Page 57 - VIVENDO E APRENDENDO
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MEU PAI, JOSÉ ARRUDA
aço contas nos minutos e horas da minha vida, revejo esmaeci-
das ou vivas imagens, tento magnificar pequenos acontecimen-
Ftos e, pronto, a figura de José Arruda, meu pai, se põe sonora
e colorida à minha frente. Convivência de várias décadas, disciplina
rígida no início, amenos conselhos em meio e fim de vida, sempre
marcante influência. Mais do que tudo um rigoroso exemplo de ho-
nestidade a qualquer tempo, seja em temporada de quase opulência,
seja nas dobras do passar de tempos em adversidade. Era um via-
jante faminto de estradas, sempre saindo e chegando: a cavalo, em
fordinhos, em caminhonetes e caminhões, em velhas jardineiras ou
em ônibus já quase modernos.
Lembranças mais antigas? Ele com um bule esmaltado azul,
despejando o café num copo grandão, também esmaltado e de asa.
Com o café, comia alegremente biscoito fofão, rosca caseira e o
cuscuz que Silvina tinha de levantar bem cedo para fazer. Nos dias de
frio ou de chuva, saia do quarto já com uma capa colonial pesadona,
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