Page 87 - VIVENDO E APRENDENDO
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OS REVOLTOSOS PASSAM POR SALINAS
s revoltosos iriam chegar a qualquer hora e, para passar por
Salinas, a fazenda do meu avô João Morais tinha que ser ca-
Ominho obrigatório. Como esperá-los seria loucura ou, no mí-
nimo, ato bem arriscado, todo o pessoal da fazenda tratou depressa
de tirar o time de campo e descobrir o lugar mais isolado e seguro
que fosse possível encontrar. Aliás, isso não seria problema, pois,
quem mais conhece mesmo a sua fazenda é o fazendeiro. Meu avô
deu ordens expressas para que levassem de tudo, o necessário para
uma agradável aventura de pelo menos trinta dias: material de co-
zinha, roupas de dormir e de vestir, vacas de leite, garrotinhos de
carne macia, porcos, cabritos, frangos e galinhas, capões, todas as
abóboras e maxixes e raízes de mandioca mansa que pudessem tirar
sal, tempero, rapadura, açúcar de pedra, e mais todos os eteceteras
– eteceteras. Também o mais importante para os trinta dias de fes-
tas: pandeiros, violões, sanfonas e um ou outro garrafão da melhor
pinga do alambique, não muita, porque minha família nunca foi de
beber lá esse tanto.
Quando penso nessa proeza, não posso fugir à lembrança de
saída dos judeus para a Terra Prometida, com Moisés e Josué di-
rigindo o povo com todos os animais e todos os tarecos de valor.
Para governar o rebanho, foi nomeado o filho mais velho, o mais
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