Page 111 - VIVENDO E APRENDENDO
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MEU PROFESSOR PEDRO SANT’ANA









                    m primeiro lugar, tive a maior certeza de saber quem foi o pro-
                    fessor de História de Pedro Martins de Sant’Ana. Professor ou
              Eprofessora, tem de ter sido uma pessoa notável, metódica, efi-
               ciente, capaz de despertar grande interesse no aluno. Ninguém enca-
               minharia tanto saber a um discípulo se realmente não o tivesse. Não

               se transmite gosto e amor, simpatia ou paixão, quando não se tem
               essas qualidades. Pedro, como fruto, tinha de originar-se de árvore
               de primeira cepa. Era realmente um homem de grande saber históri-
               co, mestre da didática, capaz de ensinar até a estátuas de gelo que
               estivesses sentadas em sala de aula. Aliás, ele não só ensinava, vivia
               como artista cada página da história.

                     Pedro Sant’Ana, nos velhos idos do Colégio Diocesano, fim
               da década de quarenta, início da de cinquenta, era um árbitro da ele-
               gância, no vestir e no falar. Seus ternos eram mais bem talhados do
               que os da grande grã-fina da Rua quinze, de tecidos mais caros do
               que os da gente rica do Clube Montes Claros. Famosas gravatas de
               seda, camisas de colarinhos trubenizados, engomadas com esmero,
               sapatos Scatamákia de cromo alemão com tonalidades que iam do
               marrom claro até o escuro-preto.

                     Era uma época de ouro das alfaiatarias e das lojas de luxo,
               quando cada par de meias era escolhido como se o freguês esti-


                                                                           111
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