Page 104 - VIVENDO E APRENDENDO
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VIVENDO E APRENDENDO
sonho quase sem limites, no possível e no impossível. Imenso o
meu universo de leituras em livros comprados pelo reembolso postal
e tomados de empréstimos a Maciel, Laury, Aníbal, Ageu, Nenenzi-
nho, Yolanda, Oladiva, Ena e Nay, todos juntos uma grande biblioteca,
inclusive em inglês, que eu traduzia até com certa desenvoltura. De
trabalho, para ganhar algum dinheiro, o balcão dos sábados na loja
de Lúcio Miranda e algumas vezes no armazém de Artur Cunha. O
normal era trabalhar na oficina do meu pai, montando malas de couro
e de sola, com bons desenhos em retas e curvas, boas dobradiças e
bonitas fechaduras. Foi com o dinheiro ganho em vendas, que iniciei
a nova vida de estudante, quase trezentos cruzeiros. Viajei de graça,
na cabine do caminhão de Dudu Cunha, ele motorista, que não me
cobrou nada. Isso foi muito importante – viajar de boleia – para dizer
que só viajei de pau de arara uma única vez, no dia de uma eleição
em Salinas.
Meu pai - com toda a família - permaneceu em Taiobeiras até
1954, quando eu passei a ter condições de convidá-los para morar
em Montes Claros.
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