Page 117 - VIVENDO E APRENDENDO
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WANDERLINO ARRUDA

               como hoje, coloquei máquina e livro em cima da canastra, no meu
               quarto, bem em frente à janela, e passei a gastar nos exercícios todo
               um mundão de papel, batendo e batendo todas as teclas, com todos

               os dedos, até aprender a nova arte.
                     Foi assim que cheguei a Montes Claros, em janeiro de 1951,

               quase datilógrafo, ia com meio caminho andado para trabalhar em
               jornal. Quando o Capitão Enéas e Luiz Pires Filho fundaram O JOR-
               NAL DE MONTES CLAROS, alvoroçado, vi abrirem-se para mim as
               portas da nova profissão, sentindo mesmo que o grande sonho po-
               deria  transformar-se  logo  em  realidade.  Nada,  porém,  aconteceu,
               porque o excesso de trabalho no comércio, as tarefas no Colégio
               Diocesano, a leitura de pelo menos um livro por semana, as cartas
               para a namorada, tudo, tudo não deixava tempo para o futuro jorna-
               lista. A novel de sonho, limitei-me a acompanhar de perto a primeira

               fase  de  desenvolvimento  do  jornal,  principalmente  das  polêmicas
               que não eram poucas.

                     Depois veio a política estudantil no grêmio do Instituto Nor-
               te Mineiro, com eleições perdidas, eleições ganhas, com liderança
               construída quase a ferro e fogo. Foi também nesse tempo que Waldir
               Senna me passou a presidência do Diretório dos Estudantes, numa
               velha sala da rua Dr. Santos, de frente para o Hotel São José. E daí,
               para quem vinha de tão longe na vida, estudar de favor, porque di-
               nheiro não havia, o novo cargo era uma espécie de consagração.
               Deve ter sido por isso que o professor José Márcio de Aguiar, que

               não era tão meu amigo como o era de Haroldo Livio e Waldir, resol-
               veu atender o pedido de Oswaldo Antunes e me mandar para o JMC.
               Antes, me recomendou uma série de cuidados na arte de escrever,


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