interesse pela preservação do
Sítio Arqueológico existente em seu Munícipio,
sítio este com uma gama de figuras rupestres expressas
nas paredes rochosas da Serra, a qual pertence a formação
da Serra Geral do Norte de Minas Gerais. Sendo composta por
mais dezesseis (16) municípios, dentre ele a Cidade
de Verdelândia – MG.
Descreveremos a geomorfológica do local, identificando
os tipos de rochas existentes, tipos de solos presentes e
descrição dos períodos geológico
no qual estão inseridos este fragmento da Serra Geral.
A caracterização da evolução será
discutida em duas vertentes: sendo a primeira vertente com
ênfase no criacionismo, onde os seres vivos têm
origem divina com forma única e imutável. Já
a segunda vertente discutiremos o processo evolutivo das espécies
proposto por Darwin, fazendo uma correlação
com outros autores que se baseiam
em experimentos genéticos com a utilização
do gene FOXP2, sendo este gene responsável diretamente
pelo desenvolvimento do canto das aves e da voz humana. Deixando
a percepção que em algum ponto do passado remoto
houve uma ramificação das espécies.
As Figuras Rupestres serão analisadas e caracterizadas
de acordo as suas formas geométricas, tipo da cor,
formação de misturas para produção
de tintas. Será realizado medição para
verificar a posição em que o homem pré-histórico
estava produzindo as pinturas. Para tais comprovações
foi realizado visitas no Sitio Arqueológico por diversas
vezes visto que o local é de difícil acesso.
Nestas visitas, foram feitas fotos das figuras, (ver fotos)
medições com o objetivo de verificar a altura
das figuras, com relação ao solo. Os materiais
utilizados foram; fita métrica, câmera de alta
resolução, caneta, papel, programa Google Earth
Pro, analise de livros, periódicos, GPS Geodésico
e pesquisa em sites eletrônicos, para a realização
deste trabalho.
2. DESENVOLVIMENTO
1. CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA
O município de Verdelândia – MG, está
localizado na mesorregião do Norte de Minas Gerais²,
incluído na micro região de Montes Claros. Às
margens do rio Verde Grande afluente do Rio São Francisco,
com acesso a região pela MG – 401 que liga o
Município a Janaúba – MG (Sul) e Jaíba
– MG (Norte). Sendo o município constituído
por um fragmento da Serra Geral. Local este onde se desenvolveu
o presente trabalho.
A formação geológica do sitio pesquisado
é pertencente a Província São Francisco³,
pertencente ao Éon Proteozóico a Era Neoproteozóica,
Período: Criogêniano que varia entre os 850.000,000
à
_____________________________
2. Coordenadas geográficas: 15°
35’ 20” S, 43° 36’ 10” O.
3. Segundo CPRM: SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL.
_______________________________
650.000,000
milhões de anos, descritos pelas sigas NP3tm (CPRM,
2023), pertencente ao Grupo Bambuí, Formação
Três Marias (tm): constituído de arcóseo
, siltito e argilito . Também composta por grupo NP2bp
(CPRM, 2023), NP2LJc (CPRM. 2023), Formação
Lagoa do Jacaré com constituição de calcário,
calcarenito, marga, siltito e rocha ígnea, descritos
na sequência.
Calcário: rocha sedimentar constituída de carbonato
de cálcio, pode ter presença em outros compostos.
Quando submetida ao metamorfismo, passa a denominar-se mármore,
com cor cinza escura. Calcarenito: rocha calcárica
composta predominantemente por detritos carbonáticos.
50% granulometria areia, fragmentos oóide, conchas,
corais, intraclastos calcáricos, fragmentos mais antigos,
cor predominante clara. Marga: solo cimentado resultante da
mistura de um solo argiloso com carbonato de cálcio,
35% a 60% de argila. Cor clara. Siltito: rocha sedimentar
clástica formada pela deposição e litificação
de sedimento com grãos de tamanho silte, intermediários
entre a areia e a argila. Cor clara. Rocha ígnea. Rocha
magmática ou rochas eruptivas. A formação
da rocha ígnea vem do resultado da consolidação
devido ao arrefecimento do magma derretido. Com cor escura
preta. (WIKIPÉDIA. 2023).
Mapa 1: Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo:
Brasília. (Recorte adaptado)
_______________________________
4. Arcóseo. É um arenito
com quantidade relativamente alta de feldspato. No geral,
os arenitos são constituídos apenas por grãos
de quartzo (quartzo – arenito), mas quando apresentem
feldspato em grandes quantidades, passam a serem denominados
arcóseos ou arenitos feldspáticos. (Didático,
2023).
5. Siltito. É uma rocha sedimentar clástica.
(WIKIPÉDIA, The Free encyclopedia, 2023).
6. Argilito. Rocha compactada produzida pela compressão
de argilas e clivando-se segundo planos de estratificação.
É também chamada argila xistosa. O argilito
é uma rocha mais dura que as argilas comuns ou os folhelhos,
e mais mole que as ardósias. (Guerra, 2011).
7. Oóide. É uma concreção pequena,
esférica elipsoidal de carbonato de cálcio que
geralmente se formou em torno de um núcleo como um
fragmento de casca ou um grão de quartzo. A palavra
oóide tem origem grega e significa ovo. (WIKIPÉDIA,
The Free encyclopedia, 2023).
_________________________________
Fonte:
Disponível em https://rigeo.cprm.gov.br/xmlui/handle/
doc/2385. Acesso em 20 de fevereiro de 2023.
Arcóseos acinzentados, quando frescos, localmente
avermelhados, maciços, com estratificações
planas e com estratificações cruzadas de porte
métrico. A granulometria é variável com
clastos esparsos tamanho seixo, subarrendados, de quartzo
e quartzitos suborndiandamente ocorrem siltitos e argilitos
laminados cinza esverdeados a amarelados ou avermelhados quando
alterados. Toda a unidade é rica em micas detríticas.
Sigla NP3tm. Disponível em: https://geoportal. cprm.gov.br/geosgb/.
Acesso em 21 de fevereiro de 2023.
1.1
PROCESSO EVOLUTIVO HUMANO UM BREVE HISTÓRICO.
Partindo do pressuposto de que há varias teorias evolutivas
para serem discutidas na contemporaneidade, optamos por citar
apenas duas e discorrer sobre uma delas com uma maior ênfase.
Sendo a primeira teoria: o Criacionismo onde todos os seres
vivos foram criados em pôr um ser superior “Deus”,
no qual todos permanecem de forma imutáveis até
o presente. De acordo com (Braick, 2010). Teoria está
defendida por muitos religiosos.
Segundo o livro do Gênesis, em seu capitulo Primeiro
e versículos 24, 25, 26 e 27, está descrito:
”E disse Deus: produza a terra alma vivente conforme
a sua espécie; gado, repteis, e bestas-feras da terra
conforme a sua espécie. E assim foi. E fez Deus as
bestas-feras da terra conforme a sua espécie, e o gado
conforme a sua espécie, e todo o réptil da terra
conforme a sua espécie. E viu Deus que era bom. E
disse Deus: façamos o homem, conforme à nossa
semelhança. E criou Deus o homem à sua imagem;
à imagem de Deus o criou; macho e fêmea.”
(Gn 1).
Contrapondo a teoria do criacionismo apresentamos a segunda
teria: o evolucionismo de Darwin, que vem afirmar que o homem
e os outros seres vivos se originaram de organismos mais simples,
sofrendo assim uma transformação ao longo do
tempo, conforme (Braick, 2010).
Para (Amabis, 2010), todo ser vivo em algum ponto no passado,
compartilha o mesmo ancestral e a sobrevivência desses
indivíduos e o seu sucesso reprodutivo depende de sua
adaptação no meio em que estão inseridos.
Parafraseando Darwin.
Amabis, 2010. Ainda descreve quatro fatos observados na natureza
por Charles Darwin.
Fato 1: as populações naturais de todas as espécies
tendem a crescer apidamente, pois o potencial reprodutivo
dos seres vivos é muito grande. Isso pode ser erificado,
por exemplo, quando se criam determinadas espécies
em cativeiro: garantindo condições ambientais
favoráveis ao desenvolvimento, sempre se observa elevada
capacidade reprodutiva. Fato 2: o tamanho das populações
naturais, a despeito do seu enorme potencial de crescimento,
mantém-se relativamente constante ao longo do tempo,
sendo limitada pelo ambiente (disponibilidade de alimento
e de locais de procriação, presença de
inimigos naturais e parasitas). Fato 3: os indivíduos
de uma polução diferem quanto a diversas características,
inclusive aquelas que influem na sua capacidade de explorar
com sucesso os recursos naturais e de deixar descendentes.
Fato 4: grande parte das características apresentadas
por uma geração são herdadas dos pais.
(Amabis, 2010. p. 148).
A teoria evolucionista de Darwin foi formulada durante os
anos de 1831 a 1836, em viagem no navio Britânico HMS
Beagle, ao qual tinha o propósito de observar e catalogar
novas espécies na América do Sul. (Quammen,
2009). Inclusive com passagem pela Amazônia.
_____________________________
8. Charles Darwin: (...foi um naturalista,
geólogo e biólogo Britânico. Ele estabeleceu
a ideia de que todos os seres vivos descende de um ancestral
comum, argumento agora amplamente aceito e considerado um
conceito fundamental no meio cientifico. Propôs a teoria
de que os ramos evolutivos são resultados da seleção
natural e sexual...) Disponível em https://pt.wikipedia.org/
wiki/Charles_Darwin. Acesso em 22 de fevereiro de 2023
_____________________________
(Grifo
do autor). Nesse período Darwin escreveu A Origem das
Espécies,
cujo título completo era Da Origem das Espécies
por Meio da Seleção Natural, ou a Preservação
das Raças Favorecidas na Luta Pela Vida. (Quammen,
2009). Nesse postulado Darwin descreve as suas observações
e define a sua teoria: a seleção natural, pela
qual os indivíduos mais bem adaptados de cada população
sobrevivem e deixam descendentes, ao contrário dos
menos adaptados.
Figura 2: Representação de uma hipótese
de filogenia (Recorte adaptado).
Foto. Autor. Fonte: (AMABIS, 2010. p. 210).
Atualmente
têm sido feitas comparações detalhadas
entre ácidos nucleicos e proteínas dos mais
diversos seres vivos. No caso de espécie humana, os
resultados das análises comparativas mostram que, de
fato, os chimpanzés são mais semelhantes a nós,
do ponto de vista molecular, que qualquer outro ser vivo atual.
(Amabis, 2010. p. 203).
Para
(Braick, 2010), o evolucionismo tem suas bases em pesquisas
genéticas e nos estudos dos fósseis , sendo
a teoria que a comunidade cientifica tem maior aceitação
na contemporaneidade.
Em A Origem Das Espécies, Darwin cuidou de não
fazer nenhuma menção à maneira como a
sua teoria iria estender tal semelhança de modo a incluir
os seres humanos. Uma década depois, porém,
ele enfrentou a questão em A Descendência do
Homem. Ele ficaria maravilhado ao saber que certo gene, o
FOXP2, é crucial no desenvolvimento normal tanto da
fala das pessoas como do canto das aves. Em 2001, Simon Fisher
e seus colegas da Universidade de Oxford descobriram que uma
mutação nesse gene ocasiona defeitos de linguagem
nas pessoas. Mais tarde, eles demonstraram que, nos camundongos,
o mesmo gene é necessário para o animal cumprir
sequencias de aprendizado de movimentos rápidos. Em
seguida, Constance Scharff, da Universidade Livre de Berlim,
comprovou que esse mesmo gene se torna mais ativo em uma região
do cérebro de um filhote de diamante- mandarim Taeniopygia
guttata na época em que a ave começa a cantar.
Com engenhosidade, a equipe de Constance infectou o cérebro
desses mandarins com um vírus especial, portador de
uma cópia invertida de parte do gene FOXP2, bloqueando
assim a sua expressão natural. Em consequência,
as aves cantavam de modo mais variado que o normal e não
conseguiam imitar o pior dos adultos. (Ridley, 2009).
___________________________________
9. Fóssil. Resto ou vestígio
de seres orgânicos (vegetais ou animais) que deixaram
suas pegadas na rocha da crosta terrestre. Constituem a ampulheta
geológica. A idade das camadas não é
uma idade absoluta em anos, o que seria impossível,
mas uma idade relativa, ou seja, o lugar ocupado pela camada
em relação às outras. Nas camadas mais
recentes, as espécies de fósseis são
idênticas às espécies atuais, enquanto
nas camadas mais antigas são bem diferentes, a tal
ponto que podemos dizer que são tão mais diferentes
quanto mais antigo for o fóssil. Graças aos
fósseis podemos identificar, por exemplo, a idade de
um terreno na América do Norte, na Europa, na Ásia,
na Austrália etc., e dizer qual a sua posição
na coluna geológica. (Guerra, 2011).
_________________________
Segundo
Enard, no artigo Evolução Molecular do FOXP2,
ele demonstra que tal gene contem alterações
e codificações de aminoácidos padrões
com polimorfismo nos nucleotídeos, ele também
sugere que este gene foi alvo da seleção durante
o processo evolutivo humano.
1.2 MARCAS E EXPRESSÕES
A arte rupestre é assinalada no Brasil desde o século
XVIII, sendo os sítios de Minas Gerais mencionados
por Saint Hilaire e Piter Lund nos primeiros anos do século
seguinte. Segundo (Proust, 1980).
As pinturas rupestres são encontradas em superfícies
rochosas ao ar livre e nas paredes das cavernas. Estes desenhos
representam animais e cenas de caçada. Sendo provável
que estas pinturas tenham sido utilizadas com um tipo de linguagem
que favorecia a comunicação entre os diferentes
tipos de grupos de humanos. Conforme Braick, 2010.
O homem primitivo do Norte de Minas, a exemplo de outros,
procurou deixar suas ideias desenhadas nas paredes de determinados
abrigos e grutas. São o que nós chamamos de
pinturas rupestres, inscrições rupestres –
designações mais populares – pictogravuras,
pictogramas ou simplesmente sinalizações rupestres,
que englobam tanto as inscrições como as pinturas.
(Campos, 1983, p. 71).
As
Marcas e Expressões do Homem Pré-Histórico
Norte Mineiro está presente em diversos municípios
mineiros, como: Varzelândia-MG, Montalvânia-MG,
Januária-MG, Montes Claros-MG, Coração
de Jesus-MG, Brasília de Minas-MG, Janaúba-MG,
entre outros não citados. Verdelândia-MG é
um caso atípico, pois não foi encontrado descrições
na literatura pesquisada relatando figuras rupestres neste
município, é encontrado somente uma descrição
de duas cavernas a margem da MG – 401, descrita por
(Campos, 1983). “Essa arte primitiva se manifestou através
de padrões gráficos parcialmente decifrados,
para expressar ideias e valores de sociedades hoje extintas”
(CETEC, 1982). “O que faz com que haja estilos diferentes
na expressão gráfica é que as regras
gerais são praticadas de modos diferentes e ligadas
a um contexto especifico pelo grupo cultural que as realiza”,
conforme (LINK, 2008).
No sitio arqueológico pesquisado foram encontradas
figuras nas formas geométricas, traços, traços
duplos, traços triplos, pontos escalonados, figuras
representativas humanoides, figuras representativas de plantas
entre outras. Grifo do autor.
Segue abaixo fotos destas figuras.

“No
sentido estético de ordem superior, pode dizer-se que
a arte rupestre é a aplicação das qualidades
ou faculdades superiores do homem e da ciência, para
a realização daquilo que se concebeu, imaginou
ou projetou”. (DOS SANTOS JUNIOR. 2020). Nesse sentido
observa-se que existia a necessidade de se expressar ou marcar
o ambiente de forma expressiva com um indicativo de posse
ou demarcação.
_____________________
10. Fotos feitas pelo autor. Latitude,15°32’46.19”S,
longitude, 43°35’20.39”O.
____________________________
Os motivos geométricos – os mais
confusos de todos – são, de uma maneira geral,
os seguintes: linhas retas, horizontais, verticais, paralelas,
interrompidas (ou quebradas), simples ou duplas. Tais linhas
muitas vezes são cortadas em diversos pontos por traços
menores, dando uma ideia de escadas. Há também
círculos, simples ou concêntricos; espirais;
retângulos; e triângulos. (CAMPOS, 1983. p. 73).
O homem primitivo em seu processo evolutivo demonstra uma
habilidade extraordinária com o manuseio da química,
pois para pintar a rocha e demarcar seu espaço era
necessário um conhecimento de misturas, neste caso
especifico percebemos que essa sociedade dominava essa técnica.
Como descreve Cotrim , em sua obra “A Arte Rupestre
na Pré-história do Médio São Francisco”.
A
cor utilizada pelos homens pré-históricos nas
épocas mais antigas (entre 29.000 e 9.000 anos atrás)
era unicamente o vermelho ocre, que era obtido da hematita
(oxido de ferro). As diferentes tonalidades, como o vermelho
claro, médio e o escuro da cor vermelha são,
tão somente, o resultado da concentração
de corante. Essas tonalidades diferentes eram obtidas graças
ao aquecimento do oxido de ferro. COTRIM, 2018. p.73).
Para Cotrim, houve uma evolução a partir de
9.000 anos atrás, onde o homem pré-histórico,
começou a utilizar novas cores, fazendo novas misturas
e obtendo as cores amarela, branca, cinza e a cor preta. Tendo
como base o uso de minerais existentes no solo Norte Mineiro
em grande abundancia. Tais como: a goetita, a gipsita, a hematita
dentre outros.
A área prospectada na referente pesquisa é de
aproximadamente 500 metros de cumprimento, há uma altitude
de 650m (Google Earth Pro), tendo em vista que, não
foi possível ainda registrar todas as figuras, visto
que a área que foi habitada é muito grande,
____________________________
11. Cotrim. Dário Teixeira Cotrim é
um advogado, memorialista e pesquisador brasileiro, membro
de diversas Academias de Letras e do Instituto Histórico
e Geográfico de Montes Claros, do qual foi presidente.
Fonte: Wikipédia.
____________________________________
sendo
necessário dar sequência nos trabalhos para obter
novos registros. Estas marcas e expressões como registro
pré-histórico deixado por nossos antepassados
vem comprovar que houve habitação
neste local, sendo esta área perfeita para moradia,
pois na altitude supracitada, existe pequenas cavidades, que
conferem proteção e abrigo, logo abaixo está
o Rio Verde Grande, com grade potencial e oferta de água
e peixe, ao Sul do outro lado da Serra Localiza-se a Lagoa
do Sapé riquíssima com sua fauna e flora abundante.
3. CONCLUSÃO
Portanto, no presente trabalho foi verificado que nas cavidades
rochosas há presença de fragmentos rochosos
e placas rochosas que não foram deslocadas do teto
das cavernas, visto que não há indícios
de desmoronamento, pois os tetos analisados têm formação
uniforme. Tais fragmentos e placas tem formas geométricas
variadas e tamanhos diferentes. Cavidades estas que medem
entre três metros a dez metros de extensão. Local
perfeito para a habitação e proteção
do grupo, certamente estas placas eram utilizadas para fechar
as entradas das cavernas no período noturno, protegendo
os grupos de predadores e de possíveis inimigos.
Conclui-se, que as figuras pesquisadas in locus fazem parte
de uma nova descoberta, pois são únicas, sendo
que não há superposição nas figuras.
Entende-se ser de um povo que exerceu domínio na região
por muito tempo. Na bibliografia pesquisada não foi
encontrado figuras semelhantes.
Em se tratando de processo evolutivo, foi verificado que as
pinturas nos paredões rochosos foram feitas por indivíduos
na posição ereta. Ao analisar a ação
do intemperismo no local percebe-se claramente isso, está
exposto a fragmentação das rochas e o deslocamento
das mesmas. Foi encontrado a base inicial onde inicia-se as
pinturas bem próximo das cavidades. Fizemos medições
para com provar a possível posição do
artista na construção da Arte Rupestre; a primeira
medição a figura encontra-se a 3,20 metros de
altura em relação a base da rocha, nós
direcionamos a noroeste e deslocamos 100 metros, encontramos
mais figuras, realizamos a medição, estas estão
a uma altura de 3,10 metros. Identificamos que há um
alinhamento das figuras com relação a base da
rocha. Com essas medições concluímos
que seria impossível para uma pessoa “em tempos
modernos” ou hominídeo “no passado remoto”
fazer tais pintura a essa altura, sem estar apoiado ou em
cima de uma base solida.
Constata-se que o “Homem Verdelândense”
(Grifo do autor), tinha uma capacidade cognitiva diferenciada,
tais como: o conhecimento em química, produzindo misturas
de elementos para a formação de tintas, capacidade
em se expressar com formas geométricas, traços,
e outros elementos presentes nas rochas. Capacidade para identificar
o local perfeito para a habitação do grupo,
com condições plenas para a sobrevivência;
presença de água em abundância, alimento,
madeira para produzir artefatos, rochas com as características
para fazer o lascamento e produzir ferramentas, que seriam
utilizadas na caça, pesca e proteção
do grupo.
As marcas e expressões deixadas na rocha é uma
forma de se expressar culturalmente, marcação
do tempo, períodos de luas ou rituais realizados pelo
grupo. Servindo com identificação ou demarcação
de posse do local.
Estre trabalho não esgota o tema e sim abre um leque
para novas pesquisas na área da arqueologia no Município
de Varzelândia-MG.

RESENHA
DE “O POVO BRASILEIRO:
A FORMAÇÃO E O SENTIDO DO BRASIL”,
DE DARCY RIBEIRO
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação
e o sentido do Brasil. 2. ed. São Paulo: Companhia
das Letras, 1995.
A
obra O povo brasileiro: a formação e o sentido
do Brasil, de Darcy Ribeiro, publicada em 1995, aborda a história
da formação étnica e cultural do povo
brasileiro, com especial enfoque nos povos indígenas.
O livro está estruturado em cinco partes, nomeadamente
“O novo mundo”, “Gestação
étnica”, “Processo sociocultural”,
“Os Brasis na História” e “O destino
nacional”, sendo composto por 17 capítulos e
totalizando 480 páginas.
No prefácio da primeira edição, lançada
em 1995, o autor montes-clarense descreve a redação
do livro como seu maior desafio, tendo dedicado 30 anos à
sua elaboração. Ribeiro argumenta que a obra
unifica uma teoria baseada em dados empíricos sobre
as classes sociais no Brasil e na América Latina, além
de oferecer uma tipologia das diferentes formas de exercício
do poder e de militância política.”
O
novo mundo
Os índios Tupi se estabeleceram ao longo da costa Atlântica
e Amazônica, formando o que conhecemos como a ilha Brasil.
Inicialmente, não eram considerados uma nação,
mas sim um conjunto de grupos com o mesmo dialeto. A chegada
dos europeus introduziu uma nova dinâmica, caracterizando-os
como brutos e doentes, que escravizaram os índios,
tomaram suas terras e comercializaram as relações
de produção, unificando língua e costumes
e dando origem ao povo brasileiro.
Antes da chegada dos europeus, aproximadamente 1 milhão
de índios viviam na costa, divididos em várias
tribos que praticavam a agricultura, domesticavam plantas
como a mandioca, milho, feijão e tabaco. Eles enfrentavam
períodos de escassez e abundância e se estabeleciam
em locais com abundante caça e pesca para garantir
sua sobrevivência.
Os Tamoios, aliados dos franceses na baía, lutaram
contra os portugueses, mas foram derrotados pelas tropas indígenas
jesuítas após várias batalhas. As tribos
frequentemente guerreavam entre si, disputando os melhores
locais para viver, e, em algumas ocasiões, recorriam
à antropofagia com os inimigos derrotados.
A chegada dos europeus trouxe mudanças significativas,
incluindo a urbanização crescente e a influência
da Igreja Católica e do Conselho Ultramarino nas decisões.
A expansão europeia, impulsionada por novas tecnologias,
como velas de barco, bússolas e canhões, levou
ao surgimento do mundo eurocêntrico e das correntes
religiosas católica e protestante.
A bula “Inter Caetera” estabeleceu que os indígenas
não eram escravos e conferiu direitos aos latifundiários.
A chegada dos europeus foi vista com espanto pelos índios,
que não sabiam se eram benéficos ou maléficos.
As doenças introduzidas pelos europeus causaram estragos
nas populações indígenas, levando à
extinção de muitas tribos. No entanto, os índios
resistiram à imposição dos eu ropeus,
optando por lutar ao lado deles em vez de retornar às
suas rotinas tribais. Os índios acreditavam que tudo
na natureza era dado por Deus e viam os europeus como pecadores
e exploradores.
Enquanto os europeus eram forçados a trabalhar, visando
o lucro, os índios produziam artefatos por prazer e
para demonstrar sua habilidade. A chegada dos europeus trouxe
doenças como a varíola, que dizimou a população
indígena.
Os índios passaram de uma visão inicial de inocência
e simplicidade para o canibalismo, devido às influências
e conflitos com os europeus. A colonização do
Brasil levou ao desenvolvimento de uma sociedade mestiça,
inicialmente dominada pelos portugueses e baseada na exploração
de recursos naturais e escravidão.
O processo civilizatório, aliado à revolução
tecnológica, possibilitou a expansão das navegações
e a formação de impérios mercantis. A
colonização resultou em novas formações
socioeconômicas e configurações culturais,
com a população indígena contribuindo
para o conhecimento europeu e o desenvolvimento de grandes
empresas por meio das navegações.
No Brasil, a colonização portuguesa teve um
impacto profundo, resultando em uma sociedade mestiça
e urbana. O país se desenvolveu
como uma nação conhecida pela miscigenação,
em contraste com as sociedades tribais que, em sua maioria,
não sobreviveram à colonização.
Gestão étnica
O cunhadismo foi uma instituição social crucial
na formação do povo brasileiro, permitindo a
incorporação de estrangeiros às comunidades
indígenas. Os índios tinham um sistema de parentesco
classificatório que englobava todos os membros de sua
tribo. Os europeus que chegaram à costa podiam entrar
em casamentos de cunhadismo e, assim, serem integrados às
colônias indígenas. Esse sistema
também servia para fazer prisioneiros de guerra, que
poderiam ser resgatados em troca de mercadorias em vez de
serem mortos.
O cunhadismo desempenhou um papel fundamental na formação
da numerosa população mestiça que ocupou
o Brasil, resultando na criação de comunidades
mestiças. Os europeus adotaram costumes indígenas,
como a perfuração de orelhas e boca, a participação
em rituais e a aprendizagem da língua e cultura indígenas.
Isso levou à formação de uma sociedade
mista que trabalhava na agricultura e trocava mercadorias.
A coroa portuguesa, em busca de seus interesses, implementou
o sistema de donatarias, impulsionando a economia colonial.
Os donatários enfrentaram desafios, incluindo conflitos
com os indígenas.
O primeiro governador chegou ao Brasil em 1549, trazendo civis,
militares, jesuítas e outros. No entanto, em 1550,
também chegaram à Bahia pessoas que se autodenominavam
“moços perdidos”, causando tensões
na convivência.
A coexistência igualitária do cunhadismo deu
lugar a uma comunidade mais disciplinada e religiosa, com
os jesuítas tentando conter os excessos eróticos.
Os registros mostram um aumento na escravidão indígena,
que predominou durante o primeiro século de colonização.
Os atos administrativos proibiam o cativeiro, mas os índios
podiam ser escravizados se fossem capturados. Os brasilíndios
ou mamelucos, filhos de pais brancos e mães índias,
desempenharam um papel importante no processo de colonização,
principalmente em São Paulo.
Os mamelucos eram considerados servos e impositores da dominação,
embora fossem heróis civilizadores para alguns. O processo
de formação das comunidades neo-brasileiras
levou à integração de diferentes grupos
em uma única identidade étnica brasileira.
O idioma Tupi foi amplamente falado pelos neo-brasileiros
até o século XVIII. A substituição
pelo português como língua materna foi gradual.
A
formação dos povos americanos e sua relação
com a revolução industrial apresentam desafios
para a explicação. Alguns povos progrediram
rapidamente, enquanto outros se atrasaram na modernização.
O Brasil começou a se identificar como uma nação
com base em suas diferenças em relação
a Portugal e a outros grupos étnicos. Os brasilíndios,
mestiços na carne e no espírito, foram os primeiros
a se reconhecer como brasileiros.
A economia brasileira estava centrada na produção
de açúcar e gado. Os brancos colonizadores aumentaram
principalmente devido à multiplicação
de mestiços e mulatos. Os negros cresceram devido à
introdução contínua de escravos, reposição
de mão de obra e aumento do estoque disponível.
Processo sociocultural
A revolta dos Cabanos teve componentes de conflito de classes
e de raças, assim como a de Palmares, que focou mais
na luta racial. Já a revolta de Canudos envolveu três
ordens de conflito: classes sociais, raça e religião.
Conflitos interétnicos entre tribos indígenas
existiram historicamente, mas muitas vezes não tiveram
consequências significativas. As lutas surgiam quando
brasileiros capturavam índios como escravos, e os índios
preferiam a morte à escravidão.
A Guerra dos Cabanos, de caráter genocida, tinha como
objetivo eliminar as populações caboclas, sendo
um exemplo evidente de confronto interétnico.
Conflitos raciais eram comuns, com as três principais
matrizes da sociedade (indígena, branca e negra) frequentemente
em desacordo devido a preconceitos raciais. Os negros, ao
chegarem ao Brasil, lutavam por igualdade racial, já
que enfrentavam opressões e não se integravam
plenamente ao resto do mundo.
Outro
motivo de conflito era a luta de classes, com brancos privilegiados
donos dos meios de produção e negros trabalhadores
enfrentando desigualdades.
No Brasil, quatro ordens de ação empresarial
surgiram: a empresa escravista, focada na produção
de açúcar e mineração, com mão
de obra africana; a empresa comunitária jesuítica,
baseada no trabalho servil dos índios; e a multiplicidade
de microempresas que produziam alimentos e gado para subsistência.
As cidades começaram a se formar, com Lisboa sendo
a primeira e Bahia, Rio de Janeiro, João Pessoa, São
Luís, Cabo Frio, Belém e Olinda surgindo nos
primeiros séculos. A vida urbana se interiorizou no
terceiro século.
As cidades eram centros de dominação colonial
criados pela Coroa, com uma classe alta composta por funcionários,
militares, sacerdotes e negociantes. Havia também uma
camada intermediária de brancos e mestiços livres.
A economia extrativista levou à criação
de pontos de exportação na Amazônia, com
uma rede de vilas e cidades auxiliares.
O processo de industrialização e urbanização
estava interligado, com a industrialização proporcionando
empregos urbanos. No Brasil, vários fatores, como o
monopólio da terra e a monocultura, levaram ao inchaço
das cidades e à migração da população
rural. A sociedade brasileira tem divisões profundas
entre classes ricas e pobres, refletidas na segregação
social e cultural entre elas.
A “braquiação” dos brasileiros,
o processo pelo qual mestiços euro-indígenas
se tornaram mais claros, é uma explicação
para a discrepância no desenvolvimento populacional
entre brancos e negros. As diferenças sociais e a natureza
social são os principais fatores que separam as duas
raças.
A imigração europeia foi um fator importante
na população brasileira, com cerca de 5 milhões
de imigrantes entrando no país no último século.
A
transfiguração étnica é o processo
pelo qual os povos nascem, se transformam e morrem. Envolve
quatro instâncias: biótica, ecológica,
econômica e psicocultural, que podem resultar em mudanças
radicais nas populações.
Os Brasis na História
Segundo a perspectiva de Darcy Ribeiro, a história
cultural do Brasil pode ser dividida em quatro principais
modos de existência:
1. Brasil Crioulo: Inicialmente centrado na economia açucareira,
esse modo de vida abrangia a produção de açúcar,
comércio e agricultura. O açúcar, que
antes era um produto exótico, tornou-se mais comum
à medida que sua produção cresceu e seu
preço caiu. As principais características das
plantações de açúcar incluíam
vastas extensões de terra, cultivo intensivo de cana-de-açúcar,
concentração de mão de obra, alto investimento
financeiro e foco na exportação.
2. Brasil Caboclo: Nesse modo de existência, a tecnologia
indígena foi preservada, com comunidades surgindo
ao redor de centros de autoridade e comércio. Os
colonizadores enfrentaram limitações em suas
perspectivas de riqueza devido ao crescimento das reduções
indígenas.
3.
Brasil Sertanejo: Essa vasta região semiárida
apresentava vegetação escassa e pastagens
secas. A população sertaneja se especializou
na criação de gado, com uma cultura fortemente
marcada por essa atividade, dispersão geográfica
e traços distintos em seu modo de vida.
4.
Brasil Caipira: A população de São
Paulo se adaptou a uma economia de pobreza, sem grandes
plantações de açúcar ou escravidão
negra. Essas circunstâncias a tornaram mais propensa
a tarefas desesperadas e saques do que à produção.
Esse modo de vida refletiu as regressões sociais
do processo deculturativo.
Cada uma dessas áreas culturais tinha características
distintas, o que resultou em uma notável heterogeneidade
cultural no Brasil, tanto entre elas como em relação
a outras regiões do país. Isso destaca
a riqueza e a complexidade das influências culturais
que moldaram a identidade brasileira ao longo da história.
O destino nacional
Ao longo de sua história, o Brasil atravessou diversos
estágios de desenvolvimento que ajudaram a moldar sua
identidade única: No início, o país viveu
a “Era da Feitoria Escravista”, uma fase tropical
onde a economia girava em torno das plantações
de cana-de-açúcar e dependia fortemente do trabalho
escravo, envolvendo índios nativos e negros trazidos
da África.
Em seguida, entramos na fase do “Consulado e Diversidade
Étnica”, na qual a população mestiça,
formada por descendentes de africanos e indígenas,
se viu subjugada como uma classe trabalhadora em sua própria
terra. A economia cresceu rapidamente, muitas vezes além
das necessidades do mercado externo, enquanto a força
de trabalho enfrentava condições precárias
e negligência em relação a seu bem-estar.
Durante esse período, a população mestiça,
conhecida como mulatos e caboclos, uniu-se pela língua
portuguesa e desenvolveu uma visão compartilhada do
mundo, contribuindo para a formação da etnia
brasileira e a integração do país como
uma nação. No entanto, muitos imigrantes estrangeiros
demonstraram desprezo e falta de compreensão em relação
à população pobre do Brasil, frequentemente
atribuindo erroneamente sua pobreza a fatores raciais. Isso
incluiu estereótipos relacionados à preguiça,
que foram indevidamente atribuídos a índios
e negros, bem como às classes dominantes.
O Brasil difere da África, onde ainda ocorre um processo
de europeização e desenvolvimento de liderança
própria. Hoje, o Brasil enfrenta o “desafio tecnológico”,
buscando dominar tecnologias que o tornem uma potência
econômica autossuficiente, reduzindo sua dependência
de terceiros para alcançar o progresso econômico
e social.

MANOEL
MESSIAS OLIVEIRA
Natural
de Porto Novo, (Santa Maria da Vitória), Bahia, delegado
de polícia aposentado, 79 anos, nos deixou com todas
as nossas saudades em julho de 2023, agora no Cemitério
Parque dos Montes, onde foi sepultado com grande acompanhamento,
depois de velado durante um dia inteiro na Loja Maçônica
Deus e Liberdade, em que era maçom atuante e notável
historiador, autor de “Maçonaria Simbólica
-Manual do Orador” e “Loja Maçônica
Pureza 250”. Foi também membro da Loja Maçônica
Pureza, a mais antiga loja maçônica de Montes
Claros.
Manoel Messias Oliveira também autor dos importantes
romance“Janaína”, “Madalena”,
“Na casa do major”, Os peregrinos” e “Arraial
do Porto Novo do Corrente” e do livro “A Crise
Hídrica”, sobre a seca, um dos maiores problemas
do semiárido brasileiro. Foi integrante do grupo de
fundadores da AMALENM, Academia Maçônica de
Letras do Norte de Minas e do Instituto Sócio Cultural
dos Policiais Civis do Norte de Minas, do qual foi o primeiro
Presidente. Membro atuante do Instituto Histórico e
Geográfico de Montes Claros (Cadeira 60).
Estudioso
em tempo integral, tornou-se perfeito em redação
no próprio trabalho em processos da Polícia
Civil, sempre buscando, com rigor, a realidade dos fatos.
Suas lembranças de menino do interior da Bahia, margem
do São Francisco, fizeram-no um conhecedor profundo
do vocabulário regional, e, por essa razão,
pôde contribuir com a TV Globo no uso das palavras da
novela “Velho Chico”, que marcou saudades.
Veio para Montes Claros ainda jovem. Ingressou na Polícia
Militar e foi promovido ao posto de sargento. Depois de alguns
anos, graduado em Direito pela Unimontes, deixou a corporação,
fez concurso para delegado de Polícia Civil e foi aprovado.
Com seu jeito simples de ser, ele atuou com transparência,
cumprindo sua missão de contribuir com a segurança
pública, através da Polícia Judiciária,
atuando por vários anos nas Delegacias de Trânsito,
Acidentes de Trânsito, Crimes Contra a Pessoa e foi
também delegado regional adjunto da PC no Norte de
Minas.
Manoel Messias deixa a esposa Irene Lopes de Oliveira com
quem era casado há mais de 60 anos, os filhos, o médico
Alysson Guilherme Lopes de Oliveira, a bióloga Gisele
Lopes de Oliveira, e a advogada Mayane Lopes de Oliveira,
residente em Brasília-DF, além de quatro netos.
Ele residia há anos no bairro Santa Rita.


O
DIA 6 DE FEVEREIRO DE 1930
O
dia 6 de fevereiro de 1930
está marcado a ferro e fogo na memória de Montes
Claros
Há
datas que marcam a família, cidade, província
ou estado, uma nação, um povo. Seis de fevereiro
de 1930 foi aquele dia que assinalou a cidade de Montes Claros,
no distante sertão mineiro, chamando atenção
do Brasil. A cidade já gozava de prestígio na
política e na economia, principalmente com o início
de operação da rede ferroviária, a Estrada
de Ferro Central do Brasil, em 1926.
Crescera com a chegada de famílias de várias
regiões do país. Renascera a esperança
de futuro luminoso, de progresso municipal e de riqueza para
os que lá se instalaram. Repercutiam ainda os reflexos
do governo Artur Bernardes, em suas escaramuças com
o Palácio do Catete. Com Washington Luís na
presidência da República, acentuaram-se os ânimos
políticos, enquanto se expunha à consideração
do eleitorado a proposta de poder da dupla café-com-leite
alternando-se a chefia nacional: em quatriênio um paulista,
um mineiro a seguir.
Controvertido
e prepotente, Washington Luís apresenta Júlio
Prestes, de São Paulo, para sucedê-lo, com eleição
marcada para 1º de março de 1930. É quando
se apresenta à cena o presidente mineiro Antônio
Carlos, com credenciais históricas, opondo-se tenazmente
ao Catete.
Formou-se, então, a Aliança Liberal com apoio
do Rio Grande do Sul e Paraíba, que lançaram
os nomes de Getúlio Vargas e João Pessoa, representantes
do Sul e do Nordeste, para a presidência e vice.
Milene Antonieta Coutinho Maurício, com um livro premiado,
sintetiza: “Estava assim definida a competição
eleitoral que, muito logo, assumiu marcas de facciosismo do
Governo Central, o que, muito logicamente, acendeu o estopim
de conflitos que passaram a ocorrer nos diversos pontos do
País”.
No Norte de Minas, consubstanciando um projeto antigo, agendou-se
para 7,8 e 9 de fevereiro um Congresso de Algodão e
Cereais, acentuando-se seu viés político e reunindo
várias cidades da região, sob Presidência
de Honra de Fernando de Mello Vianna, vice-presidente
da República e ex-presidente de Minas, de Manoel Thomaz
de Carvalho Brito e do Conde Alfredo Dolabela Portela, chefe
da Concentração Conservadora.
Nas principais estações pelas quais passava
a composição férrea, havia manifestações
em favor dos candidatos à presidência da República,
Júlio Prestes e Mello Vianna, ao Palácio da
Liberdade. Muitos discursos e foguetes até que se chegou
a Montes Claros, sede do congresso, que deveria ser do Algodão
e dos Cereais. Pelo menos, era o que se propagava.
Prevendo possíveis choques com adversários,
os próceres e autoridades de Montes Claros soltaram
boletins pedindo à população que evitasse
comparecer aos eventos programados e se envolver em discussões
de qualquer natureza e escaramuças. Mas os ânimos
se exaltavam.
A
escritora Milene Antonieta revela que foi enorme o comparecimento
à chegada do candidato à estação
da Central. Era a primeira vez que visitava o sertão
mineiro um vice-Presidente da República, em campanha
para o governo de Minas. Terminada a recepção
tão festiva na gare, formou-se uma passeata que percorreria
as ruas, com um itinerário definido. Uma banda de música
tocava o dobrado 220, secundada pelo foguetório, por
gritos e vivas a Prestes e Mello Vianna. Um grupo de rapazes,
à frente, atirava bombas, e gritava vivas com estribilho
em favor dos candidatos da Concentração Conservadora.
Sem se saber por que, o percurso da passeata foi mudado, convergindo
à direita, para percorrer a Praça Gonçalves
Chaves, onde residia o chefe aliancista, João Alves.
Era em torno de 23 horas, um pouco mais quando desfilavam
em frente à residência sobremodo conhecida. João
Alves e Mello Vianna eram velhos conhecidos. O médico
desejava demonstrar publicamente não ter receio. Foi
quando alguém do cortejo gritou: “Morra a Aliança
Liberal”. O médico e político levantou
um lenço vermelho e gritou tranquilo: “Viva a
Aliança Liberal”.
Incontinenti, uma bomba explodiu a seus pés. Ele, hipertenso,
sofreu uma hemorragia, com crise de tosse e sufocamento, parecendo
ferido a bala. Simultaneamente, um rapazinho que ele criava,
a seu lado, levou um tiro na cabeça e caiu ao solo.
Nunca se soube de onde e de quem partiu o primeiro tiro. Parecia
que todos ali se achavam armados e prontos para uma batalha.
Eram, muitas dezenas na multidão, alguns se jogaram
ao chão, outros corriam afoitamente para fugir ao tiroteio.
Havia a notícia de que um grupo de jagunços
de Granjas Reunidas, onde havia um grande empreendimento industrial
dos Dolabella, se tinham infiltrado. O pânico na transposição
de um dia para outro se estabeleceu, de 6 para 7.
Foram apenas minutos, mas o tumulto deixou estigmas. Corpos
tombados foram transportados à residência antes
festiva de João Alves
e Tiburtina, que prestaram os primeiros socorros, enquanto
o marido ainda sofria efeitos da crise cardíaca. Ela
acomodava na dependência da casa os feridos e os mais
nervosos. Aos ensanguentados dava assistência emergencial.
Enfim, o violento choque deixara seis mortos e muitos feridos.
Lá fora, os remanescentes escaparam às carreiras
à estação ferroviária e o trem
começou a fazer a viagem de volta em marcha-à-ré.
O episódio trágico ganhou dimensões nacionais.
Uma das vítimas fatais fora Rafael Fleury da Rocha,
como o poeta João Soares da Silva, aquele secretário
particular do vice-presidente, ferido com um tiro na cabeça
e com estilhaços do projétil disseminados em
derredor, inclusive Mello Viana.
Washington Luís, no dia seguinte, se manifestou: “São
Paulo como todo o Brasil Republicano e civilizado, profliga
indignado o bárbaro atentado que à semelhança
de uma Emboscada de Bugres, ensanguentou a nobre terra de
Minas”.
O padre Aderbal Murta, da Academia Montes-clarense de Letras,
escreveu: “De início, no calor das paixões
enfurecidas, na insegurança das dúvidas, na
irresponsabilidade das interpretações irrefletidas,
o episódio de Montes Claros chegou a ser o estopim
da Revolução de 1930, de proporções
nacionais e decisivas para a própria história
do Brasil”.
Neste 2023, registra-se o aniversário de Tiburtina
Andrade Alves, nascida em 10 de agosto de 1873, na pequenina
São João Batista, hoje Itamarandiba. São
decorridos 150 anos de profundas transformações
no Brasil. O nome dela permaneceu vivo e lembrado. De D. Tiburtina,
esposa do líder aliancista de Montes Claros, se falou
tudo o que de mal se poderia: Uma pessoa perversa, que perpetrara
o episódio macabro do Norte de Minas, causador de tantas
mortes e lágrimas às famílias.
Houve,
entretanto, veementes contestações, inclusive
da Imprensa: Assis Chateaubriand, diretor dos Diários
Associados, se expressou, publicamente:
“A presença daquela senhora me deixara surpreso.
Aquela mulher que eu tinha ante os meus olhos, em atitude
de tal energia, me fazia recordar certos personagens de lendas
de que eu ouvira falar quando menino”.


URBINO
VIANNA
O PRIMEIRO PARAMIRINHENSE
A ESCREVER E PUBLICAR UM LIVRO
A
história é definida como o olho da ciência
voltado para o passado, o presente e o futuro. Quando se trata
de passado, o paramrinhense Urbino de Souza Vianna é
uma referência nacional e internacional. Os frutos da
sua lavra continuam vivos e cada vez mais presentes como fontes
de consultas na mesa daqueles que pesquisam os fatos ocorridos
no Alto Sertão da Bahia nos primórdios de sua
história.
Natural das barrancas do Paramirim, onde nasceu por volta
de 1880, Urbino Vianna é neto pelo lado materno do
minerador Manoel José Vianna. Seus pais Manoel do Bonfim
e Souza e Carolina de Magalhães Viana falecidos, respectivamente
em 09 de novembro de 1907 e 31 de janeiro de1889 integram
a descendência das primeiras famílias que povoaram
a antigo território do Morro do Fogo na época
da mineração do ouro naquelas paragens.
Casou-se em primeiras núpcias com Maria Emerenciana
de Brito, filha do Capitão Júlio Bernardo de
Brito e Maria Sthephania de
Brito. Sem ter procriado filhos, perdeu a esposa em 10 de
janeiro de 1904, com pouco tempo de casado. O seu segundo
matrimônio se deu com Amélia Tunis da Silva,
provavelmente filha de Licínio de Magalhães
Tunis com Ana Francisca de Magalhães e Silva, portanto,
neta materna do Cel. Liberato José da silva. Desse
enlace nasceram os filhos: Alfonso Tunis Viana, Paulo Coriolano
Tunis Viana, Maria Yara Tunis Viana, e João Bosco Tunis
Viana, os quais geraram vários netos.
Depois de ter exercido alguns cargos públicos na vila
de Paramirim e participado do movimento político em
prol da transferência da sede do antigo município
de Agua Quente para esta povoação, projeto este
concretizado pela Lei estadual n° 460, de 16 de julho
de 1902, Urbino Vianna muda-se para a cidade de Montes Claros,
onde publica em 1916 uma Monografia sobre este município,
baseada na obra de Antônio Augusto Veloso, projetando-se
assim no mundo literário, como grande conhecedor da
história do Norte de Minas e do Alto Sertão
da Bahia. Após ingressar no Ministério da Agricultura,
no qual exerceu vários cargos, passa a residir no Rio
de Janeiro, na época capital da República. Nesta
cidade era mais conhecido como professor Urbino Vianna dentro
do vasto círculo de amizade que construiu.
Sobre a sua obra principal “Bandeira e Sertanistas Baianos”
sabe-se que foi publicada em 1935 pela Companhia Editora Nacional
– São Paulo, com 207 páginas, representa
o 48° volume da Coleção Brasiliense. Aborda
a contribuição dos baianos no processo de ocupação
do interior brasileiro. O texto destaca como o chamado Ciclo
Baiano foi responsável pela penetração
dos colonizadores pelo Vale do Rio São Francisco graças
à atividade pastoril. Integra roteiros elaborados pelo
conhecido Jesuíta André João Antonil
– o caminho entre Salvador e as minas do Rio das Velhas
– e por Quaresma Delgado, explorador contratado pelas
autoridades coloniais para investigar e mapear o norte de
Minas e o sertão da Bahia na década de 1730.

Com
a publicação dessa obra, considerada de grande
valor histórico, o cidadão Urbino de Souza Vianna,
farmacêutico diplomado pela Faculdade de Medicina e
Farmácia da Bahia, no início do século
XX, pode e deve ser considerado o primeiro paramirinhense
a escrever e publicar um livro, figurando-se assim na galeria
dos vultos de nossa história como legitimo detentor
deste privilégio Sobre a sua morte, ocorrida no Rio
de Janeiro, em 09 fevereiro de 1945, o Jornal Correio da Manhã,
na sua edição de 11 do mesmo mês e ano,
pagina 21, assim noticiou: “Faleceu em sua residência
à rua Moreira Sampaio, 12, no Meyer anteontem o professor
Urbino Vianna, funcionário do Serviço de Estatística
do Ministério da Agricultura, conhecido e recatado
historiador. O extinto que ultimamente fora designado para
servir na Fundação Brasil Central, era um velho
servidor público e estudioso de todos os nossos problemas.
O enterramento do Sr. Urbino que deixa viúva e filhos
maiores, realizou-se na tarde de ontem no Cemitério
Inhaumam”.
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Para complementar as notas informativas
de Luís Carlos Bill, sobre o historiador Urbino Vianna
de Souza, registramos aqui que a cidade de Montes Claros o
homenageou denominando uma rua do centro com o seu nome, que
por coincidência é o endereço da Câmara
Municipal de Montes Claros. Também o Instituto Histórico
e Geográfico de Montes Claros tomou emprestado o seu
nome para patrocinar a cadeira de número 97 e, recentemente
foi inaugurado a “Biblioteca Urbino Vianna de Souza”,
no IHGMC, com livros de autores montes-clarenses e da região
norte-mineira.
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O
VELHO URBINO VIANNA
Autor
desconhecido
Era um dos mais constantes nas conversas da José Olímpio,
o que sempre trazia boatos, o que sabia de coisas do passado,
o que conhecia homens e fatos da nossa história com
detalhes e informações absolutamente exatas.
Fora amigo de Capristano de Abreu, e aí estava a grande
arma que usava nas contendas sobre sertanistas. O erudito
Urbino Vianna nos dera um livro de boa erudição
histórica sobre as penetrações baianas
como bandeirantes. Nunca o ouvi falar de sua obra tida como
de primeira qualidade no que dizia respeito à vida
colonial, ao surto expansionista dos começos da nossa
formação. Mas, o Urbino, bom de conversa, era
o que nos contava fatos da sua província, do seu sertão,
o que nos falava do patriarcalismo, da sua infância,
da política local, do velho Luiz Vianna, de José
Marcelino, de Seabra, dos chefes do seu tempo e das intrigas
e peripécias dos choques partidários. Nesse
sentido conversa de Urbino não cansava. Era uma reportagem,
ao natural, de uma vida quase morta. O homem pobre que tudo
tinha botava nos livros, fazia ginásticas tremendas
para poder comprar o livro que lhe enchia às vistas.
Dizem que até os cobres que trazia para o almoço,
guardava para completar a quantidade necessária a uma
aquisição no livreiro. Vivia Urbino nas livrarias.
A sua viagem pelas ruas da cidade era sempre um correr de
sebos a sebos, de livrarias a livrarias. Tinha crédito
por toda a parte. Quando recebia os minguados vencimentos,
saía a pagar dívidas pelos quatro cantos da
cidade. Era está a sua vida. Quando encontrava uma
roda feita, caía em cima para contar casos. Às
vezes não agradava, mas não perdia cliente por
isso. No outro dia aparecia o mesmo, sem mágoas, todo
alegre, todo ancho de suas novidades. Não eram o forte
de Urbino os boatos sobre a ávida atual. Era ótimo
nos
mexericos de um passado que fosse muito remoto. Contar o processo
do Luiz Viana era uma das suas boas peças.
Soube na morte do bom velho no sábado de carnaval.
Tinha estado conosco, não havia muitos dias. A venda
dos seus livros muito amados andava a sangrar-lhe como uma
ferida aberta. Vendera a razão de ser da sua vida,
para liquidar uma dívida, para pagar os restos da casa
onde morava, lá vivera Urbino Viana fazendo a sua biblioteca,
na paz do subúrbio, com a imagem de Capristano. Como
seu mestre tutelar. Teve um enterro de seis pessoas, na tarde
de sol, com as lágrimas da família. Contaram-me
que, antes de morrer, abriu os olhos e chamou um parente.
O velho Urbino queria saber se os Russos já haviam
entrado em Berlim. Se tivesse mentido para o bom velho, afirmando
a notícia que ele esperava como a grande notícia
da sua vida, morreria com uma grande vitória. Este
homem que não triunfou que foi sempre uma sombra pelos
corredores da fama, tinha, nos últimos tempos de sua
vida, um entusiasmo de todas as horas. Era a confiança
na derrota do fascismo. Urbino, nos dias terríveis
das marchas de Hitler e Mussolini, era sempre um homem que
não desesperava. Sempre o encontrei com uma notícia
de rádio que só ele escutava, com vitórias
de que só ele tinha notícia. Morreu antes do
grande dia. É pena que não tivesse ficado para
a festa da liberdade. Dizia ele, a Castilho, o seu amigo Castilho,
que tinha uma garrafa de champagne para o dia da grande vitória.
Castilho não acreditava na garrafa de champagne. Era
mais uma conversa como as notícias do rádio
do velho.
Agora já não o temos para as conversas e os
boatos. Os russos estão à porta de Berlim. Urbino
podia ter feito mais força e mostraria a Castilho que
tinha o seu bom vinho guardado para maior regozijo de todos
nós.

AVELINO
PEREIRA
É
merecida a informação do escritor montes-clarense
Doutor Hermes de Paula, da característica clássica
da genealogia intitulada Avelino Pereira.
Assim a bisneta de Jose Avelino Pereira, Vera Lucia Santos
de Souza, inicia-se a reconstruir racionalmente sua história,
esforça demonstrar o fato histórico para sustentar
a memória, que seria impossível e sem denominação.
Evidência histórica descrita genealogicamente
pelo autor, constituídas em nossas mais queridas afeições.
Um recurso para dar conhecimento da pureza da genealogia materna.
Valendo-se como entende o especialista e escritor Doutor Hermes
de Augusto de Paula, em sua obra clássica (1979, p.11
e 12), dando informações consolidadas –
membros dos Avelino Pereira enumeraram onze (11) descendentes.
Nesta parte, vale ainda destacar mais duas filhas que assim
esclarece com os mesmos procedimentos informados.
Predizer
para a posteridade o devir histórico das tradições
genealógicas sobre o destino de cada descendente, encontra-se
em sua obra intitulado: Montes Claros - sua história,
sua gente, seus costumes, volume dois (2) de 1979, no acervo
do Instituto Histórico e Geográfico de Montes
Claros (IHGMC). Foi dado informações sobre algumas
das principais famílias que construíram, através
do tempo, a nossa comunidade montes-clarense. Num grupo seleto
José Avelino Pereira é a família ligada
à crônica da cidade. Como se segue:
Avelino José Pereira nasceu em São José
do Gorutuba, comarca de Grão Mogol, em 08.01.1880,
sendo seus pais Cel. Eduardo José Pereira e Maria Francisca
Pereira. Casou-se com Joaquina Pereira da Silva (quininha),
filha do Capitão José Miguel da Silva e Joaquina
da Silva.
Dentre os filhos: destaca-se a mãe de Dona Jandira
Rosa dos Santos (Cf. certidão de casamento, nº
264, fls.99, livro nº. 17- comarca de Montes Azul-MG).
Dona Jovelina Rosa da Silva casada com Senhor José
Avelino de Souza, e tiveram sete (7) filhos.
Dona Jandira Rosa dos Santos casado com Senhor Joaquim Pereira
dos Santos tiveram doze (12) filhos sendo que dois (2) morreram
em tenra idade. Em ordem de nascimento a primeira foi Vera
Lucia Santos de Souza, hoje casado com o autor da obra Landulfo
Santana Prado Filho. Com uma filha e uma neta.

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