Page 77 - VIVENDO E APRENDENDO
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WANDERLINO ARRUDA

               cedo de São João do Paraíso para estudar em Belo Horizonte, do final
               de curso primário até os preparatórios e o primeiro ano da Faculdade
               de Medicina. Como São Salvador tinha uma universidade quase mais
               famosa que as do Rio e de São Paulo, achou melhor mudar-se para
               lá, de onde voltou com o canudo de médico e nota dez no doutorado.
               Sempre foi um profissional respeitadíssimo da formatura até os cen-
               to e quatro anos de vida.

                     As  lojas  principais  de  São  João  eram  as  de  Antônio  Pena,
               Manoel Messias, Jose Dutra e do meu pai José Arruda. Nelas de
               tudo era vendido: tricolines, sedas, chitas, alvejados, brins, linhos,
               chapéus, calçados, capas, guarda-chuvas, galochas, lenços, meias,
               gravatas,  linhas  para  bordados  e  para  costuras,  aviamentos  para
               costureiras e para alfaiates, até urinóis e escarradeiras. Nenhuma
               delas tinha empregados, só gente da família. Na de Manoel Messias,
               o vendedor principal era Alcides, meu colega de escola. Na de papai,
               eu ajudava mostrando aos fregueses os carritéis e os traques. As
               vendas e bitacas eram em número maior e com balcão menos limpo,
               principalmente pela presença do fumo de rolo, dos copos de cachaça
               e das latas de querosene. Do lado de dentro e de fora, os sacos de
               farinha, de arroz com casca e os marmelos e raízes de mandioca. As
               mais importantes eram as de Altino, de João de Bita, pai de Eli e de
               Cristóvão, meus colegas, e de Américo, na casa onde eu nasci. Na
               praça havia ainda o gabinete de Tião Dentista - mais tarde prefeitura
               -  as residências de Honorino Rocha, pai de Ludércio; de Afonso
               Batista, pai de Clemente e de Doutor Osório e D. Benzinha, avô dos
               meus colegas Ildeu, Osmar e Dorinha. Na parte de baixo, lembro-me
               bem da casona de Claudionor Almeida, pai de Regina, hoje querida
               confreira no Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e colega
               em muitas leituras da vida.


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