Page 72 - VIVENDO E APRENDENDO
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VIVENDO E APRENDENDO
dade. Foto única, primeira e última tirada na terra natal. Pouco tempo
depois, mudamos para Salinas. Por falar em banho, acho importante
dizer que ainda não estava na época dos chuveiros. A lavação de pé
e cabeça era em uma bacia grande, com água esquentada na trempe,
sabão do reino, toalha feita com pano fornido, aproveitando saco de
farinha de trigo. Quando criávamos algum caso, chorando, D. Anália
dava a corrigenda com um chinelo de pano, que punia sem fazer
barulho.
Um caleidoscópio de visões da infância projeta as brincadeiras
de roda, as galinhas no terreiro, as arapucas, os quebras, as plantas
para remédio, o pilão de madeira, a umburana queimada em cacha-
ça, os purgantes de óleo de rícino, o café torrado, as vagens de feijão
no chão para secar, os pés de milho. Quinze dias antes do nascimen-
to dos bebês, as galinhas ficavam isoladas em um poleiro especial,
porque precisavam estar limpas para o pirão de mulher parida. Fase
melhor não havia, desde cedo à espera da gostosura:
- Fiquem perto de sua mãe, que ela deixa vocês comerem do
pirão. O mais velho pode até pegar o ganhador ou a coxa, que é a
parte que tem mais carne. Ou o pescoço e a costela que pegam mais
tempero!
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