Page 137 - VIVENDO E APRENDENDO
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WANDERLINO ARRUDA
Foi por aí, madrugadas em transformação de aurora, manhãs
de gostoso friozinho para pouco agasalho, que o professor e nós
fizemos as primeiras propostas para a fundação da Faculdade de
Direito. Entre uma análise e outra, entre um verbo e um substantivo,
uma nova observação sobre o futuro da segunda faculdade de Mon-
tes Claros. Quem estaria disposto a colaborar? Com quais advoga-
dos poderíamos contar para a formação do corpo docente? Quem
poderia ser o primeiro diretor? Onde funcionar? Onde buscar apoio
financeiro? Eram perguntas e mais perguntas, tão constantes e tão
assíduas como os próprios formuladores. Não durou muito tempo
a temporada de sonhos e cogitações e, em menos de um mês, já
estávamos na rua, buscando apoio, tendo-o encontrado no deputado
Euler Lafetá, tio do Mauro e homem próximo ao Governo, e no Inspe-
tor Federal José Monteiro Fonseca, que ficou mais entusiasmado do
que nós próprios. A luta tomava corpo, criava-se o espírito de séria
decisão. O Mauro cada vez mais encantado e, antecipadamente, vi-
torioso.
Iniciamos as primeiras consultas aos principais advogados,
através de uma comissão – Mauro, Afrânio e eu – num desdobra-
mento de trabalho feito antes por Francolino Santos e Corby. Ninguém
pode imaginar nem prever as reações humanas e profissionais dian-
te de um desafio. Poderíamos calcular onde estaria o desinteresse
pessoal, o desprendimento, o entusiasmo ou, ao contrário, o medo
de futuro concorrência? E quem em perfeito juízo poderia acreditar
naqueles sonhadores, querendo fazer as coisas de baixo para cima,
invertendo toda a lógica aceitável?
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