Page 97 - VIVENDO E APRENDENDO
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MATO VERDE
udamos de Salinas em 1945, poucos dias depois da elei-
ção, quando foi escolhido para a presidência da república
Mo general Eurico Gaspar Dutra, que tinha sido ministro da
guerra de Getúlio Vargas. A propaganda eleitoral maior era do Briga-
deiro Eduardo Gomes, um mapa do Brasil com a foto dele no centro.
A comemoração da vitória de Dutra foi com muito barulho, muitos
gritos e muitos tiros: nenhum foguete, nenhuma bomba, todo o pipo-
car era de carabinas, revólveres, garruchas e fuzis, numa passeata
comandado por Arabel de Souza Gomes, um aliado do coronel Levy
Silva, prefeito pessedista em Monte Azul. Era aquele movimentado e
barulhento espetáculo de valentia e poder político. Nem sei se havia
adversários, e quem era que teria coragem de se manifestar? Na
mesma semana da chegada, houve uma noite que minha mãe ficou
mais do que cansada de tanto servir café com quitandas – biscoitos,
bolos, broas, pão sovado, manuê - para meu pai receber as visitas de
todos os importantões, que desejavam saber a que viera e o que ele
iria fazer. Meu entusiasmo maior foi conhecer o velho Januário, ma-
jor da Guarda Nacional e marido de Dona Pimpa, agente do correio.
Ele vestia um uniforme realmente lindo e portava uma espada, para
marcar muito respeito.
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