Page 63 - VIVENDO E APRENDENDO
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WANDERLINO ARRUDA

                     Nunca ouvi minha mãe cantando, que cantar nunca foi voca-
               ção da família. Jamais a vi solfejando ou assoviando. Jamais a vi em
               riso alto ou solto, pois de satisfação contida, educada, nos bons cos-

               tumes. Sua alegria, sem tocar nas pessoas, era marcada só por um
               leve sorriso, um brilho intenso nos olhos e no jeito de olhar. Nunca a
               ouvi dizer que alguém não prestava, que era ruim, pois sabia encon-
               trar qualidades em todas as criaturas. Assim, não me consta ter tido
               qualquer inimigo, alguém contrário aos seus interesses. Desejo de
               ser rica? Não e não, queria apenas ter o necessário para viver com
               certa fartura e segurança, o apropriado para criar bem a sua dúzia de

               filhos, muito embora só nove sobreviventes. Enfim, Dona Anália, uma
               grande, legítima e importante mulher mineira e brasileira!
                     Minha querida, Dona Anália Morais, quero dizer-lhe o que ho-
               nestamente todos os filhos e filhas deveriam pensar e dizer de suas

               mães, mulheres criadas por Deus para dar sentido à vida e à luz do
               Amor, a verdadeira poesia da Criação. Os parágrafos seguintes, es-
               crevi-os em forma poesia, agora transformados em prosa. Acho que
               são perfeitamente válidos para um amor de mãe. Ei-los:

                     Amarás e servirás incessantemente, todos os dias da tua vida,
               eis o teu poder, a tua convicção, o teu trabalho santificado. Os teus
               gestos serão sempre movimentos de encanto, busca de paz, home-
               nagens sinceras a Deus por ter permitido a vida a ti mesma e a teu
               filho, a tua filha, a todos os teus filhos, pedaços ou amplitudes do
               teu corpo e da tua alma... Amarás, mãe, os minutos e os segundos

               e tempo jamais te faltará em busca dos mais santos carinhos com
               que envolverás o fruto do teu amor. E maternidade, mãe, não precisa
               que seja do teu próprio ventre, célula da tua célula, porque ser mãe é


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