Page 105 - VIVENDO E APRENDENDO
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MONTES CLAROS
entro do possível, tenho procurado escrever sobre pessoas
e fatos ligados à recente história de Montes Claros, com os
Dacontecimentos e os lugares de alguma forma jungidos à mi-
nha própria experiência. Isso, nos últimos quase trinta e seis anos,
desde a noite em que cheguei de Taiobeiras e fiquei hospedado na
Pensão de Dona Ismênia, ali pertinho de onde fica hoje o posto de
Antônio Barreto, na Praça de Esportes. A primeira aventura foi exa-
tamente no dia da chegada, quando, para marcar o terreno, percorri
cautelosamente alguns pedaços de ruas, indo e voltando atrás para
não correr o perigo de me perder e ficar, depois, envergonhado. Nes-
se vai-e-vem, o mais longe que fui foi até o Restaurante do Valério,
na Simeão Ribeiro, onde paguei vinte e cinco cruzeiros por um jantar,
um preço tão caro para aquela época, que me expulsou por três anos
de qualquer casa de pasto mais grã-fina.
À Rua Quinze não consegui chegar, naturalmente intimidado
pela clareza das luzes, pelo pessoal desinibido, bem vestido, gesti-
culante, demasiadamente alegre, que eu podia reparar de longe. Pas-
sear por lá, no primeiro dia de Montes Claros, seria uma façanha fora
de pretensão para quem chegava com roupas feitas por alfaiate de
província pobre e sapatos com excesso de meias-solas. Não dava,
não dava mesmo! Por isso, deixei para o dia seguinte, no horário de
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