Page 92 - VIVENDO E APRENDENDO
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VIVENDO E APRENDENDO
depois de dois meses de sofrimentos, tendo até hoje uma marca na
coxa direita.
Foi em Salinas que meu primo Nenzinho me levou para conhe-
cer e tomar sorvete. Foi lá que vi pela primeira vez uma revista, a Vida
Doméstica. Eu só conhecia jornais, que eram assinados não para
leitura, mas para servir de papel de embrulho nas lojas e nas vendas.
Foi em Salinas que vi pela primeira vez a luz elétrica nas casas e nas
ruas. Funcionava só até às 9 da noite, o mesmo horário que meu
marcava para todo mundo já estar dormindo. Quem chegasse por
último, que trancasse a porta. Depois das nove, a luz era de can-
deeiro de querosene, de fifó de óleo de mamona, de lamparina com
azeite doce, uma luzinha só para espantar a escuridão, mais usadas
no quarto de mulher parida, após o nascimento dos bebês. Lampião
com vidro móvel ou Aladim era só para ocasiões de luxo. O aparelho
de rádio era quase redondo e funcionava com bateria ou uma pilha
elétrica grandona.
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